A implementação de um sistema de e-Government (e-Gov) para a digitalização dos serviços públicos é uma ação fundamental para São Tomé e Príncipe. Esta ação tem como objetivo tornar o governo mais acessível, transparente e eficaz, particularmente em uma nação onde a infraestrutura física é restrita e as demandas da população demandam respostas rápidas e contemporâneas. A organização do e-Gov atua também como base para o progresso sustentável, ligando o governo aos cidadãos de maneira inovadora e reativa.
Se eu estivesse no governo, optaria por uma estratégia gradual e bem estruturada, dividida em fases que iniciam com a implementação de infraestrutura digital básica e progridem para serviços mais avançados como um assistente virtual e um portal de transparência totalmente integrado.
- Acesso Simplificado a Serviços Públicos: Consolidar os serviços governamentais em uma única plataforma online, onde cidadãos possam acessar serviços essenciais sem necessidade de deslocamento.
- Fortalecimento da Transparência: Prover acesso fácil a relatórios de gastos, projetos e investimentos governamentais, fortalecendo a confiança pública e reduzindo práticas de corrupção.
- Modernização e Eficiência Administrativa: Automatizar processos internos, reduzindo a burocracia e otimizando a resposta do governo ao cidadão.
- Conexão Direta com a População: Melhorar a comunicação com os cidadãos por meio de um assistente virtual e canais de feedback que aproximem o governo das necessidades populares.
Organização do Sistema de e-Gov ou seja, para que o sistema funcione de maneira ideal, proponho a seguinte estrutura:
1. Internet e Conectividade
- É crucial que a população tenha acesso à internet para poder interagir com o sistema e-Gov. Entre as alternativas de conectividade, a rede Mesh se sobressai como uma alternativa econômica e eficiente, particularmente quando comparada às tecnologias LTE e 5G.
- Rede Mesh como Alternativa Econômica e Viável: A rede Mesh é composta por uma sequência de pontos de acesso conectados, formando uma rede de conexões. Ela possibilita a cobertura de áreas amplas sem a necessidade de torres de grande alcance, diminuindo dessa forma os gastos com infraestrutura. Esta flexibilidade é especialmente vantajosa para São Tomé e Príncipe, onde muitas áreas ainda carecem de infraestrutura digital.
- Comparação com LTE e 5G: Apesar de as tecnologias LTE e 5G proporcionarem alta velocidade e latência reduzida, a sua aplicação em grande escala requer a construção de torres específicas e manutenções regulares, acarretando custos elevados de instalação e manutenção, além de um consumo elevado de energia. Por outro lado, a Rede Mesh apresenta um custo inicial consideravelmente inferior, já que pode ser formada por roteadores e dispositivos menores que se interconectam automaticamente, criando uma rede sólida e estável, que pode ser ampliada à medida que a necessidade de cobertura cresce.
- Expansão da Infraestrutura de Rede: O governo tem a capacidade de formar alianças com provedores locais e internacionais para expandir a cobertura da internet, adotando a Rede Mesh como alicerce inicial e investindo em LTE ou 5G em regiões com alta densidade demográfica. Assim, a cobertura e o acesso à internet tornam-se mais abrangentes e economicamente viáveis.
- Subsídios e Incentivos: Proporcionar auxílios para diminuir os gastos com internet e ampliar sua acessibilidade, particularmente para famílias de menor renda. Isso contribui para assegurar o acesso da população aos serviços digitais, inclusive em regiões rurais e menos desenvolvidas.
2. Aluguel de Data Center Seguro
Estabelecer um centro de dados próprio representa um desafio em termos de gastos e manutenção. Escolher alugar um data center na nuvem proporciona mais segurança, capacidade de expansão e confiabilidade para alojar o sistema e-Gov. Por meio de serviços de nuvem, como AWS, Google Cloud ou Azure, o governo tem a capacidade de implementar a infraestrutura com segurança reforçada e elevada disponibilidade.
- Proteção de Dados e Recuperação de Desastres: Os principais fornecedores de centros de dados na nuvem implementam medidas severas de segurança cibernética, que incluem criptografia, rastreamento de invasões e protocolos para recuperação após desastres. Isso dispensa o investimento em uma equipe interna de cibersegurança, possibilitando ao governo concentrar-se na administração do sistema e-Gov e no serviço ao cidadão.
- Escalabilidade e Adaptabilidade: À medida que a procura aumenta, a infraestrutura na nuvem possibilita o aumento da capacidade do sistema sem a exigência de investimentos adicionais em hardware. Isso é crucial para acompanhar o crescimento de novos serviços e o crescimento do número de pessoas ligadas.
3. Criação de Sistemas Integrados e Cadastro Único
Para otimizar a eficiência do e-Gov e prevenir redundâncias, é crucial unificar os sistemas já existentes em um único ambiente digital. A formação de um único registro possibilita a centralização e acesso seguro de todas as informações vitais de cada pessoa.
