Cultura

«Inquietações» de Manuel Bernardo à melodia dos CALEMA por além-fronteiras

Prometo deslizar-me, suave e ao ar de soneto, mas numa solitária e objetiva viagem usando cabula – alma anda nua – ao texto «CALEMA, o chocolate de ouro dos Angolares encantou Marselha», recentemente publicado neste jornal, para que refresque, na medida e no coração, calmantes possíveis nos dedos humildes e pés assentes no chão do cérebro para prestar cortesia merecida à recente publicação do livro «INQUIETAÇÕES».

Não sou tripulante de jeito em dirigir volante poético, só boleia, pior captar imagens às mãos cheias do foto-jornalista português, Jorge Trabulo Marques, ainda assim, vagueando por bússola, esforçarei não desperdiçar tempo alheio, nem tão pouco desenquadrar alcance à iniciativa de levar um poeta da terra aos leitores.

Já com pés rotineiros na cantiga festiva de Natal e Salta-ano velho, o tributo que dá prazer escutar melodia, sempre que o povo oferece grandeza espiritual e tradicional ao corredor de festas que fecham o ano, não é que, sem esperança, chegou até mim novidade-nova? É assim. Novidade-nova!

As «Inquietações» de Manuel Bernardo num momento de hesitações terríveis no baloiço do ano, é sim, novidade-nova de abrir boa disposição ao leve-leve da Terra iniciada, há dias, o próprio percurso no seu eixo até na estratégia de alteração climática, proporcionar e concluirtrezentas e sessenta e seis voltas e seis horas ao Sol para destino, ainda ontem em crianças na vila, acrescer-nos, mulher e homem, referências de cabelos esbranquiçados de velhice.

Em São Tomé e Príncipe, não há novidade, sem carga reforçada de nova. É necessário ser nova do jeito de “safú preto-lulu”, vinho de palma “branco-fénéné”, “andin vermelho-bábábá” água de cascata de San Nicolau limpa-clarinhaà aposta turísticaou outra mística de formato para doçura da linguagem lusa gemida no limite universitário emcontraste de suor gelado, sim, no frio, há dias quente para ciência perdida algures.

Alguém que subiu-subida da existência de professor de autoridade e simpatia, abraçadas à sabedoria reconhecida pelos milhares de cadetes, hoje generais, que receberam dele, os graus de conhecimentos de Física e Química, saltou-mar na luta contra “calema” e desceu-descida de emigração no aeroporto de Lisboa, para cobrir traje, de mãos ao coração, do trabalhador de obras na aposta de fluir saber aos filhos, a atividade que dedica, há mais de duas décadas, em Portugal, no constante partir cara, não estranho, nas muralhas de gentes consagradas na escrita, fechar o ano de 2023, de fato e gravata no enquadramento de poesias aos leitores de dimensão universal, é obra literária, sim, notável para notícia.

Num momento em que escasseia às prateleiras da lusofonia publicação são-tomense, mesmo saia e “quimone” de nostalgia, valiosas de conteúdo para que o mundo faminto possa render à literatura insular, o primeiro muro ainda que de misteriosa areiacadastradaà beleza das verdejantes praias, é de desencorajamento ou palavras só picantes à alma e muito pouco amorosas. Estado não apoia e nem há leitores!

Não me acalmei na rotina familiar e profissional, sem correr ventania veloz à outra latitude para chegar ao livro de algibeira, autografado pelo poeta e parti, hoje dia de Amador – capitão e Rei de escravos – a associar notícia à música e poesia, no digital Téla Nón: “Fundação Micondó recebeu Java para promover desenvolvimento integrado”. Não porque “micondó”, o fruto convidativo da planta resistente ao deserto, mas saído de cápsula, rima com o algodão para primeiro toque na língua, azedar-se por completo a cara, quis tão apetitoso, neste dia amarrotado, abrir sorriso com a casamento de Java, a antiga e rica moça de cacau de Milagrosa à sustentabilidade económica na valorização humana, contrária à debandada da juventude em desespero nos olhos e sonhos.

Afinal, trata-se de uma aposta empresarial de músicos, os Calema, artistas plásticos, o Eduardo Malé e demais quadros nacionais, o atual diretor do Turismo, Eugénio Neves, a ambição liderada por Jean-Pierre Bensaid, cônsul de São Tomé e Príncipe, em Marselha-França. Interessante e promissor, o projeto que não teve consagração, em 2021, pela Velha Maioria, mas somente agora, em finais de 2023, certificado pelo atual governo – apesar de Abel Bom Jesus, o ministro, arrancar de nós, a terra agrícola em Mé-Zóchi para trespassar, possivelmente sem custo, ao distrito de Lobata – contemplou em mim, a imensa curiosidade de gastronomia com sabor apetecível.

