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Universidade desempregou professora que denunciou Ministro da Educação

Em Junho passado Noemy Medina, mestre em gestão de recursos humanos, e licenciada em gestão de empresas, fez uma denúncia no jornal Téla Nón contra o Ministro da Educação Olinto Daio.

Enquanto funcionária do Ministério da Educação e chefe da casa dos professores, denunciou que foi atacada pelo ministro numa reunião de trabalho. «Estou a falar de você Noemy. Tenho uma gravação das conversas tuas, e se eu colocar esta gravação para ouvirem, logo de seguida espeto-te duas bofetadas». 

noemySegundo Noemy Medina (na foto)só a intervenção de um dos seus colegas evitou que o ministro, cumprisse com a promessa.

Na denúncia feita ao Téla Nòn, relatou que numa das aulas falou da questão da gestão dos recursos humanos no país, e deu exemplos da má gestão que ocorre na administração pública. O exemplo teve a ver com a contratação de pessoal no Banco Central. Uma aluna por sinal mulher do ministro das Finanças Américo Ramos, que conseguiu empregar-se no banco central acabou por sentir-se mal.

As lágrimas da aluna, forçaram a universidade a abrir um inquérito, que depois da auscultação dos alunos foi encerrado. Noemy pediu desculpas a aluna e continuou a leccionar na Universidade Lusíadas.

Consequência da denúncia feita contra o ministro da educação, Noemy foi despedida enquanto quadro do ministério da educação.

Como se não bastasse, diz que agora foi afastada da Universidade Lusíadas de São Tomé, com a justificação de que a reitoria da universidade não gostou da atitude dela em levar o assunto para a Comunicação Social. «Disseram que um dos motivos é que não gostaram do facto de eu ter levado o assunto a comunicação social. Disseram-me também que o assunto está muito fresco e estão a dar tempo para que os alunos esqueçam», afirmou.

A professora diz que não foi sequer avisada pela reitoria da universidade sobre o seu afastamento. «Normalmente a universidade envia uma carta ao professor que vai ser dispensado. Mas não fui avisada e nem recebi nenhuma carta. Mesmo assim mandei um email a Universidade para saber se eu iria leccionar este ano lectivo ou não. Mas não tive nenhuma resposta», frisou.

Teve que se deslocar pessoalmente a Universidade Lusíada para saber da sua situação. «Tendo iniciado o ano lectivo lá fui para manifestar a minha indignação pelo tratamento que me deram. Acho que as pessoas não são objecto, e há 4 anos que eu já leccionava na escola», acrescentou.

Estando na Universidade, reuniu-se com a reitora Fernanda Pontífice e com o Presidente Liberato Moniz. Segundo Noemy, ambos explicaram que a professora perdeu direito de dar aulas por causa da denúncia feita em Junho passado no Téla Nón, «Pelo facto de denunciar esta situação na comunicação social, fiquei lesada pelo ministério da educação que me despediu, e agora a Universidade também me despediu», pontuou.

Segundo Noemy Medina na conversa com os dois responsáveis da Universidade, acusou-os de estarem a agir sob pressão do Governo.

A Universidade é privada, e o pagamento das propinas constitui a principal fonte de receitas da mesma. Segundo Noemy Medina, a propina da maioria dos alunos que frequenta a Universidade Lusíada, é paga pelo Governo.

E o ministro da educação Olinto Daio, é quem selecciona os alunos com bolsa do Estado. Depois  o pagamento da propina é feito pelo Ministério das Finanças com o aval do ministro Américo Ramos, por sinal o marido da aluna que se sentiu mal na aula por causa do exemplo dado pela professora.

Outro aspecto importante que pode condicionar a independência da Universidade Privada, em relação ao Governo, é o facto de as instalações onde funciona  a Universidade Lusíada ser propriedade do Estado.

