Sociedade

Dia de Ação da Água na CoP23

 Água no centro das Soluções para a Mudança Climática 

O financiamento de capital para a água precisaria triplicar para 255 bilhões de euros por ano para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

  •  93% das pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (iNDC, na sigla em inglês) especificadas no Acordo de Paris priorizam a água no seu componente de adaptação
  • 40% da população mundial enfrentará escassez de água até 2050
  • A escassez de água, exacerbada pelas mudanças climáticas, pode custar até 6% do PIB em algumas regiões,além de acelerar migraçõese desencadear conflitos

Bonn, CoP23, 10 de novembro de 2017 – Embora a gestão da água seja predominantemente uma questão local, as consequências da administração imprudente do recurso hídrico têm um componente global. Esta interconexão permanente entre clima e água, desenvolvimento e resiliência, requer mais esforços para ser adequadamente abordada por todas as partes interessadas, em particular pelos atores políticos. O objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo dos 2oC por meio da adaptação e mitigação adequadas não pode ser alcançado sem sábios gerenciamento e financiamento dos recursos de água.

Abordar assuntos como mudanças climáticas e segurança da água é um pré-requisito para a paz e paraalcançar muitos aspectos sublinhados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Uma água segura é o cerne das questões na agenda global. A comunidade internacional da água é estruturada com estruturas-chave, incluindo a iniciativa #ClimaéÁgua (em inglês: #WaterIsClimate), a Aliança para Adaptação Global da Água (AGWA) e as Alianças Globais para Água e Clima (GafWAC). Eles ressaltam a necessidade de desenvolver uma cooperação mais estreita dentro da comunidade climática, entre as comunidades de energia, agricultura, saúde, oceano e urbanas.

A água conecta setores pois todos precisam de água para operar de forma sustentável. O vínculo inextricável entre água, energia e alimentos requer uma abordagem holística para garantir a segurança alimentar e hídrica,assim como a agricultura sustentável e uma produção de energia em todo o mundo. Essas interconexões sãoos governos convincentes, o setor privado, as comunidades, as universidades e outras partes interessadas para explorar soluções integradas e assim facilitar as pressões e formular caminhos de desenvolvimento com base no uso sustentável e eficiente de recursos limitados. As chamadas metodologias de baixo nível para o risco climático e a integração trans-setorial, como escala de decisão e vias de adaptação, estão entre abordagens inovadoras para garantir que as demandas de energia sejam atendidas, agora e no futuro. Esta abordagem exige um diálogo contínuo entre as diferentes comunidades relacionadas ao clima, destacando a importância de fóruns como a CoP23, no intuito de cumprir os objetivos do Acordo de Paris.

A água está cada vez mais destinada a desempenhar um papel determinante no futuro do desenvolvimento e da geopolítica. Os obstáculos ao acesso a fundos financeiros para atender aos requisitos de investimento em mudanças climáticas prejudicam diretamente o Objetivo 6 do Desenvolvimento Sustentável da ONU (garantir disponibilidade e gerenciamento sustentável de água e saneamento para todos) e a maioria dos outros objetivos, dos quais a água é a base. O financiamento de capital precisaria triplicar para 255 bilhões de euros por ano para atingir metas como essas. Os países devem transformar seus compromissos em ações ambiciosas, melhorando esforços anunciados em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas e integrando-as nas suas estratégias e políticas nacionais de mitigação e adaptação. A água deve emergir como uma prioridade nas políticas nacionais, além de ser integrada em outros grandes setores, como energia, segurança alimentar, saúde, educação.

A água é um elemento central para o desenvolvimento humano em geral. O uso sustentável da água para diversos propósitos deve continuar sendo um meio de vida e precisa estar no centro da construção de cidades e assentamentos humanos resilientes, assim como garantir a segurança alimentar em um contexto de mudança climática”, explica Mariet Verhoef-Cohen, presidente da Parceria Mulheres Pela Água (Women for Water), co-presidente da Plataforma de Escassez de Água na Agricultura (WASAG, na sigla original) e representante do Conselho Mundial da Água (WWC). “Envolver tanto mulheres quanto homens na tomada de decisões e nas iniciativas integradas de recursos hídricos leva a melhores sustentabilidades, governanças e eficiências. As mulheres devem ser vistas como aliadas importantes e como porta de acesso a mudanças comportamentais sustentáveis ​​da água e da adaptação climática”, acrescenta.

A mudança climática afeta a disponibilidade de água doce, mas o maior impacto é evidenciado na forma como administramos esse precioso recurso. A escassez de água não é o único problema, a má gestão é. Precisamos abordar a forma como a água é distribuída em toda a América Latina e também globalmente. Apesar de o Brasil ser o lar de quase um quinto da água doce do mundo, São Paulo viveu recentemente uma das maiores crises hídricas de sua história quando experimentamos uma seca sem paralelo, com as reservas de água atingindo quase zero. Além disso, neste momento, também ocorrem secas em todo o mundo, em lugares como o norte dos EUA, Austrália e até na China. Em Porto Rico, o contrário é verdadeiro: apesar de uma tempestade horrível após uma mega tempestade, apenas metade da população da ilha tem acesso a água potável”, destaca o presidente do Conselho Mundial da Água, o brasileiro Benedito Braga, em nome da iniciativa #ClimateIsWater.

Cumprir os compromissos financeiros para a adaptação deve ser complementado com projetos no setor de água, de capacitação técnica e sensíveis ao gênero. Essas promessas foram delineadas no Acordo de Paris e em fundos financeiros de adaptação ao clima, como Green Climate Fund e o Adaptation Fund. Eles representam o único caminho a seguir.

Todos os atores estatais devem vincular seus compromissos, especialmente suas Contribuições Nacionalmente Determinadas, com suas estratégias e políticas nacionais de adaptação e mitigação: a água deve ser uma prioridade nas políticas nacionais e deve ser integrada em outros grandes setores relacionados com o desenvolvimento sustentável.

Além disso, o Loïc Fauchon, Presidente Honorário do Conselho Mundial da Água e representante da iniciativa #ClimateIsWater, propôs hoje durante o Dia de Ação da Água na CoP23 de criar um centro para conectar os setores Água, Agricultura e Energia, no intuito de melhor a integração de esforços na busca por mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Fonte – UNFCCC

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