- Cadastro Único do Cidadão: permitirá que todos os ministérios e entidades governamentais obtenham informações pertinentes sem a necessidade de duplicar dados.
- Interligação entre Departamentos e APIs: Cada departamento poderá acessar o sistema conforme suas demandas, utilizando APIs confiáveis para comunicação. Por exemplo, o setor de saúde poderá consultar os registros médicos, enquanto o setor financeiro poderá acompanhar a situação fiscal do indivíduo em tempo real.
- Portal do Cidadão: O portal unificado disponibilizará aos cidadãos uma gama de serviços, que vão desde a solicitação de documentos e consultas até o pagamento de taxas, tudo em um único ambiente.
4. Desenvolvimento de Ferramentas de e-Government(e-Gov)
O sistema de e-Gov será composto por módulos que atendam a diferentes necessidades da população e do governo. A seguir, alguns dos principais componentes do sistema:
- Sistema de Pagamento Online: Para taxas e impostos, permitindo aos cidadãos realizar pagamentos de forma rápida e conveniente.
- Serviços de Saúde e Educação: Agendamento de consultas e matrículas, além de acesso ao histórico escolar e médico, facilitando o acompanhamento dos serviços essenciais.
- Portal da Transparência: Divulgação de relatórios financeiros, concorrências e contratos de maneira compreensível para o público, incentivando a transparência.
- Sistema de Agendamento para Atendimento Presencial: Para serviços que ainda exigem presença física, o sistema de agendamento online reduzirá filas e garantirá um atendimento mais eficiente.
5. Implementação de um Assistente Virtual Inteligente
Para melhorar o acesso à informação e reduzir o tempo de resposta, o sistema de e-Gov incluirá um assistente virtual, disponível 24/7, capaz de responder a perguntas e orientar os cidadãos no uso da plataforma.
- Disponibilidade Contínua: O assistente virtual estará disponível em todos os horários, oferecendo respostas automáticas e reduzindo a necessidade de suporte humano.
- Inteligência Artificial e Machine Learning: Com o tempo, o assistente aprenderá com as interações dos utilizadores, fornecendo respostas mais precisas e contextualizadas.
- Suporte Multilíngue: Considerar suporte multilíngue para garantir acessibilidade a todos os cidadãos.
Caminhos a Seguir: Planejamento e Implementação
Caso fosse líder de governo, adotaria a seguinte abordagem para garantir o sucesso do sistema de e-Gov:
- Estabelecer as Parcerias Estratégicas: Trabalhar em conjunto com provedores de internet, empresas de tecnologia e especialistas em cibersegurança para construir uma infraestrutura confiável e acessível.
- Execução e Feedback: Lançar o sistema de e-Gov em fases, começando com serviços de alta demanda e em áreas urbanas, e expandindo gradualmente após o feedback do público e a resolução de possíveis problemas.
- Educação e Inclusão Digital: Oferecer programas de alfabetização digital para que os cidadãos possam utilizar o sistema de e-Gov de forma plena, especialmente nas regiões menos digitalizadas.
- Monitoramento e Aperfeiçoamento Contínuo: Manter um processo contínuo de avaliação de desempenho do sistema, buscando melhorias e inovações que acompanhem o avanço da tecnologia e as novas demandas da população.
Conclusão
A implementação de um sistema de e-Gov em São Tomé e Príncipe é uma solução viável e transformadora para modernizar a administração pública, melhorar a eficiência e fortalecer a transparência. Ao adotar um data center em nuvem e integrar serviços essenciais em uma plataforma centralizada, o governo pode oferecer serviços mais acessíveis e confiáveis aos cidadãos.
Por:Olívio Carvalho Araújo 11/2024
Aguinaldo Espirito Santo
4 de Novembro de 2024 at 21:24
Olá Olivio,
Venho por meio deste expressar minha concordância com a abordagem e demache de como implementar a solução e-gov. É realmente importante ter uma solução eficiente e segura para garantir a celeridade e transparência no acesso aos serviços públicos.
No entanto, gostaria de levantar um ponto que considero importante e que não vi muito evidenciado na discussão até agora. Refiro-me às desvantagens de termos uma solução completamente baseada nas nuvens.
Apesar de trazer muitos benefícios, como a facilidade de acesso, a escalabilidade e a redução de custos, o uso de serviços em nuvem também pode trazer riscos, como a perda de controle sobre os dados, vulnerabilidades de segurança, dependência de um único provedor de serviços e problemas de interoperabilidade.
Portanto, acredito que seria importante que a discussão sobre a implementação da solução e-gov também abrangesse uma análise completa dos riscos e desafios envolvidos na adoção de serviços em nuvem e como minimizá-los.
