Comecemos por saber, afinal, quem é Ellen Johnson-Sirleaf?
Nobel da Paz 2011
A longa e concluída movimentação eleitoral ao pelouro presidencial que marcou o nosso país neste ano de 2011, trouxe a agenda vocabular dos são-tomenses o nome de uma figura, até então desconhecida pelo simples facto de ser gente di casa. Si boca di sal e malagueta dônôchô gente, desta vez, a devoção das candidatas presidenciais das ilhas, à liberiana Ellen Johnson-Sirleaf antecipou o reconhecimento internacional da mais conceituada instituição mundial em atribuir méritos aos que contribuem para a paz, a segurança, a liberdade e o bem-estar da Humanidade.
Comecemos por saber, afinal, quem é Ellen Johnson-Sirleaf?
Nascida na capital Monróvia, Libéria, no dia 29 de Outubro de 1938, Ellen Johnson, é a primeira mulher africana e até então, a única a ser eleita democraticamente ao cargo de Chefe de Estado.
Estudou na Universidade de Harvard nos EUA, onde licenciou em Economia e participou pela primeira vez no Governo do seu país em 1970 no mandato do Presidente William Tolbert, na pasta de ministra das Finanças. Em 1985, na qualidade de candidata a ocupar o assento no Senado, criticou publicamente o regime militar de Charles Taylor, o que lhe custou a condenação de dez anos de prisão, embora fosse libertada pouco tempo depois. Devolvida a liberdade, viveu no exílio até 1997 quando regressou ao seu país como economista do Banco Mundial.
Ainda em 1997, embora inicialmente Ellen tenha apoiado a revolta de Charles Taylor contra o General Samuel Doe, mais tarde passou à oposição e concorreu pela primeira vez as eleições presidenciais conseguindo 10% dos votos contra Taylor que ganhou com 75%, acusado de fraude eleitoral.
Terminada a Segunda Guerra Civil em 2003, que durou mais de 14 anos e custou a vida a mais de 140 mil liberianos (a rondar o número de toda a população são-tomense) e com a consequente saída de Taylor do país Ellen Johnson-Sirleaf, assume a liderança do Partido da Unidade e vence as presidenciais na segunda volta realizada no dia 8 de Novembro de 2005, ao seu rival liberiano, o ex-futebolista internacional George Weah.
Com 72 anos, a presidente da Libéria Ellen Johnson-Sirleaf e a sua conterrânea Leymah Roberta Gbowee de 39 anos, a activista liberiana que organizou e liderou o grupo de mulheres de várias etnias e religiões em abstinência sexual ao fim da guerra na Libéria em 2003, dividiram o prémio de Nobel da Paz 2011 com a Iemenita Tawakel Karman, a jovem jornalista de 32 anos que desde Janeiro lidera a luta de reivindicação ao regime do Iemen, repartindo assim entre elas, 1,5 milhões de dólares.
Recordemos que faleceu no passado dia 26 de Setembro a anterior africana Nobel da Paz 2004, a queniana Wangari Maathati aos 71 anos em Nairobi. Primeira mulher catedrática da África Ocidental e doutorada em Biologia, em 1977 fundou o Movimento Ambientalista Cinto Verde que, graças a essa iniciativa foram plantadas no Quénia 20 milhões de árvores.
As duas africanas laureadas neste ano, elevam para oito o número de africanos galardoados em mais de cem individualidades do mundo desde a primeira cerimónia anual de 1901. Distribuídos por quatro países, a África do Sul (Albert Lutuli – 1960, Desmond Tutu – 1984, Nelson Mandela e Frederik de Klerk – 1993), o Ghana (Kofi Annan – 2001), o Quénia (Wangari Maathai – 2004) e a Libéria (Ellen Johnson-Sirleaf e Leymah Gbowee – 2011) são todos de países falantes da língua inglesa.
E as mulheres de São Tomé e Príncipe?
Solitárias nos assentos do Governo da República e da concelhia presidencial, apenas restam as mulheres são-tomenses a razão de sobra para daqui a cinco anos renovarem numa só figura a sua ambição presidencial, visto que, mesmo sendo um dos mais pequenos pedaços de Estado do continente africano não deverão desistir da sua luta em nome das causas da Nação e dos filhos que só elas trazem ao mundo. Leymah Gbowee, assistente social e mãe de seis filhos acreditou que qualquer mudança dentro da sociedade liberiana teria de partir das mães. Conseguiu sentar ao lado dos senhores da guerra e pôr fim a longa guerra liberiana.
