Sociedade

Crise energética jamais vista na história do país provoca revolta popular na cidade da Trindade

A última ntrindade.jpgoite foi muito turbulenta na cidade da Trindade, capital do distrito de Mé-Zochi.  Mais de duzentas pessoas furiosas devido a falta de energia eléctrica vandalizaram uma cabine de alta tensão no centro da cidade e fecharam a estrada para a cidade de São Tomé. O corpo de intervenção da polícia nacional foi obrigado a agir, tendo feito disparos para o ar. Os habitantes da segunda maior cidade do país dizem que só têm 30 minutos de energia por dia.

Por tradição quando mé-zochi agita o país estremece. Trindade capital do distrito, capital histórica da resistência são-tomense, entrou em convulsão na última noite por causa da crise energética, que nos últimos dias chegou ao ponto mais crítico da história do país.

Em declarações ao Téla Nón, uma testemunha da revolta popular, assegurou que a cabine de alta tensão onde a empresa de água e electricidade, EMAE, corta energia foi vandalizada pela população em fúria.

A revolta que começou por volta das 21 horas e 30 minutos de domingo, prosseguiu por noite dentro. A estrada que liga Trindade a cidade capital, foi cortada. A população colocou viaturas sucata e outros objectos na estrada, e queimou pneus.

Com a luz da revolta acesa, um elemento da população confirmou que alta tensão dominava a cidade onde decorreu o massacre de 1953. «Revoltamos esta noite. Destruímos a cabine da EMAE. Incendiamos pneus, e mais de 200 pessoas estão na rua a protestar», declarou.

Segundo os populares, há mais de 5 meses que Trindade só tem corrente eléctrica durante 30 minutos ou no máximo 1 hora por dia. «Não sabemos porquê, esta situação. A população da Trindade já reclamou bastante sem qualquer sucesso. Chegamos ao ponto de saturação. Não se pode admitir coisa desta, ainda mais quando o governo permanentemente fala que está a trabalhar para o desenvolvimento do país. Como é que se desenvolve sem electricidade?», interrogou Marildo, um dos populares em fúria.

Quando faltavam 10 minutos para a meia-noite de domingo, houve uma intervenção dos bombeiros para apagar o fogo que ardia na via pública, mas sem sucesso. Logo de seguida o corpo de intervenção da polícia nacional, também entrou em acção, fazendo disparos para o ar, declarou para o Téla Nón, um dos populares.

Trindade é palco da primeira grande revolta popular contra a crise energética, que se agudizou nos últimos tempos. Os são-tomenses que já estavam habituados com a racionalização do fornecimento de energia, no sistema um dia sim e outro não, não se conformam com a deterioração da situação que actualmente obriga quase todo o país a ficar dias consecutivos sem energia.

Mesmo sectores estratégicos como o aeroporto internacional, são alvos de constante corte de electricidade.

Há tempos atrás o Téla Nón testemunhou a dificuldade de aterragem de uma aeronave que transportava um alto dirigente do país, por causa da falta de energia no aeroporto internacional. O avião ficou a dar voltas sobre a ilha a espera que a EMAE, restabelecesse o fornecimento de electricidade. Com a pista escura não havia segurança para o avião aterrar. E se o aparelho tivesse algum problema que obrigava uma aterragem de emergência?

Esta e outras perguntas ficam no ar, em relação a um problema em que nenhum governo que se criou nos últimos anos, nem o alegadamente menos competente, nem o dito mais competente, efectivamente conseguiu resolver.

Abel Veiga

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