I Conferência Alda Espírito Santo produziu propostas de implementação imediata

Destaca-se a sugestão de Filinto Costa Alegre, que defendeu a inclusão sistemática da vida e obra de Alda Espírito Santo nos conteúdos escolares do ensino básico e secundário.

Segundo Filinto Costa Alegre, é fundamental que as crianças e jovens estudem não apenas os factos históricos, mas também os textos, poemas e discursos da poetisa, de modo a internalizar os valores que ela defendeu: liberdade, justiça, igualdade e identidade africana.

Essa proposta foi reforçada pelo jornalista Josimar Afonso, que alertou para a ausência de conteúdos estruturados sobre Alda Espírito Santo nos meios de comunicação e nos programas educativos, apelando à criação de materiais didácticos, programas audiovisuais e campanhas de sensibilização.

A principal proposta saída da conferência foi apresentada pela Presidente da Assembleia Nacional, Celmira Sacramento, que sugeriu a transformação da casa onde viveu Alda Espírito Santo num Museu Memorial.

A proposta visa preservar fisicamente o local onde a poetisa viveu, transformando-o num espaço de memória, educação e turismo cultural, aberto ao público e especialmente direccionado à juventude santomense.

O objetivo é criar um centro de referência histórico e simbólico que permita às novas gerações conhecer mais profundamente a vida, obra e o pensamento de Alda Espírito Santo, e se inspirar nos valores de serviço público, integridade e compromisso nacional que ela representou.

Em nome do Governo, a Ministra da Educação, Cultura, Ciência e Ensino Superior, Isabel Abreu assumiu o compromisso de integrar as recomendações da conferência nas políticas públicas culturais e educativas.

“Todas as propostas foram devidamente registadas e farão parte de um plano de acção estratégico rumo à celebração do centenário de nascimento de Alda Espírito Santo em 2026”, rematou a ministra.

Segundo a ministra, ao longo do próximo ano, serão desenvolvidas diversas iniciativas, como:

·      Roteiro cultural “Nos Passos de Alda”, com visitas guiadas a locais marcantes da sua vida;

·      Reedição e divulgação da sua obra literária em formatos acessíveis;

·      Produção de documentários e peças de teatro baseadas nos seus textos;

·      Criação de bolsas de estudo e concursos escolares em seu nome.

Durante os dias 29 e 30 de abril de 2025, o Pavilhão do Liceu Nacional acolheu a Primeira Conferência Nacional em homenagem a Alda Espírito Santo, uma das maiores figuras da história de São Tomé e Príncipe.

O evento foi promovido pelo Ministério da Educação, Cultura, Ciência e Ensino Superior, no âmbito das comemorações do Mês Nacional da Cultura, e partiu de uma proposta da escritora e jornalista Conceição Deus Lima.

Alda Espírito Santo, poetisa, educadora, nacionalista e autora da letra do Hino Nacional, foi homenageada pelo seu papel central na afirmação da identidade cultural, na luta pela independência e na formação da consciência nacional santomense. O evento coincidiu simbolicamente com o Dia Nacional da Cultura, celebrado a 30 de abril, reforçando o carácter emblemático da ocasião.

A conferência nacional salienta o legado da poetisa e propõe medidas concretas para preservar sua memória e fortalecer a identidade cultural são-tomense.

A conferência não se limitou a um acto comemorativo. Durante os dois dias, académicos, artistas, estudantes, membros do governo e representantes da sociedade civil participaram em painéis de discussão, exposições e apresentações artísticas que reflectiram criticamente sobre o papel da cultura na construção do país e o lugar da mulher santomense na história nacional.

O lema “Servir, e não servir-se”, que guiou a vida de Alda Espírito Santo, foi repetido por vários oradores como um chamado urgente à responsabilidade cívica, à boa governação e ao reforço dos valores de cidadania activa e participação democrática.

A conferência terminou na quarta-feira, com o apelo para que a memória de Alda Espírito Santo não se limite à celebração pontual, mas que se transforme em acção permanente de valorização da cultura santomense.

Waley Quaresma