Sociedade

Fundação Micondó recebeu Java para promover desenvolvimento integrado  

Desde Julho do ano 2021 que o Téla Nón relatou a ofensiva que a Fundação Micondó desencadeou para obter o título de posse das terras da roça Java.

Liderada por Jean Pièrre Bensaid, cônsul de São Tomé e Príncipe em Marselha – França, a Fundação Micondó reúne músicos como os Calemas, artistas plásticos como Eduardo Malé, e quadros técnicos nacionais como Eugénio Neves, o actual director do Turismo.

Em Julho de 2021, e na véspera do dia da independência nacional, 12 de Julho, o Téla Nón acompanhou uma delegação da Fundação que promoveu atelier de artes plásticas em Java. Enquanto aguardava pela decisão do então XVII governo sobre a proposta de intervir em Java, a Fundação Micondó deu início a um conjunto de acções em prol da comunidade. A escola foi reabilitada, e foi instalado um novo sistema de adopção de água potável à população.

O anterior governo de Jorge Bom Jesus não concedeu autorização à Fundação Micondó para intervir oficialmente em Java. Mas, o executivo de Patrice Trovoada aprovou o projecto, e concedeu em Dezembro de 2023 o título provisório de posse para implementação do projecto de desenvolvimento integrado da Roça que está em ruínas.

Um projecto com três componentes, nomeadamente a recuperação do património cultural, promoção da educação e da saúde, e a recuperação da produção do cacau.

«Pretendemos reabilitar o hospital da roça, hoje em ruínas, criar uma escola de música, e também um centro de exposição de artes, e mais…», afirmou Eugénio Neves, em Julho de 2021.

A presença dos Calema em Java, representados pelo irmão Fradique Ferreira comprovou a intenção da Fundação  em promover a arte musical na roça que se localiza há 15 quilómetros da cidade da Trindade, capital do distrito de Mé-Zochi, interior da ilha de São Tomé.

«Nós, os Calema, tivemos que arranjar referências noutros países, caso do Brasil e não só. Agora podemos com trabalho e dedicação passar experiências e conhecimentos às crianças daqui para elas se afirmarem mais tarde no mundo da música e não só», referiu Fradique Ferreira em Julho de 2021.

Eduardo Malé, artista plástico, trabalhou com as crianças de Java. «O que a Fundação Micondó pretende é que as crianças possam descobrir o seu talento e colocar-se na posição de amanhã viver da sua profissão», pontuou Eduardo Malé, também em julho de 2021.

Em finais de Dezembro de 2023, quando o governo concedeu Java à Fundação Micondó, Jean Pièrre Bensaid, líder da fundação, reagiu com alegria. «Esta é uma etapa crucial que abre caminho para novas acções incluindo a criação de um posto de saúde em benefício da comunidade de Java e de outras comunidades vizinhas», afirmou.

Jean Pièrre Bensaid considerou a decisão do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural como um incentivo para tornar Java uma roça próspera e feliz.

O desenvolvimento integrado de Java, vai arrastar cerca de 6 outras comunidades do interior de São Tomé para o progresso. Java é o epicentro da actividade educativa daquela região. As crianças das comunidades de Abade, Platô, Roça Nova, Santa Adelaide, São Januário e outras estudam na escola secundária de Java.

A área total da roça Java é de 116 hectares de terra. A maior parte foi concedida à empresa SATOCAO. A Fundação Micondó recebeu 16,75 hectares de terra incluindo o terreiro da roça.

Antiga dependência da extinta empresa agrícola Milagrosa, Java foi grande produtora de cacau. Os cacaueiros beneficiavam de sombreamento abundante, e o solo fértil promovia a grande produção. No início da década de 90 do século XX, e no quadro do processo de distribuição das terras agrícolas para exploração privada, Java foi concedida como média empresa a um cidadão nacional. 

As árvores de valor comercial que garantiam o sombreamento da cultura do cacau foram todas abatidas. As terras ficaram encapoeiradas, e as infra-estruturas da roça em ruínas. É sobre as ruínas de Java que a Fundação Micondó pretende construir turismo rural, e futuro para os habitantes da roça.

Abel Veiga 

6 Comments

6 Comments

  1. Início Silveira

    3 de Janeiro de 2024 at 9:05

    Peço que rectifiquem o título de posse de da Média Empresa. Não se trata do Distrito de Lobata, mas sim, do Distrito de Mé-zochi.

  2. Madiba

    3 de Janeiro de 2024 at 10:20

    Excelente iniciativa. A ajuntar a intenção do grupo Micondó, a coragem do Ministro em dar terra Java. Espero muito sinceramente que o interesse em conseguir a dita terra dê lugar ao cumprimento dos objetivos para os quais solicitaram a posse dela. Que deem mais terras e lugares em ruínas ou em via dela, às pessoas ou grupo de pessoas com boas intenções e bons projetos económico-sociais para o bem do nosso país. Parabéns!

  3. Margarida Lopes

    3 de Janeiro de 2024 at 13:36

    Boas entradas, estimado Abel Veiga.
    Feliz e Próspero ano novo, com saúdinha, paz e sucêsso.
    Gostaria que o Abel V.me faça saber se sou considerada ,atualmente, como a “persona non grata” no seu espaço social TÉLA NÓN,pois que os meus vários comentários, que estimo corretos e úteis, não têm sido publicados. Será que houve censura, será que foram muito direto para a sua política? Onde é que falhei?
    Houve um período idêntico pelo qual há algum tempo e deixei de publicar no seu espaço pelos meus comentários que talvez foram sancionados /não publicados pela TN, embora respeitassem todas as regras exigidas. Porquê ?
    Bem haja !

    • Téla Nón

      3 de Janeiro de 2024 at 14:10

      Obrigado Margarida Lopes. Os comentários no Téla Nón obedecem a regras, que estão plasmadas no jornal(Regras dos Comentários). E uma dessas regras é exactamente não aceitar comentários escritos com letras maiúsculas. è por esta razão que os seus comentários não foram publicados.
      Saudações

  4. jose Manuel

    3 de Janeiro de 2024 at 14:26

    Parabéns para este grande compatriota Jean Pirre Bensaid. Apesar de ter a nacionalidade francesa, ele tem feito muitissimo para S.Tomé e Príncipe. Muito Obrigado mais uma vez.
    Os meus agradecimentos ao Governo por dar esta oportunidade a este grande Homem, Jean Pierre.
    Esta iniciativa devia ser feita com todas sa médias e grandes empresas que foram dadas a alguns ditos empresários nacionais que não possuem nem meios nem vontade de trabalhar a aterra. A terra tem que ser dada a pessoias que têm algum meio e iniciativas também.
    Força ao Jean Pierre Bensaide
    Bem haja

  5. Jerónimo Pontes

    4 de Janeiro de 2024 at 10:51

    É, felizmente, a ideia sacra para a transformação da pobreza em riqueza. O Estado e as ONG poderão partir para a construção de infraestruturas como estradas de qualidade, energias renováveis, indústrias de transformação dos produtos, implicando negócios de exportação; comércio local, etc. Assim, sim, estaremos a repensar São Tomé e Príncipe de sonho. Parabéns aos incentivadores!

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