Pequena pausa para aliviar o impacto do barco, sem norte, nem piloto, noites mal dormidas no parapeito de saudades para contrariamente, sem pés na terra que seja um minuto de viajante explicar o inexplicável ou palácio cor-de-rosa dar basta à ousadia, convidando outro tripulante da militânciapara imprimir dinâmica à legislatura e necessária liberdade, debate e esclarecimento democrático à amiga do nosso amor, a presidente parlamentar, Celmira Sacramento.

Ando no esforço de décadasem compreender acerto de contas daqueles que o povo entusiasmado confia o poder para direcionar o país à harmonia social e ao desenvolvimento económico, o final de ano nebuloso, na malícia de homens, contrário à cabeça festiva, obviamente, antes empenhada em sonhos de salta-ano à meia-noite e, sem sono, lava-ano-velho na manhã seguinte nas praias, quer chuva-chovesse ou sol-ardesse no dia Primeiro de Janeiro para dar todo mundo Boas Entradas.

As mães insulares, maioria analfabetas, em tempos idos, dentre formatação, inspiravam nos filhos três das muitas dimensões da vida. Orgulho, dignidade e competência. Assim, com os pés na Trindade, não seria elegante fechar sem solidariedade pessoal ao segundo ministro demissionário do XVIII Governo constitucional que embora, não assertivo na hora – alerta de abandono do governo, tornei público neste jornal, desde 27 de novembro de 2022. Parabéns Adelino Cardoso!

Ah! Deixa pá lá ministros sem língua, nem olhos! Hoje não. Mas que cantiga Manuel Bernardo, também jornalista e ativista cultural, tudo, noutros tempos que a Democracia confiada alternância à estreia do Partido de Convergência Democrática, continuava a animar namoro no voluntarismo partidário e comunitário – ele no PCD, eu no MLSTP – tem a dar Calema, os irmãos de Angolares, senhores sem poeira no campo musical, já atravessado fronteiras, a reclamar, já é tempo, umarumba poética roubada à qualquer fundão para traduzir em hino? Assim de lance, dificuldade de resposta, põe-me em fuga.

Não me atrevo, nem de longe, descascar as «Inquietações» do poeta, nem possuo jeito doce deles, os poetas, cantarem tristeza, usando palavras para abrir corações com flores ou azedarem alguém de estupidez incrível, quanto eu, com a emoção na curva ou esquina de poesia, a embriagar-me no relógio-bomba pronto a explodir, invadir noite parva de ontem, quarta-feira, o estado judicial para resgatar dois soldados da paz, instruídos na fogueira, ainda ardente, desde 25 de novembro de 2022, com os magistrados, ajoelhados e intimidados, tão cedo, a beber do próprio veneno. Então!?

Quão injusta missão com que me lacrimejei mulher, quando nas páginas enoutro gole da merenda,entre trafulhices das «Inquietações», tive de arrancar do tempo as longínquas memórias de chorar alegria à amizade perdurante e distante de jornadas de encontros e desencontros da vida!

Pelo rigor do despoletar de ouro na vadia poética que mediu venda em alta, São Tomé e Príncipe, triste em antecipação ao cenário imprevisível, possíveis em mentes tresloucadas, reconheço, estou sendo formiga para grandeza das 55 «Inquietações» do cientista-poeta com que me atrevo convidar são-tomenses e mundo à leitura, numa simbiose peculiar com um pé dos Calema – improvisado por um telemóvelmayuya – na homenagem dos irmãos, efetuada em Marselha-França, ao “missiê” Jean-Pierre Bensaid.

Parabéns professor Manuel Bernardo, o poeta de «In-quieta-ações

INQUIETAÇÕES

Ó céus, Tu que és Rei, o Maior, Senhor Puro,

Tu que és muito mais que um mortal humano,

Venha ele quem vier, seja grego, seja troiano;

Morto que ainda vive, sopro incerto, inseguro

Contra a espada de um indigno, um obscuro

Que tem a virtude com o ilícito do profano?

Em ti cabe a minha certeza de ano para ano:

O meu escudo, minha fortaleza, porto seguro.

Se depender de Ti, sim, da tua Lei, ó Soberano,

Ergue a tua mão, clareia a sombra do meu fado;

Da tua soberba brandura apague o fogo forjado

Em apenas segundos, num só sopro! De um tirano,

Estenda a tua mão contra este mundo vil, achado

Sinuoso no qual tanto suspiras querer terminado.

«Inquietações» Manuel Bernardo

Editora Cordel d’prata

Vendas on line: Webook e Amazon

Compra possível nas livrarias portuguesas

Boas Entradas e Ano Novo repleto de Saúde e Prosperidade!

José Maria Cardoso

04.01.2024

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