Análise

A Sociedade em Rede na Aldeia Global: A Cultura da Flexibilidade Multimédia

foto.jpgMarcelo Mendonça Texeira, licenciado em ciências sociais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (Brasil)., traz tema de interesse para reflexão e estudo.

 

 

Resumo breve do Curriculum Vitae:

marcelo.radioweb@gmail.com

Formação Acadêmica:

Marcelo Mendonça Teixeira é Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco; Especialista e Mestre em Educação, e Doutorando em Educação (Área da Tecnologia Educativa) pela Universidade do Minho (Portugal).

Atividades Profissionais:

Ao longo de sua trajetória profissional já trabalhou em grandes empresas como Consultor de Tecnologia da Informação dentro e fora do Brasil, e atualmente desenvolve atividades de investigação científica em Portugal e na Espanha como bolsista da Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal – FCT.

 

A Sociedade em Rede na Aldeia Global: A Cultura da Flexibilidade Multimédia

 

Marcelo Mendonça Teixeira

marcelo.uminho.pt@gmail.com

Convivemos e sobrevivemos num mundo interligado pelas tecnologias de informação e comunicação, onde poucos têm acesso e o privilégio de manterem-se conectados. Marshall Macluhan, já em 1967, fundamentou o termo “Aldeia Global”, através da obra “O Meio é a Mensagem”, explicando que os avanços tecnológicos estavam resumindo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, em que todas as pessoas sabem e discutem a vida dos outros. Ou seja, a influência dos avanços tecnológicos influenciam directamente nas transformações sociais num mundo em que pensamos globalmente e agimos localmente.

Décadas depois, a partir da concepção de Aldeia Global, chegamos a “Era da Informação”, conceituada por Manuel Castells como a “Sociedade em Rede”. Na verdade, Castells reafirma o pensamento de Macluhan destacando como as novas tecnologias interferem nas estruturas sociais das sociedades contemporâneas. É quando se estabelece o pensamento de Pierre Lévy sobre a “Inteligência Colectiva”, como o fenómeno da socialização do conhecimento que ocorre em escala global, num ambiente de partilha de experiências, informações e aprendizado em rede.

No entanto, esse processo não ocorreria sem o apoio dos “Web Media”, segundo Dennis Macquail, permitindo que haja muitos emissores, muitos receptores e uma quantidade significativa de intercâmbio de informações.

Com o passar do tempo, ocorre uma evolução dos serviços para atender a efectiva participação destes utilizadores no processo de desenvolvimento de aplicações para a Web, emergindo uma revolução social na Internet denominada pelo irlandês Tim O’Reilly de Web 2.0.

Deste modo, Web tornou-se um espaço virtual de participação, partilha de saberes e envolvimento das pessoas no processo de geração, distribuição e organização das informações vinculadas no espaço virtual. Lévy entende essa conjuntura de trocas no espaço virtual entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias, como a “Cibercultura”, gerando redes colaborativas de conhecimento. Em seguida, John Markoff cria o termo “Web 3.0 ou Web Semântica” com o objectivo de tornar conhecido um novo formato de conteúdos para a Internet.

Ao mesmo tempo expandem-se as redes sociais e comunidades virtuais de aprendizagem, promovendo o e-learning e estimulando a criação de Tecnologias Educativas. Os consumidores tornam-se produtores, e os produtores tornam-se consumidores de conteúdos, bens e serviços, em um novo modelo económico planetário, sem restrições ou barreiras, induzidos por um processo de colaboração massiva.

Em teoria, esses avanços tecnológicos de comunicação multidireccionada resolveriam os problemas de tempo e custo das pessoas, e estas estariam prontas para interactividade em tempo real. Por sinal, nunca na história da humanidade a palavra “Tempo Real” foi tão mencionada e sobrevalorizada como agora.

Em contraposição aos nativos digitais, expandem-se os info-excluídos e os desconectados. De acordo com estimativas da empresa AMD (Advanced Micro Devices) utilizando estatísticas publicadas pela Internet World Stats (http://www.internetworldstats.com/stats.htm), que por sua vez obtém os dados da Nielsen NetRatings (http://www.nielsen-netratings.com/), da International Telecommunications Union (http://www.itu.int/net/home/index.aspx), e de outras fontes confiáveis, sobre o acesso a Internet no mundo, apenas 1.501,100,712 foram as conexões a rede até Dezembro de 2009 (http://www.50×15.com/pt-br/internet_usage.aspx), num universo de quase 6,5 bilhões de habitantes (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u85050.shtml).

Sinónimo de aumento brusco de competitividade, mas não necessariamente de prosperidade, ao mesmo tempo em que dinamiza a economia mundial, milhares de pessoas ficam excluídas das evoluções tecnológicas e tendem a preservar o seu próprio conjunto de valores e crenças a nível local.

Como poucas coisas na vida são por acaso, e para quase tudo existe um fim ou propósito, o bonito lema da “colaboração, interactividade e tempo real” foi inserido no pensamento colectivo popular ao longo do século XX, para juntos formarem uma “Cultura da Flexibilidade Multimédia”, de validade inatingível e que representa o “indiscutível progresso de um povo”.

Referências

 

Castells, M. (2000). The Rise of the Network Society: The Information Age: Economy, Society and Culture. Malden: Blackwell Publishing.

Lévy, P. (1994). L’intelligence collective. Pour une anthropologie du cyberspace. Paris: La Découverte.

Lévy, P. (1997). Cyberculture.  Paris: Editions Jacob.

Lévy, P. (1990). Les technologies de l’intelligence. Paris: La Découverte.

Macluhan, M. (1967). The medium is the massage: An inventory of effects. UK: Penguin Books.

Macquail, D. (2010). Macquail´s Mass Communication Theory. London: Sage.

Walter, S. (2004). Think Global, Act Local. Edinburgh: Luath Press Ltd.

 

 

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