Opinião

África Hoje

Na semana em que se comemora mais um 25 de Maio dia de África, venho refletir um pouco sobre esse continente que foi, é e continua a ser o “El Dourado” para as grandes potências.

A partir da afirmação: “África é um continente rico, mas os africanos não o sabem”, vou apoiar-me em alguns exemplos atuais para explicar a minha visão do África Hoje.

O continente negro foi sempre alvo de cobiças internacionais. Desde a busca por matérias-primas, os tão propalados descobrimentos que os Europeus no geral e os Portugueses em particular tanto se orgulham, até ao comércio de escravos e mais recentemente, o apregoamento do termo “El Dourado” para investimentos privados, tendo em conta as suas condições climatéricas, naturais e paisagísticas inigualáveis.

Neste contexto, fundamento a minha afirmação inicial ao dizer que os africanos ainda não se sentaram e refletiram com clareza, sobre “os porquês” desta cobiça internacional ao longo dos séculos. Pois é, “África é um continente rico, mas os africanos não o sabem”. No entanto, muitos poderão refutar os meus argumentos e apresentar alguns casos de sucesso, que demostrarão que afinal a coisa não é bem assim… Talvez até entenda, mas contínuo seguro da minha afirmação quando se trata do cômputo geral, ou seja, não descorando alguns casos bem-sucedidos aqui ou ali, como são os exemplos de Cabo Verde e das Seychelles, África no geral ou os países africanos de uma forma global, não valorizam a sua riqueza.

Continente abençoado, pela sua natureza exuberante e ótimas condições de fertilidade a vários níveis, é ao mesmo tempo amaldiçoado por guerras perpetradas por grupos radicais como o Boko Haram, por doenças como o ébola ou por outras ainda piores, que matam em números exorbitantes, mesmo que silenciosamente, como é o caso da corrupção política assumida no interior dos mais variados governos dos mais variados países.

Paradoxalmente e numa altura em que milhares de africanos fogem todos os dias dos seus países, massacrados pela fome, guerra e ditaduras em busca de uma vida melhor, sobretudo na Europa, acabando a aventura muitas vezes no fundo do mediterrâneo, prevê-se um crescimento anual de 5% para a economia de África nos próximos anos. Este último fator tem suscitado uma autêntica “Opa” das grandes potências sobre o continente, já que para estas o essencial sempre esteve à vista, o pior cego é aquele que não que ver: “África é um continente rico”.

Na vanguarda desta lista, está a China que distribuída um pouco por todo o continente, tenta marcar espaços com propostas avultadas de investimentos. Neste caso particular, há vozes que já vieram dizer que se trata de um claro oportunismo chinês, que tenta tirar partido de Estados frágeis e indefesos. Por outro lado, e esta é também a minha opinião, há quem assuma o interesse chinês por África como pura consequência da globalização e da necessidade das grandes potências se fazerem presentes onde sabem que podem maximizar o seu “return on investiment”.

Os Estados Unidos, a Rússia, a Inglaterra e a União Europeia são os outros crónicos interessados em África.

Alguns países do continente negro como Angola, apelidados de emergentes, têm de alguma forma convertido esse interesse estrangeiro em dólares. No entanto, a realidade económica não se traduz na melhoria das condições de vida para as populações.

Outros, como São Tomé e Príncipe, recebem mais de 10 milhões de euros anuais mas continuam com carências em todos os setores estratégicos para o desenvolvimento. É certo que no caso concreto das ilhas são-tomenses, há inúmeros projetos em carteira e o país tem deveras potencialidades para sim, ser transformado no tão propalado “Dubai de África”, mas tudo isto é futurologia, pelo que, a ver vamos…

Em suma, é tempo dos africanos assumirem a sua importância no mundo e compreenderem de uma vez por todas, que têm uma riqueza almejada por metade do mundo.

Brany Cunha Lisboa

 

1 Comment

1 Comment

  1. Voz do Povo

    28 de Maio de 2015 at 10:50

    STP será sim Dubai de África. Mas para isso, você e eu temos de trabalhar e deixar de estar a falar barato. Até parece que têm medo de ver STP melhorar. Puxa, credo raça! Pensamentos pequenos levam a resultados mediocres. Pensamentos grandes levam a resultados maiores. Pensemos grande e façamos a nossa parte.

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