Mesmo assim, Noemy Medina diz que não paga com a mesma moeda. Neste momento está a acompanhar 3 alunos da Universidade Lusíada que estão na fase conclusiva do curso. «Tenho 3 alunos que estou a acompanhar. Até o final do mês os três alunos têm que concluir a formação, e estou a segui-los. Poderia abandona-los, mas não o faço. Não pago com a mesma moeda», concluiu.

O Téla Nón procurou ouvir a reitoria da Universidade Lusíadas. O jornal foi recebido pela reitora Fernanda Pontífice, que recusou liminarmente tecer qualquer comentário sobre o afastamento da professora Noemy.

Abel Veiga

19 Comments

19 Comments

  1. João Carlos

    25 de Outubro de 2017 at 11:36

    A ser verdade, é condenavel a atitude da Universidade Lusíada. Mas entretanto, penso que a Noemy não pode deixar abalar por isso, sendo alguém com formação superior a que procurar outras alternativas profissionais e deixar para trás mais este capitulo menos bom da vida….

  2. explicar sem complicar

    25 de Outubro de 2017 at 12:22

    Desafio o LIBERATO MONIZ a vir como sempre tem feito no FACEBOOK explicar sem complicar com relação a esta questão.
    Os Santomenses te agradecem.
    Recordo que assim que o Procurador Samba, declarou caça aos Internautas, foi o LIBERATO Moniz o,primeiro a felicitar o Ministério Público na pessoa do Samba pela decisão.
    Seja Homem, com H LIBERATO Moniz.
    Você tem sido decepção para os Santomenses.
    Deixa de injustiça para com a Noemy.

  3. Maria silva

    25 de Outubro de 2017 at 13:19

    Uma autentica República das BANANAS, onde o profissional mestura com o pessoal.
    Se for verdade oque disse a senhora em questão ( não que eu esteja a dúvidar , até porque sou São-Tomense ) , é caso para dizer que já não há esperanças de dias melhores, neste pedaço de terra definitivamente …….. Pais sem Lei, sem regras !!!!
    Muita força e coragem a senhora Noemy Medina.
    OBS : São Tomé nao tem , nem nunca teve espaço para profissionais de verdade ( gente compete) , lamentável!!

  4. Aurora da Trindade

    25 de Outubro de 2017 at 13:46

    Por detras disto esta o ministerio da educacao. Mas Deus e grande, brevemente acabarao os abusos da ADI. Como sinal ainda ontem devem ter ficado abalados com a fusao entre Mdfm e UDD. Lembrem-se que Carlos Neves foi o primeiro secretario geral fa UDD e nessa altura proprio Miguel trovoada tinha mais confianca no Carlos Neves no que no Patrice. Portanto esta fusao vai aer a verdadeira alternativa ao ADI ja que nem o Mlstp nem o PCD estao a arrancar.

  5. selecionador para as eleições

    25 de Outubro de 2017 at 14:07

    As vezes deixamos a emoção tomar conta da razão.
    A professora descuidou-se ao fazer uma critica (direta) a uma aluna sua dentro da sala de aulas, hoje esta a pagar; e para o futuro espero que ela pondere muito bem antes de fazer qualquer tipo de abordagem politica e pessoal. Temos que saber nos distanciar das politicas e politiquices , saber fazer o nosso trabalho com profissionalismo e acredito que a professora é uma excelente profissional , mas por um deslize provavelmente emocional pôs isso tudo em causa… quanto ao ministro que ameaçou esbofetar a professora numa reunião…só deus é que sabe como é que ele ainda esta no cargo.

  6. Filha da terra ( o chupeta)

    25 de Outubro de 2017 at 14:40

    A Universidade do fez bem demitir esta ordinária.. já estava a passar dos limites

    • boca pito

      26 de Outubro de 2017 at 15:01

      Realmente. Ela estava a passar dos limites. E deverá apreender com o Ministro que lhe ameaçou esbofetear que está sempre nos seus limites a cumprir o teor o seu juramento na tomada de posse como membro do governo.
      Só pode ser mesmo cá nesse paraíso das bananas.

