O Ministro da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, Abel Bom Jesus considera a criação de uma fábrica de produção de ração animal, como a principal missão que tem pela frente, e até o final do seu mandato.
O ministro anunciou para Janeiro de 2024 o lançamento de uma ampla campanha de sementeira de milho. Segundo Abel Bom Jesus o ministério da agricultura tem em mãos 20 mil toneladas de milho, uma oferta do governo da Sérvia.
«Vamos recuperar as terras abandonadas para aumentar a produção do milho», avisou o Ministro da Agricultura.
Abel Bom Jesus reconheceu que é uma tarefa complicada para o ministério da agricultura, a confiscação das terras que não têm sido trabalhadas. O ministro confidenciou ao Téla Nón que a resistência é grande por parte dos beneficiários das terras, e até mesmo a equipa técnica da reforma fundiária do ministério da agricultura resiste em determinados casos, em aplicar a medida de confiscação das terras que ficaram encapoeiradas.
O compadrio, o clientelismo e outros vícios enraizados nos sectores técnicos da reforma fundiária podem comprometer o processo de recuperação pelo Estado das terras agrícolas cujos beneficiários simplesmente deixaram abandonadas. A lei da reforma fundiária e a própria norma da carta agrícola são muitas vezes ignoradas para satisfazer o clientelismo.
«Eu estou determinado para que as terras abandonadas sejam recuperadas e neste caso, para garantir a produção do milho», frisou o ministro da agricultura.
Na década de 80 do século XX São Tomé e Príncipe produziu ração animal para alimentar a grande produção de frangos e ovos da extinta empresa estatal EMAVE. O actual bairro residencial de Campo de Milho tem este nome, porque era um dos principais celeiros de milho na cidade de São Tomé.
As comunidades agrícolas de Pinheira, Canavial e outras, também produziam centenas de toneladas de milho. O bagaço de copra era garantido pelas empresas agrícolas que produziam muito coco na década de 80.
O Ministro da Agricultura Abel Bom Jesus inspira-se nas potencialidades do país, para garantir que a produção local de ração animal, é o seu principal desafio de governação.
«Algumas matérias-primas que não temos capacidade de produzir localmente, teremos que importar. E assim vamos reduzir a importação da ração animal e reduzir o custo que temos com a importação, e numa altura em que não temos divisas para garantir a importação», assegurou Abel Bom Jesus.
Depois da morte da empresa EMAVE no início da década de 90 do século XX, e da transformação das terras do campo de milho em bairro residencial de elite, São Tomé e Príncipe passou a importar ovos e frangos. Mais tarde um grupo de empreendedores nacionais começou a importar ração animal e a promover a avicultura. Paulatinamente os criadores nacionais conseguiram garantir a produção interna de ovos, pondo fim à importação.
Mas, a cíclica subida do preço da ração animal no mercado internacional foi comprometendo a produção de carne e ovos. A situação agudizou-se com a guerra entre os dois principais produtores de cereais da Europa, a Ucrânia e a Rússia. O preço de cada saco de ração tornou-se proibitivo para os criadores nacionais. A introdução do IVA em 2023 foi a última gota de água. A maior parte dos produtores de ovos e frangos fechou as portas do aviário.
Abel Veiga
Margarida Lopes
1 de Janeiro de 2024 at 12:29
Abel B.J. 2024 se anuncia complicada. Prepare-se.