Sociedade

A Gestão de Resíduos Comunitária

O Distrito de Cantagalo prepara-se para arrancar com a gestão comunitária de resíduos. A iniciativa vem no seguimento do trabalho iniciado pelo projecto “Consolidação do apoio às Câmaras Distritais para a implementação de um sistema regular de recolha dos resíduos sólidos” executado pelas ONGs ADAPPA, ALISEI, FCJ e MARAPA com o apoio da cooperação espanhola, que em conjunto com a Câmara Distrital de Cantagalo, tem vindo a melhorar e expandir o actual sistema de recolha de resíduos no distrito.

Com efeito, as comunidades identificadas ainda durante a primeira fase do projecto, tais como Anselmo Andrade, Colónia Açoreana, Santa Cecília e Uba Budo, não permitem a extensão do sistema de recolha da Câmara até essas localidades, dada a sua dispersão e a dificuldade dos acessos viários. Nesses cenários, a solução passa pelo reforço da organização comunitária no sentido de assegurar o transporte dos resíduos até ao local de deposição, nas imediações da comunidade. Em Matocana, a própria comunidade organizou-se para esse efeito e durante esta semana, depois de definido e marcado o local, deu-se início à abertura de um buraco que servirá de vazadouro para a deposição de resíduos durante aproximadamente um ano. O passo seguinte será a definição, em conjunto com a Câmara, dos contentores a colocar. Em paralelo será necessário garantir a responsabilização, por parte da comunidade, do transporte diário dos contentores até ao vazadouro, assim como zelar pela sua correcta utilização e manutenção, como seja a não colocação de materiais que o possam danificar ou programar e proceder a uma lavagem periódica.

Em Lobata iniciou-se uma iniciativa semelhante dado o pedido de contentores por parte da comunidade de Santa Luzia junto da Câmara Distrital de Lobata. Nesse contexto foram abertos dois buracos por parte da população mas o envolvimento da comunidade na definição das responsabilidades no transporte dos resíduos, para que se possam colocar os contentores, ainda não foi conseguido.

A gestão de resíduos comunitária, dado o necessário envolvimento da população, pressupõe o reconhecimento do problema. Nesse contexto em que não existe uma entidade pública para tratar do assunto, como acontece em localidades em que a Câmara assegura a recolha e transporte de resíduos, a comunidade necessita de reforçar o seu espírito de entreajuda e trabalho colectivo pelo bem comum. Face ao interesse público do tema cada pessoa terá de ser parte activa do processo para que essa gestão comunitária possa funcionar.

Com efeito, o problema do lixo apesar de transversal, ainda não é reconhecido como tal, sendo que o velho ditado “longe da vista, longe do coração” parece aplicar-se na perfeição. O resultado actual é a dispersão de resíduos um pouco por todo o território sem que daí advenham grandes contestações sociais – isto desde que os despejos não sejam colocados no quintal do próprio ou do vizinho. No entanto o problema existe e deve ser encarado por todos, principalmente pelas instituições públicas com responsabilidade no assunto, uma vez que a sua sinergia representará um ganho substancial em benefício da sociedade.

Tratando-se de gestão de resíduos, comunitária ou não, apenas será possível fazer progressos com o envolvimento efectivo da sociedade, não só em campanhas de limpeza pontuais, mas também no dia-a-dia.

Artigo escrito no âmbito do projecto “Consolidação do apoio às Câmaras Distritais para a implementação de um sistema regular de recolha dos resíduos sólidos” executado pelas ONG’s ADAPPA, ALISEI, FCJ e MARAPA com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento

2 Comments

2 Comments

  1. Venâncio

    12 de Novembro de 2010 at 15:10

    Acredito que 90% do que a população rural de STP consome pode ser transformado em composto orgânico que é muito fácil de fazer.

    Se a minha suposição for verdadeira poderes reciclar outros 10%.

    Com os compostos poderíamos usar no campo nas roças para ajudar o solo.

    Parabéns pelo trabalho realizado aí por vcs do projeto de “Consolidação do apoio às Câmaras Distritais”.

  2. victorino viana do Rosário

    17 de Novembro de 2010 at 16:34

    A inciativa é boa,mas espero bem que haja envolvimento de todos.

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