  7. iaga

    25 de Outubro de 2017 at 15:24

    Em S.Tomé se diz “ O homem manda com o tempo e Deus manda para sempre“ Aqui é mundo …. quanto djá non sái….
    Cara professora, seja forte, não se deixe abalar… reze e peça Deus por eles…. as coisas do mundo não vão só.

  8. Toussaint L'Ouverture

    25 de Outubro de 2017 at 15:34

    Para além da ameaça das bofetadas, é muito grave o ministro ter dito estar na posse de uma gravação da senhora Noemy. Como foi que a obteve? A professora foi gravada na sala de aulas? O ministro Olinto Daio terá legitimado ”bufaria” na sala de aulas? A ser assim, é deplorável, tratando-se de alguém com um currículo académico tão impecável e com antecedentes que pressupõem rectidão e justeza. Espero que não seja uma prática e que os professores não lecionem intimidados e amedrontados.

  9. joao almeida

    25 de Outubro de 2017 at 15:45

    Isto e um abuso. Querem simplesmente transformar sao tome e principe em venezuela. Conheco pessoalmente LIberato e confesso q estou muito desiludido com ele.Aquele ministro de educacao nao e dono de sao tome. Alias se sao tome nao fosse republica das bananas, logo q esse senhor prometeu duas bofetadas a Noemy, seria automaticamente despedido pelo primeiro ministro. Em sao tome ha aquela lei de baixar as calcas? Sim senhor ministro. Ta certo senhor ministro. Tem razao senhor ministro. Raio q os parta. Um ministro de educacao sem educacao e sem cultura. O pior e o Liberato embarcar nesses filmes. Isso e q e triste. Ela a fome nao vai morrer com certeza. Fecha uma porta mas abre outra.

  10. boca pito

    25 de Outubro de 2017 at 17:59

    Sem palavra…termos chegado ao cúmulo da insensatez na realidade dos dias que vão se indo neste nosso São Tomé e Príncipe.

  11. Martelo da Justiça

    25 de Outubro de 2017 at 18:39

    Eu precisava conhecer melhor os contornos desta decisão, para alem desta breve descrição do Tela Non, de modo a que eu possa tirar as minhas conclusões. Por isso é que apelo aos responsáveis da Universidade a prestar mais esclarecimento sobre o assunto.
    Tanto o arquiteto Liberato Moniz como Dra. Fernanda Pontífice são duas pessoas que considero integras, com uma elevada formação moral e cívica. Conheço-as há muito tempo, bem como os seus pensamentos sobre diversos assuntos da vida nacional. Por isso é que tenho duvidas que decisão do afastamento da Dra. Noemy não tivesse sido devidamente ponderada.

  12. Guida Gostosa

    25 de Outubro de 2017 at 19:58

    Quando a justiça divina chegar, não sei se mesmo com tropas rwandesas Patrice Trovoada e seus lacaios escaparão. Homem manda com tempo e Deus para sempre!

  13. dinheiro

    25 de Outubro de 2017 at 21:10

    EU não sabia é que Liberato Moniz e Fernanda Pontifise são mercadorias.

  14. realista

    25 de Outubro de 2017 at 22:41

    Ditadura total.eu vou fazer contactos pra podermos ajudar a medida dos possiveis a Naomy este liberato moniz é um juda k vendeu o caracter.

