Antes de debruçar sobre o tema, queria salientar que o texto não assume um moralismo de quem se julga puro. Apenas procuro fazer uma leitura de alguns fenómenos que estão presentes na nossa realidade quotidiana. Ao falar da unidade como fator de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe é necessário ter presente aquilo que são as diversidades políticas, económicas e sociais.
No entanto, falar da unidade na diversidade ou vice-versa parece um “remar contra a corrente”, como diz o dito popular. Contudo, é bom “remar contra a corrente” porque a sociedade contemporânea está marcada por uma incompreensão face a estes dois conceitos (unidade e diversidade) que estão sempre em dialogo permanente. Esta incompreensão estabelece uma fronteira nas nossas relações humanas e não permite o desenvolvimento da sociedade.
Segundo o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, a diversidade é a manifestação da unidade. No fundo, o sociólogo afirma que a unidade não é fazer obrigatoriamente tudo junto, nem pensar da mesma forma, nem perder a identidade política, económica e social. Unidade na diversidade é precisamente o contrário, é aceitar e reconhecer as diversas capacidades e colocá-las ao serviço de todos. Diz Edgar Morin, que quando entendermos esta relação que existe entre esses dois conceitos haverá uma relação saudável entre os homens e um possível desenvolvimento quer político, quer económico , quer social e humano.
Neste contexto, o Bem-comum é o princípio de união se cada um fizer a sua parte, ou seja, o Bem-comum é a chave para um desenvolvimento autêntico (para tornar a sociedade mais humana, mais digna da pessoa, é necessário revalorizar o amor na vida social- nos planos políticos, económicos, cultural-, fazendo dele a norma constante e suprema de agir.) No entanto, do meu ponto de vista, São Tomé e Príncipe só desenvolverá quando existir a verdadeira unidade que não é uniformidade.
A melhor forma de corrigir o mal é introduzir o bem na criação, (através de ato) e isso, tem que ser feito por nós porque nenhum outro ser irá fazer por nós. Portanto, queria salientar também que “a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no Bem-comum a longo prazo. Mas, contudo, o poder político tem muita dificuldade em assumir este dever num projeto de nação.”[1]
Pensando no bem do meu pequeno São Tomé e Príncipe, acredito que “hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana.”[2]
Vicente Coelho
[1] Laudato si,pág,132.
[2] Laudato si,pág, 139.
mê non
23 de Novembro de 2017 at 18:38
Meu caro, o seu artigo é pertinente. O grande problema é que os nossos políticos não veem isso. Eles só pensam neles e nos seus. O resto si vira com a vida. É a nossa atual realidade que é tão visível aos olhos de todos.
bento
23 de Novembro de 2017 at 21:46
Quanto a unidade não sei se é possível com estes nossos políticos de hoje. Muitos deles só querem saber das suas vidas. Temos como exemplo as intervenções deles no parlamento.
Sunguê
23 de Novembro de 2017 at 23:05
Tudo é possível, basta ser humano querer. Quando falo que tudo é possível me refiro a unidade. Como diz o artigo, falar da unidade em STP é “um remar contra a corrente” mas as vezes é necessário faze-lo para o bem-comum, o bem de todos.
Último
28 de Novembro de 2017 at 22:52
A cada dia que passa,vejo que nossos governantes têm que criar condições de modo a existir uma política saudável que prevê o bem de todos. Nesses últimos tempos, estamos a presenciar as vendas dos imigrantes africanos na Líbia.Tudo isso, está a acontecer porque a maior parte dos governos africanos não criam bem no seu próprio país. Não pensam em criar postos de trabalho ao longo prazo. As vezes,noto que nossós governantes têm amor para com o nosso povo e o nosso país. A meses a trás desapareceu um navio de STP no amor. Hoje não se ouvi nada sobre isso. Nota como somos indiferente aos nossos semelhantes.
Santomê
10 de Dezembro de 2017 at 17:54
Bom texto. Falta-Nos esta unidade de fato.