Opinião

Combater o Racismo no Mundo

O crescimento do racismo tomou de novo proporções de ameaça clara e imediata, em todos os continentes e todos os grandes “grupos raciais”. Ligado a ideologias populistas, surge sob disfarces, porque os racistas sabem que racismo não é opinião, é crime contra a humanidade, seja qual for a cor dos agressores e dos agredidos.

Os disfarces principais são o chamado identitarismo ou o fundamentalismo religioso e, grande parte dessa ameaça está organizada em grupos financiados pelo grande capital ou por capital delinquente.
Os discursos racistas têm em comum:

  • afirmação da “pureza racial”, negando resultantes históricas e culturais obtidas apesar ou contra as opressões, as discriminações e os poderes do atraso;
  • consideração da raça como critério fundamental, tanto no reconhecimento de direitos de cidadania, como nos privilégios causadores de desigualdade social.
  • prática de intimidação, que pode ir até várias formas de terrorismo, para imporem silêncio a todas as vozes críticas, mesmo em pequenos detalhes.
    Tal quadro é inaceitável e inegociável por pessoas como nós, envolvidas em vários momentos históricos nas lutas de libertação e/ou democratização de nossos países, enfrentando ameaças sob condições extremas. Pertencemos a diversos países falantes de português, estabelecemos entre nós relacionamentos culturais permanentes e somos Não-raciais.
    A “raça” em nada nos define e combatemos sua utilização para definir Cidadania, criar antagonismos e perseguições.
    O racismo disfarçado em larga escala não é uma novidade, pois assim tem sido praticado nos nossos países desde sempre. O discurso do ódio contra pessoas em virtude de seus traços biológicos exteriores ou definições de cultura sob bases raciais, também são antigos e tiveram os pontos altos no nazismo.
    Inserido nas ideologias populistas ou em projetos de pequenos grupos orientados para reforço ou constituição de elites político-económico-sociais, o racismo nas suas configurações atuais apresenta três eixos maiores:
  • a acusação à imigração como ameaça e causa das crises económicas, mesmo em países tradicionalmente produtores de grandes vagas migratórias;
  • a manutenção dos privilégios e poderes herdados de períodos anteriores, como o colonialismo e ditaduras;
  • o recurso à “carta da raça” por pessoas que se apresentam como vítimas objetivando alcançar posições dentro das elites dominantes.
    Este “triangulo” prolonga e pode perpetuar o racismo, em virtude da ausência de políticas públicas consequentes e eficazes, das pressões daqueles setores interessados no prosseguimento dessa mesma ausência e dos obstáculos criados pelos jogadores da “carta da raça” à criação de amplos movimentos democráticos capazes de combater o racismo.
    É uma tríplice cumplicidade, inscrita na História de séculos, inclusive nas suas práticas mais cruéis. Porém, é importante sublinhar que os três fatores não têm igual peso, cabendo a responsabilidade principal aos poderes desinteressados na mudança.
    O racismo na sua fase atual tem ainda dois complementos, vindos de épocas anteriores, que se confundem com ele próprio: a xenofobia e o etnicismo, às vezes designado por tribalismo, cujas práticas sangrentas já causaram até genocídios.
    Neste contexto, assinalamos alguns princípios tão simples quanto decisivos no sentido da construção de sociedades não raciais:
  • a intimidação e as tentativas de estigmatizar são atitudes abomináveis que têm de ser confrontadas sem medo nem recuo;
  • a deformação da História, com embelezamento de tragédias seculares, criação de mitos ou falsos heroísmos, são manipuladoras e servem de base às campanhas racistas de várias fontes;
  • o racismo e seus complementos são sempre produto de regimes injustos ou projetos para os estabelecer. Portanto, o combate antirracista radical é parte da luta mundial pela democracia e a prosperidade, mesmo quando se constituam movimentos específicos para esta frente de combate.
    São estas as reflexões de base que, neste dia, deixamos à consciência e decisão moral daquelas e daqueles para quem o racismo, com todas as suas vertentes e complementos, é crime contra a humanidade.
    Em várias partes do mundo, 25 de maio de 2022

Ana Maria Faria – Professora – Angola/Portugal
Angela Carrascalão – Professora, ex ministra da Justiça de Timor Leste – Timor Leste/Portugal
David Capelenguela – Escritor – Angola
Eugenio Inocêncio – Economista e Escritor – Cabo Verde
Fernanda Almeida – Jornalista – Portugal/Moçambique
Fernando Tavares Alves – Urbanista – França (Guyane)/Angola
Germano Almeida – Escritor – Cabo Verde
Gisela Martins – Jurista – Angola
Jonuel Gonçalves – Pesquisador universitário e Escritor – Brasil/Angola
José Eduardo Agualusa – Escritor – Angola
Katia Casimiro – Escritora – Portugal/Guiné Bissau
Leão Lopes – Escritor e Reitor de Instituto Universitário – Cabo Verde
Lectícia Trindade – Escritora – São Tomé e Príncipe
Lopito Feijó – Poeta – Angola
Maria Eduarda Albino – Administradora Cultural – Brasil
Maria João Telles Grilo – Arquiteta – Portugal/Angola
Shirlei Victorino – Professora – Brasil
Silvia Milonga – Jornalista – Portugal/Angola
Tchiangui Cruz – Professora e Poeta – Angola/Portugal
Raimundo Salvador – Jornalista – Angola

4 Comments

4 Comments

  1. Sem assunto

    27 de Maio de 2022 at 13:31

    Isto é igual a nada!
    Abel não aceita estes tipos de matérias nulas sem conteúdo e expressão terem tempo de antena no seu jornal, sob pena de o mesmo vir a cair no ridículo.

  2. Margarida Lopes

    27 de Maio de 2022 at 21:52

    Os 1os complexados que se rejeitam porque não se aceitam como são…são os próprios NEGROS, que fazem o seu AUTO-RACISMO, raspando a pele com produtos tóxicos: cremes, ólios, comprimidos, injeções etc para ficarem com a TEZ mais clara, põêm tissagens, perrucas postiças lisas, louras platinas, etc etc, sem esquecer das cores de maquilhagens para tipos européus.
    Aliás, a senhora que se apresenta na foto é deste estilo ( cabeleira longa, lisa, etc). Como é que podemos ser CREDÍVEIS sobre este tema ,ou seja, neste combate quando rejeitamos a pessoa que nós somos? Apresentando-se assim com tal aspecto o que é que a senhora espera como reação dos seus adversários brancos ( supostos serem RA-CIS-TAS)? É palhaçada…comece por se assumir,por se aceitar para que os outros vos respeita e vos aceite tal que vós sóis.
    Lamento ouvir que há RACISMO na sociedade ora que o próprio negro se detesta a ele mesmo e procurando sempre ser outro…mais próximo da tipologia caucasiana. O problema está em alguns de nós e não no outro que é diferente. Reflitam 1o, antes de se queixarem .

    • Sem assunto

      28 de Maio de 2022 at 19:39

      Nem mais, Margarida Lopes! Na verdade estas tópicas acareta alguma notoriedade para aqueles que a defendem, razão pela qual muitos sem frequência e gabarito movido por desejo de aparecer embarcam nestas aventuras, a menina da foto é uma delas.

  3. Lucas

    29 de Maio de 2022 at 4:35

    A senhora da foto está a dizer eu não gosto de ser preta está à vista
    Haja paciência!

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