Sociedade

O tradicional jantar de natal em Coimbra

Os estudantes santomenses em Coimbra reuniram-se no passado sábado, dia 18 de dezembro, pelas 19h00, para mais um jantar de natal, com os pratos típicos das ilhas. O referido jantar foi antecedido de um ‘Falar de Nós’ subordinado ao tema ‘’Que perspectivas do futuro esperam os recém formados santomenses?’’ que teve lugar às 17h00 na cidade dos estudantes.

A palestra que devia ter o seu início às 16h30, só começou por volta das 17h00 com a chegada do cônsul de S.Tomé e Príncipe para a zona centro de Portugal, o sr. José Diogo. Além desta figura, participaram do evento estudantes, jovens recém formados, enfermeiros santomenses que se encontram em Coimbra para requalificação profissional e cidadãos de outras paragens.

Dois recém formados santomenses, Hector Costa e Kelve de Carvalho, conduziram a palestra. Vindos de áreas de formação diferentes, cada um apresenta uma solução para a actual situação dos santomenses recém formados em São Tomé e Príncipe.

Como sociólogo, Hector Costa acredita que para que se concretize o desenvolvimento em São Tomé e Príncipe, necessariamente, terá de haver ‘’políticas sociais de integração dos mesmos’’, transferindo toda a responsabilidade para os que conduzem os destinos do país.

Hector Costa afirma que ‘’a situação psico-sociológica de uma grande maioria de quadros é de profunda perturbação e marginalização, sobretudo, para aqueles recém formados filhos e filhas das famílias que não pertencem às elites políticas. Estas elites, logo que atingiram o estatuto, fecharam a porta atrás de si, e passaram a querer não só o poder e dinheiro, [como] também a oportunidade de decidir quem entra e quem fica de fora do contrato social’’.

Enquanto Kelve de Carvalho, jurista, tem outro ponto de vista. Ele desafia os recém formados a serem ‘’dinâmicos e empreendedores não contentando apenas com a boa vontade dos políticos’’, dando exemplo da Microsoft e da Google que foram fundadas por jovens recém formados que não ‘’cruzaram os braços a espera do governo’’.

Segundo Kelve de Carvalho, ‘’São Tomé e Príncipe é dos poucos países no mundo que financiam a fundo perdido os estudos dos jovens no exterior’’. Depois de os mesmos se formarem, ‘’arrumam para o país, querem um emprego, uma casa, um carro e talvez uma mulher’’ sem ter em conta a situação do país, reclama o jovem jurista.

Os jovens têm o direito e o dever de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária’’, e não podem aceitar que esse mesmo direito lhes seja negado, afirma Kelve de Carvalho. Ao longo da palestra, apercebeu-se de que os estudantes e recém formados no estrangeiro, embora estejam longe, estão atentos a tudo o que se passa no nosso país e estão convictos de que vão exercer os seus direitos e deveres custe o que custar.

Kelve de Carvalho, seguindo o pensamento do socialista português, Manuel Alegre, confirma que ‘’jovem é quem diz não e aquele que não se cala’’ perante injustiças sobretudo quando essas ações inibem ou tentam inibir o exercício da sua cidadania.

O evento terminou com a entrega de um presente da Associação dos estudantes santomenses em Coimbra ao cônsul, sr. José Diogo, como uma demonstração pública do elevado apreço face às ações do consulado para com os estudantes.

Alexandro Cardoso

Licenciado em Jornalismo e mestrando em Política Cultural Autárquica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, stp_cardoso@hotmail.com, 961689566

*texto escrito à luz do novo acordo ortográfico

6 Comments

6 Comments

  1. Ramos Neto

    24 de Dezembro de 2010 at 10:56

    As minhas saudações vai a ti Sr. Dr. Alexandre Cardoso, se me permite que eu o trate por tu. Gostei de ver e ler o texto ou crónica escrita por ti. É verdade que estamos longe do país, mas acompanhamos a evolução do país de perto, e fazes bem de nos actualizar o que se passa na diáspora. Fiquei satisfeito ao ler o parecer do sociólogo Hector Costa no que concerne a situação psico-sociológica. Estamos a viver uma situação do “comodismo do não é nada comigo, porventura sou o guarda do teu irmão?” Os grandes não querem saber de nós os recém formados de camada mais baixa. O que lhes interessa são os seus filhos, familiares e por último nós, caso haja espaço. O meu autor Jean Jacques Rousseau no seu contrato social diz: «O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe», estamos todos dentro do contrato, o importante “não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero”. O homem não pode perder a sua liberdade porque ela é o seu maior bem.Obrigado

  2. Olégario Tiny

    24 de Dezembro de 2010 at 11:44

    a um problema sociologico, a resposa é économica:que estado queremos em stp? intervencionista (keynes)?ou gendarme(smith)?

  3. Margarida Bragança de Carvalho

    24 de Dezembro de 2010 at 14:55

    Parabéns a Associação dos Estudantes são-tomenses em Coimbra.
    Tiveram uma boa ideia em dar voz ao Sociólogo Hector Costa, que na minha opinião,sem qualquer exagero, é o melhor jovem Sociólogo são-tomense. Quero também dar os meu parabéns ao jovem jurista Kelve de Carvalho, é um jovem que vai crescer muito enquanto jurista.

    Viva STP

  4. Edson Costa

    24 de Dezembro de 2010 at 18:26

    Grande Hector Costa!! O paìs precisa da tua visão sociològica, de modo a construirmos todos uma sociedade mais coesa, unida e porque não mais justa! Um feliz Natal a todos os santomenses!

  5. Vice

    27 de Dezembro de 2010 at 14:07

    Voltem para o vosso país. aqui pode não dar mas vocês podem dar a vossa contribuição para podermos deselvolver essas ilhas.

  6. Jorge Cardoso

    27 de Dezembro de 2010 at 14:10

    Futuros homens fortes de STP. Quanto às elites todos ja sabemos como funciona na terra santa. não há reformas, ha muita perseguição e feitiçaria(dizem). Assim nao vams longe!

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