Sociedade

Irmã do jovem recluso que foi abatido pela PIC, promete luta judicial renhida para que a justiça sancione a PIC e o estado são-tomense

O jovem recluso que se evadiu da cadeia central, há mais de 7 meses, encontrou a morte após uma acção de captura levada a cabo pela polícia de investigação criminal, no dia 9 de Janeiro último, na roça Ribeira Palma. A direcção da PIC disse trata-se de um recluso muito perigoso e que utilizava armas de guerra como o AK-47. Célia Bragança, irmão da vítima que acompanhou a história no estrangeiro através do Téla Nón, desmente as afirmações da polícia de investigação criminal, e regressou ao país para liderar o combate judicial que a família da vítima decidiu por em marcha contra a PIC.

Celia Bragança, irmã de Didilaine Barros, vulgo DIDI, jovem de 29 anos que acabou por sucumbir aos disparos da polícia de investigação criminal (PIC), durante a operação de captura realizada na roça Ribeira Palma, acompanhou a história através do Téla Nón, e veio a São Tomé para desmentir as declarações da PIC, que foram publicadas no jornal digital.

A PIC tinha dito que o jovem recluso que se evadiu da cadeia central era muito perigoso e que estava armado. «Não acredito e tenho provas de que não foi verdade. Os agentes simplesmente abusaram do poder. O meu irmão estava num recinto fechado com muita gente a divertir. Eles chegaram e deram ao meu irmão 7 tiros, depois arrastaram-no para rua e deram mais 3 tiros. O meu irmão não é um porco. Eu não concordo, não aceito e espero que a justiça seja feita», afirmou Célia Bragança.

A versão da PIC segundo a qual o jovem estava armado com AK-47 e granada, também é desmentida. «O director da PIC diz que o meu irmão foi um preso perigoso, que tinha AK e granada. Ele foi abatido. Agora queremos ver as provas de AK e granada. Como é que um preso perigoso nunca abateu nenhum polícia, nem se quer existe um guarda privado que tivesse sido atacado pelo meu irmão», referiu para depois acrescentar que não foi a primeira operação da PIC para deter DIDI.

Numa operação anterior, segundo Célia Bragança, o seu irmão conseguiu fugir da casa onde morava deixando para trás a mulher. Ela acabou por pagar caro, diz a irmã de Didi. «O meu irmão assistiu a mulher a ser espancada por um guarda da cadeia central, ao ponto da moça que estava grávida ter tido um aborto. Não encontraram-no em casa e começaram a atacar a mulher, para dizer onde ela estava. A mulher tem marcas dessa agressão até hoje. E se o meu irmão fosse perigoso, e se estivesse armado como diz a polícia, teria simplesmente abatido o guarda prisional, ou não é?», interrogou.

A irmã da vítima avisa que a família não está de braços cruzados. «Não estamos de braços cruzados. Nós já temos um advogado a tratar disso. Por enquanto não queremos falar sobre as acções em curso», enfatizou.

A PIC e o estado são-tomense deverão segundo a líder da ofensiva judicial, assumir as suas responsabilidades. «O estado sabe o que tem que ser feito, porque o meu irmão deixou filhos, são 4 e o estado tem que se responsabilizar pela educação dessas crianças», explicou Célia Bragança.

A irmã diz que o jovem recluso evadido, foi abatido como se fosse um cão sem dono, por isso mesmo a família exige que o agente que fez o disparo seja afastado da PIC até a conclusão do inquérito em curso. A família que já se reuniu com o procurador-geral da república, deverá encontrar-se esta quinta-feira com o ministro da justiça. «Vim de Portugal para saber se existe  justiça em São Tomé. O povo já não acredita na justiça nacional, mas eu ainda acredito», pontuou.

Segundo Célia Bragança, o seu irmão terá sido abatido por um agente da PIC, que usa o nome da capital iraquiana, BAGDADE, como alcunha.

Abel Veiga

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