PARCERIA – Téla Nón / Rádio ONU
FAO diz que vigilância é necessária no noroeste do continente, no Corno de África e no Iémen; agência da ONU destaca necessidade de monitorizar regiões nos próximos seis meses para prevenir destruição causada pelos insetos.
Previsão de praga em África. Foto: FAO/Giampiero Diana
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Chuvas fortes e atípicas a noroeste de África, no Corno de África e no Iémen podem favorecer a reprodução dos gafanhotos do deserto. O alerta está a ser feito pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação, FAO.
Segundo a agência, é necessário monitorizar de perto a situação nessas regiões durante os próximos seis meses, para evitar que os insetos causem destruição.
Ciclones
A invasão de gafanhotos esteve calma no mês de outubro. Mas segundo os especialistas da agência, a situação pode mudar devido aos impactos do fenómeno El Niño em África e dos ciclones tropicais Chapala e Megh, que passaram pelo Iémen.
Eventos extremos do clima, como chuvas torrenciais, contribuem para a invasão de gafanhotos. A FAO explica que a chuva fornece solo húmido para que os insetos depositem os ovos, além de fazer com que a vegetação cresça e possa oferecer fonte de alimentação e de abrigo aos gafanhotos.
Alimentação
Os efeitos da praga podem ser devastadores para plantações e pastos e assim, ameaçar a segurança alimentar em comunidades rurais. Dezenas de milhares de gafanhotos podem voar até 150 km por dia.
As fêmeas podem depositar 300 ovos, enquanto o macho adulto consome o equivalente ao seu próprio peso em comida fresca diariamente ou cerca de 2 gramas por dia. Um pequeno grupo de gafanhotos pode comer, num dia, a mesma quantidade de comida suficiente para 35 mil pessoas.
A FAO está a observar a situação no noroeste de África, onde chuvas fortes caíram no fim de outubro na Mauritânia, no Saara Ocidental, no sul do Marrocos, a oeste da Argélia e a sudoeste da Líbia.
Observação
No Corno de África, estão previstas chuvas associadas ao El Niño na Somália, do inverno até a primavera. Assim, as condições ecológicas podem favorecer a reprodução dos gafanhotos.
Se as chuvas continuarem, provavelmente serão procriadas duas gerações dos insetos nas áreas costeiras do Sudão, norte da Eritreia, sudeste do Egito, Arábia Saudita e Iémen.
A FAO diz que todos os países precisam manter a vigilância adequada e reagir de imediato para reduzir os danos dos gafanhotos em áreas agrícolas.
A agência da ONU tem um serviço de informação que recebe dados de países afetados. Imagens de satélite e informações sobre o clima também ajudam a prever uma possível invasão dos gafanhotos com seis semanas de antecedência.
*Apresentação: Denise Costa.