Opinião

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, QUE FUTURO?

foto.jpgEusébio Pinto, quadro são-tomense radicado em Angola, toma palavra em relação a situação política e social do país que o viu nascer.

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, QUE FUTURO?

Nos dias de hoje é comum ouvir-se os grandes líderes mundiais com intervenções relacionadas com a procura de soluções para a saída da crise, com a retoma económica, etc., pois o que se augura para as nações é o crescimento económico, que por sua vez deve proporcionar a distribuição equitativa da renda nacional para permitir a garantia do bem-estar dos cidadãos, gerando desta forma o desenvolvimento.

No caso de São Tomé e Príncipe, os considerados líderes, os políticos no caso, vêm demonstrando no decorrer dos últimos tempos uma postura que em nada se identifica com aquilo a que me refiro no parágrafo anterior. O que se assiste é uma tendência constante de lançamentos de dúvidas e confusões no seio das multidões, com claros objectivos de procurarem dividendos políticos. Por incrível que se pareça, alguns políticos santomenses chegam mesmo a demonstrar das mais levianas formas possíveis as suas apetências pela procura da garantia contínua dos seus “tachos”, que acabam por se transformarem em destacados autores de teatros, exibindo as suas cenas de formas tão desestruturadas, que até as plateias mesmo com direito a assistência gratuita, acabam por fechar os olhos e taparem os ouvidos. Acredito que grande parte da plateia chegue mesmo a tapar também os narizes devido ao cheiro nauseabundo das tais cenas.

Qualquer pessoa de bom senso e com sentido de humanismo optaria por prestar atenção aos noticiários sobre a desgraça que se abateu ao Haiti, do que fazê-lo sobre o que se ouve falar de S. Tomé. Uma autêntica vergonha!

Fica difícil de se compreender como membros de um partido que o eleitorado até confiou nas últimas eleições legislativas realizadas, embora em coligação com um outro partido, o direito de governar, possam  sistematicamente viverem  tamanhos desnortes, ao ponto de optarem por darem tiros constantes nos seus próprios pés, passando de artífices das esperanças do povo para autênticos palhaços da cena política santomense.  É coisa para se dizer que quando a cabeça não regula, o corpo é que paga! O pior é que o tal povo que os havia confiado o direito de governarem a nação santomense, deverá nesta altura estar  a dormir descansadinho, porque, na verdade, o voto desse povo não foi exercido de livre consciência, mas sim com efeito do “banho” a que se diz ser prática corrente em S. Tomé e Príncipe nas vésperas de qualquer corrida eleitoral.

Mas vendo bem a coisa, para aquelas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de sentirem o arrepio do famoso “banho”, por votarem em consciência ou por não poderem fazê-lo, como é o meu caso que já ando há aproximadamente duas décadas a viver no estrangeiro, fica difícil dormir sossegado, na medida em que as palhaçadas dos políticos palhaços acabam de alguma forma por frustrar o desejo de um dia podermos ter um país que nos orgulhe, onde cada cidadão possa viver com a mínima dignidade que o ser humano mereça, num ambiente em que os mais elementares requisitos para se atingir o bem-estar, como o direito á água potável, energia eléctrica, assistência médica e medicamentosa, assim como níveis aceitáveis de educação sejam uma realidade.

Por isso, gostaria de aproveitar para aqui apelar à todos os santomenses de boa-fé, de Porto Alegre ao Príncipe, a repensarem muito seriamente no futuro do nosso país.

Um bem haja a todos!

Luanda, aos 24 de Janeiro de 2010

Eusébio Pinto

Licenciado em Economia

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