Opinião

Boço Omessu Kachicana (Onde os olhos não chegam)

São-tomé e Príncipe é palco de danças de Roceiros e também de um sacrifício do ser supremo.A expressão sacrifício é usada aqui no seu termo original, no sentido de fazer com que algo se torne sagrado, e não no sentido de sofrimento.

A história da criação do mundo é a história do acto divino de criar o sagrado, um acto pelo qual Deus se torna no mundo, o qual se torna Deus. São-tomé e Príncipe é um gigantesco palco de uma peça divina que desempenha um papel de grande mágico.

Tudo está relacionado por fios invisíveis, rostos da mesma realidade.

Mas esta não é uma realidade imutável, é antes uma realidade marcada pelo conceito de que as coisas não são permanentes, de que o movimento e a transformação são inerentes à natureza.

As palavras ressoam pelo pátio como folhas largadas à passagem do vento.

A luz não é independente da sombra nem o negro do branco. Não há opostos, apenas relações.

Onde os olhos não chegam, a palavra não chega a mente não chega, não sabemos, não compreendemos, não podemos ensinar. As palavras só servem para objectos e ideias que nos são familiares.

Quando nos sentimos iludidos e cheios de dúvidas, nem mil livros bastarão.

Quando tivermos alcançado o entendimento, uma palavra já é de mais.

As gotas da chuva batem nas folhas das bananeiras mas não são lágrimas de pesar, é apenas a angústia de quem as escuta.

Todas as coisas e todos os acontecimentos estão ligados, unidos por fios invisíveis.

Mais do que isso, todas as coisas e todos os acontecimentos são todas as coisas  e todos os acontecimentos são a manifestação da mesma unidade.

Desejo a todos os candidatos, uma boa campanha eleitoral, que sejam bons “médicos” para os doentes e sofredores, que conduzam o País ao caminho do   bem-estar que todos desejamos.

Moscovo, aos 21 de Abril de 2011

Filipe Samba

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