Opinião

A vida humana importa, o bem-estar de STP é urgente!

São Tomé e Príncipe, um Estado insular e de uma economia fragilizada, absolve-se muito pela sua conjuntura nacional de alternância política e, por vezes, de instabilidade político-partidária. E face às incertezas em relação ao futuro, impera no seio são-tomense, hoje mais do que nunca, o receio de um futuro comprometido e de um país no limiar de um precipício.  

Ora, em pauta, a política constitui-se um conceito em si polémico. Não poderia ser diferente em São Tomé e Príncipe. A política expressa os diversos interesses em conflito na sociedade. O “árbitro” deste jogo é – ou deveria ser – o povo (essa entidade abstrata que significa tudo e nada). A política nutre-se da polémica: os vários interesses econômicos, sociais, partidários, egoístas etc., se manifestam através da disputa de ideias e propostas em permanente colisão e negociação. Já Aristóteles, em sua obra A Política, afirmou que “o fim da política não é viver, mas viver bem”. A ideia que temos hoje de que a política é a luta constante pelo bem comum, pela justiça, o bom governo etc., remonta à tradição aristotélica, à filosofia política de Platão e ao pensamento cristão medieval.

Se a política é, como afirmamos, essencialmente a oposição e luta entre interesses diferenciados e antagônicos, então, a ideia de política como a busca incessante do bem-comum é um projeto irrealizável nos marcos da própria existência da política. E os dias que correm na nossa República, São Tomé e Príncipe, acusa a questão. Enfim, Maquiavel, culpado da acusação, “política é sobretudo a arte de conquistar, dominar e manter o poder político”.

Desmistificar a ilusão democrática da política e do Estado como agentes do bem comum, parece-me um bom começo. Polémico, é verdade. Mas o que seria da política se não pudéssemos polemizá-la!? Suprimir o pensamento divergente foi – e ainda é – o sonho dos ditadores de ontem e dos que estão por aí, de plantão, disfarçados sob as máscaras de democratas de última hora.

Quando a política deixa de servir o Bem-Estar da sociedade, ela enxovalha vidas alheias e inocentes (povo), o destino da nação e compromete o desenvolvimento nacional. Ser agente da política, ou político, como quisermos, devia ser por legitimidade e honra e não devia ser tomado pela força ou cúpula, pela ganância ou interesses iludentes.

Onde reside, efetivamente, o interesse e a vontade Política dos agentes ou políticos da república democrática de São Tomé e Príncipe? É legitima e expressa as suas vontades de servir e forjar o desenvolvimento e bem-estar da sociedade são-tomense?

Quando a política de um Estado é tomada pela ganância, a vida humana da sua gente deixa de ser um direito supremo e universal, digno de respeito supremo; os valores democráticos como a justiça, a soberania das instituições, a liberdade de expressão e, acima de tudo, o bem-estar coletivo (a educação, a saúde, a segurança, alimentação, empego, a paz) transformam-se em reféns dos sufrágios. 

Enfim, numa atual fase do governo e da própria história democrática do país, importa mais a harmonia, a disciplina política, a transparência, o trabalho, a vontade política, o patriotismo a concordância, o respeito e cumprimento da constituição, a aceitação de um trabalho conjunto, a colaboração inclusiva e coletiva, o conhecimento da evolução da situação internacional para iluminar o entendimento da estratégia nacional etc.

Definitivamente, São Tomé e Príncipe não dispõe mais de muito oxigénio para andar a navegar debaixo da água. Não precisamos mais de cenário político que atrase o processo da estabilidade e desenvolvimento. Aliás, a vontade do povo expressa no sufrágio, de há poucos tempos, é também um direito a ser respeitado, por mais que uns e outros não concordem.

Serei o culpado da acusação se questionar: a Vida humana importa? O bem-estar de São Tomé e Príncipe é urgente? (…) E provavelmente, serei vítima se responder: Sim, a Vida humana importa. Sim, é urgente o bem-estar de São Tomé e Príncipe.

Euclides das Neves

Curso Superior em Filosofia, mestrando em Diplomacia e Relações Internacionais

6 Comments

6 Comments

  1. Cha

    26 de Novembro de 2022 at 17:45

    Quando a encarnação da ganância sobe ao poder, somos nós, o povo, que sofremos, e aqueles que sempre defenderam a estabilidade política do país são as maiores vítimas desta ganância.

  2. António Das Neves Cardoso

    26 de Novembro de 2022 at 18:19

    Com toda a certeza. ” A vida humana importa”. Seja qualquer crime e posições que estiver uma pessoa numa sociedade. Temos sim, que respeitar a constituição da nossa Republicar. Obrigado.

  3. Sem assunto

    26 de Novembro de 2022 at 18:44

    “Suprimir o pensamento divergente foi – e ainda é – o sonho dos ditadores de ontem e dos que estão por aí, de plantão, disfarçados sob as máscaras de democratas de última hora.” Palavras para quê?
    Este pequeno trecho, extraído, do excelente artigo do caro articulista, deveria ser esfregado na cara de cães de guarda ,do Gabonês de m.da, tais como: Abenilde Oliveira, Zé António, Celmira Sacramento, Bala, Mateus Ferreira, Orlando da Mata, Elísio Texeira, Augério Vaz, Nilton Medeiros, Geronimo Moniz e metade do povo de São Tomé que defende de pés juntos aquela aberração disfarçado em politico e defensor da pátria.

  4. Célio Afonso

    27 de Novembro de 2022 at 11:51

    A vida humana é o bem mais precioso existente em qualquer sociedade. Mas quando impera a ganância, ela é o bem menos precioso.
    Num verdadeiro estado de direito não é admissível torturar cidadão até a morte.
    STP ja foi estado de direito. Mas, lamentavelmente hoje ja não é.
    Muito triste e revoltante os acontecimentos dos ultimos dias no país!!!!!

  5. Ednelsio Barreto

    27 de Novembro de 2022 at 13:24

    A vida humana importa! Sim, o bem-estar de São Tomé é urgente! é…São Tomé e Príncipe sempre, o bem sempre vence o mal, e o amor sempre vencerá o ódio, a ordem a desordem.

  6. Margarida lopes

    2 de Dezembro de 2022 at 10:54

    Graças aos elementos (videos, fotos, discursos…)que todos nos possuimos, o Patrice TROVOADA e aos seus capetinhas estao MAL…as provas falam e estas provas estao em muitas maos, se um de nos morrer, sobrarà sempre UM para fornecer PROVAS.
    Patrice TRVOADA, mesmo dando três voltas na pista onde està aterrado o aviao ou outras cerimônias misteriosas vai ser dificil fazer calar as pessoas.
    O tempo nos dirà!

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