A cidade capital de São Tomé e Príncipe, é uma das mais antigas cidades do espaço lusófono em África. Completa exactamente hoje 475 anos. Resultou sobretudo da convergência de povos africanos e europeus. Uma cidade que ganhou vida com o tráfico de escravos, porque funcionava como entreposto comercial entre os continentes africano, americano e europeu. Por isso é rica em história e bela, porque cresceu a beira-mar, ornamentada por edifícios de valor arquitectónico. São Tomé é linda, a sua maneira, pela simplicidade, pelo manto verdejante que cobre a ilha e que parece jardim em torno de edifícios de baixa altura. Aqui não há arranha-céus.
A pequena e linda cidade de São Tomé, já perdeu o brilho de outros tempos. A mudança negativa da mentalidade do são-tomense, teve consequências nefastas para a cidade. A cultura cívica conheceu degradação acentuada, e São Tomé foi duramente castigada nos últimos anos pelos seus filhos. A poetisa Alda do Espírito Santo, nascida em Abril, mês da cidade de São Tomé, já tinha anunciado nos seus versos «Mataram o Rio da Minha Cidade».
Se Água Grande, o rio que irriga São Tomé está morto, então não pode haver vida para a cidade que é alimentada pelo rio. No momento em que se assinala 475 anos sobre o nascimento de São Tomé como cidade, a autarquia local juntou gente de diversas organizações não governamentais, para tentar salvar São Tomé.
O chamado mercado Municipal, por sinal um dos epicentros da imundice que conquistou a cidade, foi o principal alvo da campanha de limpeza. Uma acção para permitir que São Tomé festeje o aniversário de 22 de Abril com rosto lavado.
Talvez consciente de que o perigo continua a espreita, ou melhor que ele é presente, a zona do Mercado Municipal, foi vedada com fitas como se fosse um local de crime. Limitou-se o acesso a zona para evitar que a mente anárquica que tende a dominar o país, manifeste desagrado em relação a higiene que regressou a zona do mercado.
Num estado sem autoridade, ainda mais nas vésperas das eleições, os cidadãos temem que o populismo eleitoralista, permita como sempre, que os vândalos e anarquistas reponham tudo como antes, ou seja, sujo e perfumado com cheiro nauseabundo de guelras de peixe estragado e mais lixo de toda espécie.
Depois da festa de hoje em alusão aos 475 anos do aniversário de São Tomé como cidade, teme-se que pelo menos a zona do Mercado Municipal, volte a ser invadida por lixo, por vendas ambulantes, por motoqueiros, por homens e mulheres embriagados de cacharamba, proferindo palavras obscenas no meio da cidade, assim como outros males que provam a morte do civismo e da ética na sociedade são-tomense, e consequentemente da cidade, do rio e de todo resto.
Abel Veiga