Conhecedor do staff de assessoria do Presidente da República são-tomense tornado público na noite do dia 6 de Outubro, já é tempo da nossa visão viajar um pouco mais além, ao entrevermos que Pinto da Costa, neste seu primeiro anúncio aponta a intenção de renovar o mandato presidencial em 2016. E qual é a maka? Constitucional? Moral? Política? Nenhuma.
Experimentado a congregar a sua volta a confiança dos mais novos para levar ao cabo as mudanças políticas, o Mais Velho, quis dizer a Nação de que, mais uma vez aposta na “miudagem” ao redor das mais visionárias decisões da sua “revolução”. Foi assim no auge das movimentações que culminaram com a alteração da Constituição da República em 1990 e levaram o país as primeiras eleições livres e democráticas de 1991. Na altura, os conservadores do regime despistados dentro do MLSTP assistiram mumus e alguns até ficaram postados tal e qual Pereira Duarte como ensinou-nos a cantar o Coimbra de Riboque a ver assobiar a caravana renovadora de Armindo Vaz de Almeida, Guilherme Pósser, Rafael Branco, Manuel Vaz, Alcino Pinto e tantos outros camaradas que se juntaram mais tarde ao comando de Carlos Graça, o moralista, respeitado e prestigiado democrata são-tomense que desde sempre, ao contrário dos demais políticos da praça, negou usar qualquer facto enodoado de corrupção.
O Presidente da República conseguiu ir muito mais longe na demonstração de sua independência partidária a trazer para a sua equipa até adversários ideológicos do recente período eleitoral ou que serviram ao seu antecessor no palácio presidencial. Algo recomendável na aprendizagem e na compreensão democrática que reclamamos a Nação.
Todavia, os gastos a assaltar ao OGE – Orçamento Geral do Estado para alimentar a sua concelhia já deram luz a todo o tipo de críticas, tendo em conta a dependência em mais de 90% ao apoio financeiro estrangeiro das contas do Estado. A nossa dimensão territorial exige de nós a congregação de esforços que possam limitar os gastos públicos, muito mais agora que os nossos financiadores ocidentais e, não só, também gritam pelo socorro. Só que ser pequeno não dita para que os problemas sejam da dimensão geográfica, pelo contrário, a realidade do dia-a-dia tem demonstrado que a nossa mentalidade, cerne do adiar das decisões que nos possam levar ao bom porto, torna-nos, infelizmente, do tamanho do mundo. No entanto, tratando-se de um estadista que soube esperar 20 anos para democraticamente entrar na lista dos decanos africanos e até mundiais, Pinto da Costa não quererá dar ao uso da sua cadeira presidencial qualquer sinal contrário de eficácia, eficiência e rigor como dita os conceitos de economia.
Daí que Pinto da Costa ao conseguir moralizar a sociedade e despertar o Estado na sua missão de orientar a Nação e os são-tomenses, somos forçados a adiar os intentos das nossas mulheres para 2021 e adivinhar o percurso da História a mais mulheres africanas a entrar na lista de galardoadas pelo Nobel para que às nossas mulheres não lhe faltem devotas oriundas da nossa Mãe África.
É a hora de felicitarmos as mulheres do ano, Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakel Karman congratulações extensivas as mulheres são-tomenses, africanas e do mundo!
“Desde sua posse em 2006, Ellen Johnson-Sirleaf contribuiu para garantir a paz na Libéria, promovendo o desenvolvimento económico e social e para reforçar o lugar das mulheres na sociedade liberiana.
Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo a menos que as mulheres alcancem as mesmas oportunidades que os homens para influenciar o desenvolvimento em todos os níveis da sociedade.” Palavras de Thorbjoern Jagland, Presidente do comité norueguês de Nobel 2011 no anúncio das galardoadas no dia 07.10.11 em Oslo-Noruega.
10.10.2011
José Maria Cardoso
lyetet mendes
11 de Outubro de 2011 at 18:19
BEM HAJA AS MULHERES AFRICANAS….
UM DIA HÁ DE SER UMA SAMTOMENSE……
Fijalatao
11 de Outubro de 2011 at 20:26
Uma vez que o artigo andou à volta das mulheres, só tenho que saudá-las e dizer bem alto que estou ao lado delas para esta luta de um lugar no pódium mundial do reconhecimento do bem á todos os níveis.
por outro lado, já que o artigo focou muito o Presidente recém chegado ao palácio nacional Dr. Manuel Pinto da Costa, só tenho que desejá-lo uma boa governação, governação da razão e não da emoção, muita prudência e sempre alerta às rasteiras políticas para daquí á 12 anos ou mais possamos vê.lo também no pódium IBRAÌM pela boa governação.