Sociedade

O PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS (Parte 2)

O tamanho reduzido do país, a concentração pessoas e comércio num raio de 15 km à volta da cidade capital (mais de 60% dos resíduos são produzidos em Água Grande e Mé-Zochi), por um lado, e por outro a orografia, precário estado das vias de comunicação e existência de povoamentos dispersos colocando desafios exigentes à logística do sistema de gestão de resíduos, condicionam as opções de instalação de unidades tecnológicas de tratamento de resíduos em São Tomé e Príncipe.

Estratégias de Valorização e Tratamento

O tamanho reduzido do país, a concentração pessoas e comércio num raio de 15 km à volta da cidade capital (mais de 60% dos resíduos são produzidos em Água Grande e Mé-Zochi), por um lado, e por outro a orografia, precário estado das vias de comunicação e existência de povoamentos dispersos colocando desafios exigentes à logística do sistema de gestão de resíduos, condicionam as opções de instalação de unidades tecnológicas de tratamento de resíduos em São Tomé e Príncipe.

O Plano Nacional de Gestão de Resíduos assenta na disseminação pelo país de várias unidades de processamento e triagem de resíduos. Estas unidades tecnológicas simples podem ser implantadas em todo o território de São Tomé e Príncipe, sendo “pequenas fábricas” de processamento de resíduos com duas vertentes básicas, a Mecânica e a Biológica. Faz-se o aproveitamento da fracção orgânica, o seu objectivo principal, sucedendo-se em importância a separação de resíduos valorizáveis (vidro, metais, etc.) e triagem dos perigosos.

O Tratamento Mecânico-Biológico (TMB) integrado tem sido implementado em todo o mundo, em versões muito sofisticadas na Europa e em versões adaptadas no resto do mundo. Vários casos de sucesso no Brasil, Tailândia, Bangladesh, etc. nos últimos 10 anos auguram a viabilidade do investimento em São Tomé e Príncipe. O processo parte dos resíduos sólidos misturados (indiferenciados), não separados na fonte, que são sujeitos a uma série de operações físicas e biológicas com dois objectivos.

Primeiro objectivo do TMB é separar os materiais potencialmente recicláveis (vidro, materiais ferrosos, embalagens de plástico) e encaminhar estas fracções para reciclagem. A reciclagem será dinamizada pelas empresas com apoios do estado, pelo menos inicialmente.

Segundo objectivo consiste em produzir uma fracção estabilizada (que não produza odores nem reaja com o ambiente) pronta a ser depositada em aterro ou vazadouro.

As unidades de TMB adaptadas são estruturadas em módulos, sendo flexíveis, não necessitando de maquinaria pesada nem de investimentos muito elevados. No Plano está prevista uma unidade de TMB para o distrito de Água Grande, servindo potencialmente outros distritos vizinhos, com uma capacidade inicial de 40 toneladas por dia.

Os resíduos com possibilidade de valorização orgânica directa, e separados na fonte, serão valorizados em Centrais de Compostagem. Estas transformam os restos de comida, resíduos verdes, serrim; eventualmente cartão e papel, e outros resíduos de origem vegetal num produto final, chamado composto. Este produto será potencialmente comercializado sob a forma de fertilizante agrícola/correctivo orgânico nos jardins e parques municipais/públicos entre outros, por empresas privadas/públicas, criando-se uma nova fileira de negócio e oportunidades de emprego economicamente sustentável. A qualidade do composto obtido depende do tipo de resíduos incorporados e da triagem realizada. Os resíduos provenientes dos Mercados, Grandes Produtores (restaurantes, unidades hoteleiras, cantinas, supermercados, lojas alimentares), Serviços Camarários (jardins, podas) são recursos pertinentes a serem transformados. Estas unidades representam um menor investimento inicial e têm uma gestão simples.

Assim pode-se concluir que apesar das dificuldades, uma efectiva gestão sustentável de resíduos está ao alcance do País, uma vez que com a definição de um plano como o apresentado, sabe-se a direcção e o sentido das medidas a tomar no sector, que tal como argumentado, podem ser atingidas sem a necessidade de investimentos pesados.

Artigo escrito no âmbito do projecto “Consolidação do apoio às Câmaras Distritais para a implementação de um sistema regular de recolha dos resíduos sólidos” executado pelas ONG’s ADAPPA, ALISEI, FCJ e MARAPA com o apoio da cooperação espanhola (AECID)

2 Comments

2 Comments

  1. COCO DE BICHO

    12 de Dezembro de 2010 at 8:46

    E’ preciso nao esquecer-mos de residuos liquidos tais como: oleos dos motores, batarias auto e de telemovel,pilhas, etc.

  2. Colomba

    13 de Dezembro de 2010 at 22:08

    E já agora… das camisinhas junto ao Museu de S. Tomé.

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