Sociedade

Greve por tempo indeterminado na embaixada do Gabão em São Tomé e Príncipe

Os 13 trabalhadores da embaixada do Gabão em São Tomé e Príncipe fecharam as portas da representação diplomática. O embaixador Michel Bekale Ekomoe, também apoia o movimento grevista que exige aumento salarial e melhoria das condições de trabalho.

Gabão é o país da África Central, eleito pelo novo Governo de Patrice Trovoada, como principal alicerce da política externa de São Tomé e Príncipe na região da África Central. Um parceiro estratégico assim definido na nova visão da política externa. No entanto a representação diplomática do parceiro estratégico do executivo são-tomense, está completamente esfrangalhada.

A empresa nacional de electricidade, cortou o fornecimento de energia à Embaixada do Gabão por causa de uma dívida de 128 milhões de dobras, valor superior a 5 mil euros. A mesma representação diplomática ficou sem telefone por causa de uma dívida de 121 milhões de dobras, para com a CST.

Segundo a comissão dos trabalhadores a representação diplomática ficou 1 ano sem energia e telefone. A embaixada não tem internet, fax não funciona, e o embaixador anda num jeep que já tem mais de 10 anos.

Calvin, Alloogo Eyele, motorista e contabilista da embaixada do Gabão em São Tomé e Príncipe, acrescentou ainda que os serviços da embaixada não têm se quer um computador. O único computador existente está no gabinete do embaixador.

Penúria em termos de materiais de trabalho, que se junta ao magro salário. O funcionário de base ganha 25 mil francos CFA, o equivalente a 37 euros. É neste cenário arcaico segundo Calvin, Alloogo Eyele, que os 13 trabalhadores têm resistido há vários anos.

No entanto em 2009, decidiram exigir melhores condições salariais e de trabalho. Segundo o embaixador Michel Bekale Ekomoe, desde 2009 que as autoridades gabonesas foram informadas sobre a situação deplorável na embaixada em São Tomé e Príncipe.

Sem qualquer resposta, os trabalhadores entraram em greve em Abril de 2009. O governo gabonês enviou uma delegação de inspectores a São Tomé, para avaliar a situação e negociar com os grevistas. Antes mesmo da vinda dos inspectores, o embaixador Michel Bekale Ekomoe, foi a Libreville para dar conta da situação.

Segundo o contabilista, Calvin, Alloogo Eyele, ele também foi enviado em missão ao Gabão para negociar a situação da embaixada. Junto aos inspectores conseguiu um acordo de aumento salarial. «Até agora o salário mínimo aqui na embaixada é de 25 mil Francos CFA(37 euros). Na altura os inspectores disseram que só poderiam aumentar o salário ao nível do salário mínimo praticado no Gabão, que era de 80 mil francos CFA (121 euros). Concordamos e eles garantiram que em Janeiro de 2010 o novo salário seria implementado», explicou o contabilista.

No entanto 2010 já passou e nenhum tostão foi aumentado. Ainda em 2010, quando o contabilista deu conta que o orçamento para a embaixada em São Tomé não estipulava o aumento salarial acordado, dirigiu-se a Libreville para negociar com as autoridades. «Eles disseram que não poderiam fazer nada porque o orçamento já estava a ser executado, e que deveríamos esperar para 2011. Os trabalhadores não concordaram com esta situação. Mas conversamos, e eu lhes disse que um ano passa rápido, e entenderem a situação», precisou.

Certo é que 2011, já deixou 3 meses para traz e nada aconteceu. A paciência esgotou-se, os trabalhadores fecharam a embaixada por tempo indeterminado. O embaixador(na foto) também apoia a greve. «O pessoal da embaixada está em greve, e eu apoio esta greve. Eles fizeram um pré-aviso de greve na última sexta – feira. Entraram em greve como manda a lei, e eu apoio esta greve», assegurou o embaixador do Gabão em São Tomé e Príncipe.

Michel Bekale Ekomoe, esclareceu por outro lado, que finalmente o seu governo decidiu pagar as dívidas para com as empresas de electricidade e de telecomunicações. O que permitiu o restabelecimento do fornecimento de luz e telefone. Mas mesmo assim o risco de novos cortes de electricidade e de telefone, continua patente. «Eles não sabem que em São Tomé e Príncipe a electricidade aumentou em 20%, e envia-nos a mesma soma no orçamento para 2011. Bem, pagamos a electricidade, mas não irá aguentar até o fim do ano. O valor enviado vai servir para apenas 10 meses. Para os outros 2 meses vamos estar a mesma situação», afirmou o embaixador.

