Em 2008 foram registados apenas 1107 casos de paludismo em São Tomé e Príncipe, quando a equipa técnica de luta contra a doença estimava que o índice de infecção no ano que está prestes a terminar poderia atingir 2195 pessoas. Mais um sucesso no combate contra a doença, que no ano 2009 deverá sofrer mais baixas. A direcção do programa de combate anunciou uma série de acções que vão ser implementadas no próximo ano com vista a erradicação da doença.
Os casos de paludismo são esporádicos em São Tomé e Príncipe, arquipélago que no passado registava milhares de casos de paludismo por ano. Doença que comandava o índice de mortalidade no país. Desde 2004, ano em que foi lançada uma ampla campanha de combate que a mortalidade e a infecção pelo plasmodium falciparum(o micróbio causador do paludismo mais dominante no país) foram regredindo acentuadamente.
Dados divulgados ao Téla Nón por Herodes Rompão Director do Programa de luta contra o paludismo, indicam que neste ano de 2008 foram registados em todo o país 1107 casos de paludismo. Número inferior ao prognóstico da equipa de combate que esperava registar 2195 casos.
Segundo Herodes Rompão, o programa esperava também registar cerca de 780 internamentos em 2008, mas até agora o sistema nacional de saúde apenas registou 771 internamentos por paludismo.
No ano passado apenas 3 pessoas morreram por causa da doença. Para este ano o balanço sobre óbitos não é conclusivo. De acordo ao Director do Programa, o sistema nacional de saúde está ainda a fazer a triagem dos óbitos registados sobretudo no hospital Ayres de Menezes, para se conhecer a contribuição do paludismo nas mortes registadas.
O programa nacional de luta contra o paludismo, faz questão de realçar que os óbitos registados tanto no ano passado como a previsão para este ano, ocorreram exclusivamente na ilha de São Tomé. Na ilha do Príncipe onde arrancou a campanha de combate desde o ano 2005 que não se registam óbitos por causa do paludismo.
Dos mais de mil casos de paludismo diagnosticados em 2008, o destaque vai para os distritos de Água Grande que envolve a capital São Tomé e Lobata na região centro da ilha. Em Água Grande a localidade de Oque-del –rei é o principal foco. Em Lobata as localidades de Conde e Micoló, onde as populações ofereceram resistência contra a pulverização das residências são os principais focos de paludismo.
No segundo distrito mais populoso, Mé-Zochi, a localidade de Praia Melão foi onde se registou mais casos de paludismo.
A doença ainda não acabou mas, está numa fase residual. Em 2004 quando iniciou a campanha de luta generalizada contra o flagelo, o país tinha registado mais de 40 mil casos de paludismo. Uma diferença abismal com 2008 em que o número é de 1107 casos.
Já a avançar para a erradicação da doença, em 2009 o programa de luta propõe acções mais agressivas. «Para o ano temos acções muito mais agressivas e reforçadas. Vamos dar continuidade as acções do fundo global, em que serão reforçadas as acções de comunicação, de reforço da vigilância epidemiológica, reforço das capacidades distritais através da criação de uma equipa de resposta rápida», explicou Herodes Rompão.
O Governo são-tomense assinou com os Estados Unidos de América e o Brasil, um acordo tripartido que também vai ser implementado em 2009. No âmbito das acções de vigilância epidemiológica, será instalado em todo o país sistemas electrónicos de tratamento de dados. Segundo Herodes Rompão todos os centros de saúde estarão ligados via internet o que permitirá o controlo rápido da evolução dos casos em todo o país a partir da base central localizada no centro nacional de endemias.
Outro parceiro fundamental é Taiwan. A ilha formosa que desde 2004 gasta cerca de 2 milhões de dólares no apoio ao programa de luta contra o paludismo em São Tomé e Príncipe, desde a pulverização das residências até outras campanhas para controlo da doença, já comprou um novo sistema de diagnóstico do paludismo.
A direcção do programa de luta disse ao Téla Nón que o novo sistema que é mais eficaz que os testes rápidos ou mesmo os testes microscópicos, custou cerca de 50 mil dólares. Já está a ser instalado ao mesmo tempo que a equipa médica taiwanesa treina os técnicos nacionais para manuseamento do novo equipamento.
Abel Veiga