“Almada por Contar”, é uma exposição, que mostra alguns trabalhos inéditos de Almada Negreiros. Trabalhos ainda desconhecidos pelo público. O Centro Cultural Português em São Tomé recorreu à Fundação Calouste Gulbenkian, à Biblioteca Nacional de Portugal e aos herdeiros de Almada Negreiros, para compilar 3 colecções de fotografias.
Pedro Meireles, quadro expatriado de Portugal, que trabalha na direcção do ensino superior, definiu Almada Negreiros como um homem muito completo.
«A principal referência de Almada Negreiros foi ter aberto várias formas de arte ao mundo. Citando um outro poeta, Almada fez quase tudo de quase todas as maneiras possíveis», afirmou, Pedro Meireles.
Desenhador, pintor, escritor, figurinista, cenógrafo, bailarino, encenador, performer, guitarrista, geómetra. Almada Negreiros foi um autodidacta que nasceu na roça Saudade, na ilha de São Tomé, em 1893. Deixou São Tomé quando tinha 7 anos de idade. Se fosse vivo teria completado 130 anos em Abril último. Um autodidacta.
«Nunca andou numa escola de artes. Tudo que aprendeu, aprendeu sozinho ou com outros artistas, e tem, trabalho feito em todas as formas de arte conhecidas», revelou Paulo Pereira(na foto), directora do centro cultural português.
Um artista que brilhou no início do século XX, mas que continua actual. «Ele será sempre actual, é um modernista, será sempre um homem do futuro. O legado que ele deixou é importantíssimo e é actual ainda», acrescentou Paula Pereira.
A exposição foi inaugurada no dia internacional da língua portuguesa, 5 de Maio. «Se olharem para a exposição, são fotografias dos trabalhos dele. Muitos deles são trabalhos inéditos, desconhecidos do público em geral», pontuou a director do centro cultural português.
Almada Negreiros simboliza também a união entre São Tomé e Príncipe e Portugal. António Leite, secretário de Estado da Educação de Portugal foi uma das personalidades presentes na abertura da exposição.
«Esta comemoração de pessoas que nos unem, acho que é uma excelente forma de nós comemorarmos também a língua portuguesa e a vivermos em conjunto, falando no mesmo idioma», declarou o secretário de Estado de Portugal.
Almada continua a ser estudado, segundo António Leite é um artista bem conhecido dos portugueses. «O que não é bem conhecido dos portugueses é que ele é natural de São Tomé», concluiu.
Almada por Contar é uma combinação de arte, cultura e ciência disponível ao público no centro cultural português em São Tomé.
Abel Veiga
Olinda BEJA
7 de Junho de 2023 at 21:38
É natural que a maior parte das pessoas em Portugal não tenha a menor ideia de que José de Almada Negreiros nasceu em S. Tomé (roça Saudade) pois durante anos nos manuais escolares sempre se leu na sua biografia que o artista era natural de Lisboa. Como professora do ensino secundário (30 anos em Portugal e 10 na Suíça) debati-me sobre tal notícia durante alguns anos tendo escrito para várias editoras que ainda me “enxovalharam” (ainda guardo as cartas) alegando que tinham perguntado à família e a mesma confirmava o local do nascimento como sendo Lisboa.
Tendo conseguido provas reais do seu nascimento e batismo em STomé enviei-as a algumas editoras que corrigiram o erro.
No entanto temos que assumir que José de Almada Negreiros nunca representou nem fez a aproximação entre S. Tomé e Príncipe e Portugal pois nunca se considerou africano nem de origem africana, nunca pintou a ilha onde nasceu, nunca falou dela em seus textos poéticos e poderia tê-lo feito pois ele foi, é e será sempre um dos maiores entre os maiores artistas multifacetados! O maior e o único.
Por vezes (já li e já vi publicado em S. Tomé) as pessoas chegam a confundir dizendo que ele escreveu sobre S. Tomé ignorando que quem o fez foi seu pai António Lobo de Almada Negreiros. Também não é verdade ter saído da ilha aos sete anos de idade como é afirmado na notícia supra citada.