  15. Perplexa com tudo isso!!!

    26 de Outubro de 2017 at 7:10

    Estou extremamente sem chão perante tanta injustiça para com a professora Noemy. Estou acompanhando o caso pelo Tela Non desde início, e, ao ver este desfecho, vejo que até a liberdade de exemplificar com casos reais para melhor esclarecimentos de conteúdos aos alunos, os professores estão sendo privados. Eu acredito que a professora não chegou a turma e começou a falar do assunto se não tivesse relação com o conteúdo (lição) do dia. Como poderia a professora não falar deste caso tão claro de corrupção no concurso público e não só, sabendo que ela tendo um grau de mestrado perdeu lugar no concurso para uma pessoa que por sinal é sua aluna de 2º ano de licenciatura, só por esta ser mulher de ministro??? Está claro que não estamos perante falta de competência ou insuficiência de requisitos por parte da professora. Estamos sim, perante um óbvio abuso de poder!!! Caramba do país…. Ser mulher do ministro significa ser competente e cumprir os requisitos para ocupar cargos públicos??? (Ora, se assim é, “eu também quero ser mulher de ministro kkkkkkk”) Como se não bastasse, ainda por cima a professora é ameaçada pelo ministro de educação (sem educação) e despedida sem justa causa pelo seu Ministério e agora pela Universidade! Em momento algum, ao meu ver, a conduta da professora constituiu uma violação dos princípios pedagógicos ou de qualquer regulamento, lei, regra, etc…. sei la mais de quê, para constituírem fundamentos de justa causa para despedimento tanto numa como noutra instituição! Estamos simplesmente perante um caso de claro abuso de poder!!! Fico perplexa com a conduta da reitora e do presidente da Universidade (pessoas a quem tenho muito respeito e consideração) pela forma como se deixaram levar e intimidar pelos ministros ao ponto de deliberarem o despedimento da professora, e, até mesmo sequer notifica-la da deliberação, como manda os procedimentos administrativos.
    Mas enfim… é gente que temos a frente do destino do nosso país: quando se coloca carroça a frente de bois, a priori já se sabe qual desfecho terá. Senhora Noemy, não a conheço, mas sinto muito pela forma como esta sendo injustiçada, dou-te forças, levante a cabeça e avança, não se desespere, porque o futuro a Deus pertence, considere-se na fase de provação. Tudo tem seu tempo neste mundo, e, este mar vermelho vais conseguir enfrentar e atravessar. De fome não morreras certamente! Coragem e bota sempre esse sorriso lindo no rosto que te fica muito linda. Huuummmmm

  16. Maria Ricardo

    26 de Outubro de 2017 at 8:17

    Caros leitores do Jornal Digital Téla Non, confesso-vos que estamos perante uma ditadura. Mas, como Deus não dorme, Sr. Olinto Daio que foi ou é Padre, um dia há-de pagar remorsos dessa Senhora que tanto lutou para ser o que ela é hoje. A prepotência e o abuso do poder faz de Olinto Daio um super homem. Prometer bofetada publicamente a uma mulher formada nos dias de hoje, só pode ser tendência, prepotência e poder absoluto. Nem k fosse uma mulher sem formação, não se deve. Deus tomará conta de tudo k está a passar com a Noemy.

  17. Carlos Cruz

    26 de Outubro de 2017 at 16:02

    O Olinto Daio foi meu colega de escola e turma por isso eu não acredito que tenha ameaçado esbofetear alguém, este comportamento nunca fez parte do seu carácter. No entanto, a ser verdade a coisa toma outro contorno tanto para o elenco governativo, o governo, o respeito pela ética politica, a imagem do governante e do governo, as consequências externas, enfim uma serie de coisas negativas que em nada glorificam o País. Creio que a medida mais acertada seria “pedido de demissão ou exoneração” para que continuemos a credibilizar o governo do ADI. Refitam por favor quem de direito.

  18. HOMEM GRANDE

    28 de Outubro de 2017 at 10:51

    O Negócio está fechado em círculo Vicioso!
    Sem Querer citar nomes o Presidente da Universidade não se definiu ainda como pessoa, logo quem está nessa condição torna-se dependente.
    Fico particularmente triste pela senhora Reitora,que pessoalmente adimiro, ter tomado essa infeliz decisão…
    A pequenez do País e de certas mentes, cria situações de dependencia para quem ainda quer viver em S. Tomé.
    A senhora Professora só posso lamentar e encoraja-la, porque independentemente de todos os contornos, políticos, éticos, etc, ela não falou relatou nenhuma mentira.

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