Apesar das dificuldades financeiras, a população não desperdiça os momentos de lazer e de convívio cultural.
Os fundões continuam a ser um dos principais pontos de relaxe e de expressão da identidade cultural são-tomense.
Kua Non é o agrupamento musical que nos últimos anos tem atraído os dançarinos de fim de semana. Tocadores experimentados da música são-tomense, dão ritmo aos fundões. É assim que o povo se diverte nas noites de fim-de-semana.
A maioria dos conjuntos musicais que animavam São Tomé e Príncipe na década de 80 já desapareceu. Há alguns anos nasceu o grupo Kuá Non, que significa “A Nossa Coisa”.
Num terraço na Vila de Almas, distrito de mé-zochi o Téla Non registou o poder dos ritmos genuínos do país produzidos pelo Kua Non.
Cabecinha, o viola ritmo do Kua Non mordia os lábios, e os dedos faziam as cordas da viola produzirem ritmos compassados, e o público em delírio.
Um dos cidadãos que estava no terraço desabafou para o Téla Nón que « o Kua Non é o conjunto do povo. Eu gosto muito das músicas deste conjunto. Actualmente é o conjunto que arrasta multidões», afirmou Francisco Semedo.
Salvador Fernandes, de nome artístico Fly, é o baterista. Cada instrumento musical emite sons tradicionais de São Tomé e Príncipe. Sons com os quais o povo se identifica.
Mas, o Kuá Nón cresceu pelas mãos de um mestre da música são-tomense, de nome artístico, Vizinho.
«O meu colega é polivalente» declarou para o Téla Non, o baterista Salvador Fernandes.
Polivalência justificada no palco durante 40 anos de carreira musical. Vizinho é baterista, violinista, cantor, pianista, compositor e programador musical.
É o fundador da Banda Kua Non e de várias outras bandas musicais que depois desapareceram.
O povo mergulha na noite ao som das melodias que fazem esquecer as dificuldades e os desafios do dia a dia.
O Kua Non não tem descanso, percorre o país de ponta a ponta, principalmente aos fins de semana, para levar ritmo e músicas cantadas em crioulo fôrro. Músicas carregadas de metáforas.
Abel Veiga