Michel Bekale Ekomoe, fez questão de anunciar que ele é o único quadro diplomático da embaixada do Gabão em São Tomé e Príncipe. Os outros, são guardas, motoristas, secretárias e empregadas de limpeza. O pessoal diplomático nomeado para exercer funções em São Tomé e Príncipe, não tem estado presente no país.

Por seu lado, o contabilista Calvin, Alloogo Eyele, não pára de descrever a situação dramática da representação diplomática do Gabão em São Tomé e Príncipe. A renda da residência do conselheiro da embaixada, não tem sido pago há mais de 6 meses. Mesmo o edifício onde funciona a embaixada está em risco. O proprietário do imóvel decidiu actualizar o valor da renda, e segundo o contabilista, a embaixada não terá dinheiro suficiente para honrar com os seus compromissos.

Com uma representação diplomática enterrada em dívidas, os trabalhadores decidiram antecipar o seu encerramento, através da greve por tempo indeterminado. «Até agora não temos computadores, o senhor embaixador não tem viatura, nosso salário nada. É por isso que decidimos avançar para greve. Só retomaremos o trabalho quando as reivindicações forem satisfeitas», conclui o contabilista.

A crise na embaixada do Gabão em São Tomé e Príncipe, acontece numa altura em que o Presidente Ali Bongo pretende visitar São Tomé e Príncipe, como tinha prometido ao seu amigo e Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe Patrice Trovoada, numa visita deste último a Libreville.

Abel Veiga

9 Comments

9 Comments

  1. benavides pires sousa

    25 de Março de 2011 at 21:55

    Ops…! que situacao má!

  2. João

    26 de Março de 2011 at 7:48

    A situação pode ser má, mas a postura do Embaixador é de lamentar…
    João

  3. Hugo Lima

    27 de Março de 2011 at 9:33

    Saco vazio não fica de pé, é isso mesmo fecha. Não conseguem manter as despesas vão manter oquê. Que precariedade, uma embaixada.

  4. Moral

    27 de Março de 2011 at 18:00

    Francamente mesmo assim o senhor Patrice teve a coragem de contar com Gabão para ajudar STP

  5. J. Maria Cardoso

    27 de Março de 2011 at 18:07

    O Embaixador perdeu a cabeça e nem conseguiu diferenciar k aonde começa a sua liberdade, precisamente, choca com o seu papel de responsável diplomático.
    K koisa chata!
    O petróleo e os nossos governantes. Talvez devido a nossa proximidade os responsaveis políticos gaboneses tenham-se esquecido do país k somos merecemos uma embaixada representando um Estado.
    Koisa chata.

  6. Celsio Junqueira

    28 de Março de 2011 at 9:04

    Caros,

    A situação dessa representação diplomática é lamentavel, deploravel e em ultimo caso revela a importância que STP não tem para o Gabão.

    Ao ponto que isto chegou, tornou-se um drama “humanitário” diplomático. Coisa rara e estranha no “suis generis” mundo diplomático.

    Se fosse representante nacional do Governo e até da Presidência da República, manifestaria um desagrado e um “mal-estar” junto das Autoridades Gabonesas. Só não o fazemos, porque também temos “telhados de vidros”.

    Abraços solidários aos funcionários da Embaixada do Gabão em STP.

    PS – O Embaixador de Gabão não deve saber o restrito ambito das suas actuações!

  7. moço lazon

    28 de Março de 2011 at 9:04

    situação simplesmente inadmissível e inaceitável!! muito bem, lutem por pelo menos uma condição normal e digna de trabalho!!

    Lamentável!!

  8. Tia Joana

    28 de Março de 2011 at 11:07

    É bom apurar verdade dos factos junto aos negocios estrangeiros no Gabão.
    Onde param as receitas dos vistos e outros documentos aí tratados. A má gestão deve estar a volta do serviço. Pôe, sr Embaixador, o cargo a disposição.

  9. SANTOLA

    20 de Outubro de 2011 at 11:19

    Ya . E é o Gabão o Suporte do 1º Ministro para África Central e ajuda no Orçamento …………
    Estamos fdds…………………

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