Abaixo o link de um trabalho feito em 2014. Pode ser que ajuda neste trabalho de reflexão.
https://www.telanon.info/politica/2014/11/06/17877/soberania-de-stp-pode-ser-posta-em-causa-pelo-sistema-te-telecomunicacoes/
Saudações,
Aguinaldo E. Santo
Olivio Araujo
6 de Novembro de 2024 at 20:25
Olá! Agradeço muito pelo seu comentário e por levantar pontos tão importantes. Sua observação sobre os riscos associados a uma solução inteiramente baseada na nuvem é extremamente válida, e é uma questão de grande importância para o planejamento do sistema de e-Gov.
No artigo inicial, adotei uma abordagem mais direta para simplificar a proposta e ilustrar os elementos essenciais de uma implementação de e-Gov para São Tomé e Príncipe. Porém, com seu feedback, ficou claro que uma análise mais abrangente sobre os riscos e as possíveis alternativas tecnológicas pode fortalecer ainda mais a estratégia.
Dado isso, uma solução híbrida se destaca como uma alternativa promissora. Essa abordagem combina o uso de data centers locais com a flexibilidade da nuvem para otimizar segurança e controle sobre os dados mais críticos, enquanto mantém a escalabilidade e a capacidade de recuperação em casos de falhas. Aqui está como isso poderia funcionar:
Maior Controle dos Dados Sensíveis: Dados sensíveis permaneceriam em infraestrutura local para garantir proteção e soberania. Isso oferece uma camada de segurança robusta, ao mesmo tempo que respeita a privacidade e a soberania de dados do país.
Escalabilidade com a Nuvem para Serviços Menos Críticos: Para informações menos sensíveis, a nuvem é ideal e permite expandir serviços rapidamente e com menos custos. Esse equilíbrio traz flexibilidade, reduzindo a carga sobre a infraestrutura local.
Redução da Dependência de Provedores Externos: Ao adotar uma estrutura híbrida, podemos diversificar entre provedores locais e globais, evitando o risco de dependência excessiva.
É realmente enriquecedor poder contar com contribuições que ajudam a aperfeiçoar nossa visão. Agradeço pela referência ao trabalho de 2014; certamente, aprofundarei esse aspecto no planejamento e nos próximos artigos.
Olivio Araujo
7 de Novembro de 2024 at 18:16
Como mencionei anteriormente, uma solução híbrida poderia ser uma alternativa estratégica muito interessante para nosso país, principalmente devido à flexibilidade que ela oferece. Países como Estônia, Cingapura, Alemanha e Índia já adotam esse modelo com grande sucesso, equilibrando a conveniência da nuvem com a necessidade de controle rigoroso sobre dados críticos. Eles continuam utilizando essa abordagem até hoje, constantemente aprimorando-a para lidar com as novas demandas tecnológicas e cibernéticas, sem abrir mão da segurança e soberania.
Em particular, a experiência de países como a Estônia com seu “Data Embassy” e a Índia com sua estratégia “Digital India” serve como uma excelente referência. Eles não apenas mantêm dados sensíveis localmente, mas também criaram modelos que permitem o uso de nuvem para serviços não sensíveis, garantindo assim escalabilidade e agilidade na implementação dos serviços digitais, enquanto protegem informações sensíveis com altos padrões de segurança.
No caso de São Tomé e Príncipe, é possível adotar um modelo semelhante, onde dados críticos, como registros de identidade e informações de saúde, sejam mantidos em infraestrutura local (como data centers dentro do país), ao mesmo tempo que o uso de nuvem pública e privada pode ser explorado para serviços de menor risco, como o pagamento de taxas, solicitações de documentos, ou agendamentos de serviços.
Além disso, ao integrar provedores de nuvem locais e internacionais com uma abordagem flexível e rigorosa de segurança, podemos garantir a proteção de nossos dados, sem ficar refém de um único provedor, como você corretamente mencionou.
Por fim, é importante destacar que a discussão sobre o equilíbrio entre nuvem e infraestrutura local está em constante evolução, e a solução ideal deve ser construída com base nas necessidades de São Tomé e Príncipe, levando em consideração as capacidades de infraestrutura e os requisitos de segurança do país. Um modelo híbrido, bem estruturado e adaptável, pode ser a chave para garantir que nosso sistema de e-Gov seja seguro, escalável e eficiente.
Fico à disposição para qualquer outra dúvida ou sugestão que você queira compartilhar!
Danilo Salvaterra
7 de Novembro de 2024 at 4:06
Quanto ao ponto 2
A Tecnisys-Sistema Tecnologias Informáticas, tem capacidades instaladas para fornecer estes serviços,já que o seu parceiro tecnológico é um dos maiores provedores de serviços internet num dos países Europeus mais competitivos nesse campo.