A notícia sobre o aumento histórico do preço do cacau no mercado internacional divulgada pelo Téla Nón despertou a atenção dos produtores nacionais.
O preço subiu 40% no mercado internacional, um nível de subida só registado em 1979. Face à evolução do preço no mercado internacional, os produtores nacionais contactaram o Téla Nón para pedir a actualização do preço do cacau a nível nacional.
Segundo os agricultores que produzem o cacau, é a única forma de a subida no mercado internacional ter repercussão positiva na economia nacional e no seio das famílias de agricultores.

Pedro Almeida(na foto), produtor de cacau na roça Monte Estoril falou em nome dos produtores nacionais.
«Aqui em São Tomé não há nenhum impacto do aumento do preço do cacau no mercado internacional. O preço praticado internamente é muito baixo. Estamos a oferecer o cacau às empresas que exportam, a um preço muito baixo, e está a criar mais miséria para os produtores», afirmou.
Na entrevista ao Téla Nón, o porta-voz dos produtores detalhou a estrutura de preço de compra e venda do cacau no mercado nacional.
«O cacau convencional é vendido a 14 dobras e 50 cêntimos o quilo(cerca de 59 cêntimos do euro). Cacau em goma, é o preço praticado pela empresa SATOCAO».
A maior cooperativa nacional de produção e exportação do cacau biológico, a CECAB compra cada quilo de cacau em goma por 15 dobras(cerca de 61 cêntimos do euro).
«O cacau biológico é comprado a 15 dobras. O cacau biológico que é mais importante deveria ser três vezes maior», reclamou Pedro Almeida.

Segundo o produtor, há mais de 14 anos que as empresas e cooperativas que exportam o cacau praticam o mesmo preço, apesar da subida constante no mercado internacional.
No entanto, em consequência do grande aumento do preço no mercado internacional registado no mês de outubro, a empresa SATOCAO decidiu ajustar o preço de compra.
«Na semana passada subiu o preço por quilo em mais 2 dobras e 50 cêntimos. Assim o preço de compra da SATOCAO por quilo de cacau em goma subiu para 17 dobras(69 cêntimos do euro). Mas o quê que isso significa, se o preço do cacau aumentou terrivelmente no mercado internacional?», interrogou.
Pedro Almeida esclareceu que a Cooperativa de Exportação de Cacau biológico, CECAB não fez até agora qualquer actualização do preço do cacau.
O Téla Nón procurou uma reacção do Director Executivo da CECAB, mas não teve sucesso.

O produto que era comercializado no mercado internacional por valores que oscilavam entre 800 e 1300 dólares por tonelada, passou em outubro de 2023 a ser comprado por 3786 dólares por tonelada.
«Não há uma união dos produtores de cacau em São Tomé. Porque quem deve ditar o preço do cacau é o produtor, mas isso não acontece. O preço é imposto pelo comprador», denunciou Pedro Almeida.
Confrontado com a situação, o ministério da agricultura e desenvolvimento rural, que por sinal não tem um gabinete técnico que possa acompanhar a evolução do preço do cacau e de outras culturas de exportação no mercado internacional, disse ao Téla Nón que vai reunir-se nesta semana com as empresas e cooperativas exportadoras do cacau para definir uma modalidade de preço, que tenha impacto positivo na vida dos produtores.
Em declarações ao Téla Nón o Ministro Abel Bom Jesus, disse que o «o bem estar da população é a felicidade do governo».
Por isso mesmo, acções deverão ser implementadas para que a grande subida do preço do cacau no mercado internacional contribua também para elevar o rendimento das famílias são-tomenses que garantem a produção de excelência do cacau, e do chocolate.
Abel Veiga
