Opinião

O Isolacionismo Americano vs. A Queda de Regimes Totalitários em África

Nome: António Viegas Bexigas

O Isolacionismo Americano vs. A Queda de Regimes Totalitários em África

O espírito nacionalista americano, fez chegar ao Gramado da Casa Branca, a 20 de Janeiro de 2017, um homem cujo slogan de campanha era “MAKE AMERICA GREAT AGAIN” (MAGA, curiosamente usado por Ronald Reagan na campanha presidencial de 1980), tendo a sua campanha debruçado em grande parte, sobre questões de carácter individualistas, xenófobos ou até mesmo racistas. Advogando, desde a primeira hora o “não” ao Obamacare (Lei de Proteção ao Paciente e Atendimento Acessível, que abrange o seguro de saúde e que tem como objetivo regular os preços dos planos de saúde e seguros, baixar o custo no seu acesso, quer para o Estado, quer para os cidadãos); a construção de uma muralha para delimitar a fronteira entre os EUA e o México, com o objetivo de diminuir a taxa de imigrantes clandestinos e de droga (sendo que esta deveria ser paga pelo governo mexicano); a imposição de barreiras aos imigrantes Muçulmanos; a renegociação de alguns tratados comerciais (como, por exemplo, o  Acordo de Livre Comércio da América do Norte e o TPP –  Parceria Transpacífico), ou até mesmo em acordos de carácter universal (como aconteceu com o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, que os EUA decidiram abandonar com o argumento de que a sua retirada seria para “proteger os Americanos”). Enfim, tem sido este o percurso nacionalista seguido pela Administração Trump, com frases como: “Vamos tirar nosso povo da dependência da segurança social e dar-lhe trabalho outra vez – reconstruindo o nosso país com mãos americanas e mão-de-obra americana. Vamos nos pautar por duas regras simples: compre o que é americano e contrate quem é americano.” Donald Trump, o 45º Presidente americano, tem repetido sistematicamente estas ideias-força um pouco por todo o espaço físico por onde passa.

Em contrapartida, esse espírito patriota, tanto alimentado por Trump, tem-se repercutido, no meu entender em África, de tal forma que temos assistido, nos últimos tempos, a uma mudança bastante significativa na política externa de alguns Estados, e em certos casos, à queda de regimes, que até recentemente eram vistos como “Muralhas imbatíveis”. É verdade que fatores internos também terão sido preponderantes, nessa viragem da moeda, mas é indubitável que a Febre “TRUMPISTA” terá chegado a África.

Para tornar mais nítida a perceção, temos como exemplos de regimes que entraram em ebulição: o caso da Gâmbia, em que, depois de mais de 20 anos de poder do então presidente Yahya Jammeh, se vê o regime a entrar em colapso em janeiro do ano em curso, com a vitória nas urnas do então presidente Adama Barrow. O regime angolano, onde, embora a passagem de pasta tenha acontecido de forma pacífica, nota-se de longe que houve pressões internas e externas para que a transição fosse feita, o que aconteceu com a saída de José Eduardo dos Santos depois de cerca de 39 anos de poder, propondo João Lourenço como o seu sucessor. E para fechar com chave de ouro, temos o caso mais recente do Robert Mugabe, que era, até à semana passada, o presidente mais velho da África, tendo acumulado mais de 30 anos de poder, e que vê o seu castelo de areia desmoronar-se quando é surpreendido com um “golpe de estado militar” cujo único objectivo era a sua substituição, o que vem a acontecer a 21 de Novembro, com a nomeação de Emmerson Mnangagwa (seu antigo vice-Presidente) para presidente interino.

Por conseguinte, o objetivo do paper (Artigo) é de provocar uma análise crítica do leitor, para o encadeamento das questões que acontecem na cena internacional, de como uma se relaciona com as outras e, sobretudo, o de compreender como é que a política interna de um ator preponderante pode influenciar a política externa de outros Sujeitos Internacionais.

 

 

 

7 Comments

7 Comments

  1. pedro Saraiva

    4 de Dezembro de 2017 at 15:36

    Muito bom Artigo, felicito-lhe pela Publicação, visto que nem sempre a juventude apresenta-nos Documentos Como esse. Porém penso que deveria aprofundar mais sobre o Tema e é óbvio que nos daria uma excelente tese de Mestrado/Doutoramento, pense nisso! Bem haja.

  2. kátia sousa

    4 de Dezembro de 2017 at 15:41

    essa questão é bastante pertinente, penso que está bem abordada. meus Parabéns!

  3. Macaco velho

    4 de Dezembro de 2017 at 16:02

    É isso que nós queremos, ver a nossa juventude produzindo conhecimento.

  4. Anisio Fortes

    4 de Dezembro de 2017 at 21:51

    Felicito pela publicação, tendo em conta que as questões abordadas são da actualidade e de extrema importância para se entender a trajectória da «era Trump» e as repercussões desta a África/Mundo.

  5. Tomé D'almeida

    4 de Dezembro de 2017 at 23:28

    Grande Bexiga, argumentos logico. Parabens. Stp com mente brilhante..

  6. Marco lima

    6 de Dezembro de 2017 at 10:19

    É de grande valia esta opinião abordando os factores da politica externa e a forma como estas influencia outros Estados, principalmente quando providas de uma potencia mundial.
    De salientar que STP como um ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO temos que ter em conta algumas influencias externas do ponto de vista negativo de forma a não acede-las,sob o risco da nossa democracia cair em colapso.

  7. Anylton Fernandes

    11 de Dezembro de 2017 at 8:13

    Meu Primo, é com grande satisfação e orgulho que felicito-lhe pelo artigo. Aproveito o ensejo para encoraja-lo a investigar mais afim de brindar-nos com estes artigos, que só nos trará bons resultados e consequentemente a abertura da nossa mente. Aquele abraço.

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