Política

“Não é de facto o melhor momento para atrairmos investidores e empresas de renome para os blocos petrolíferos da zona económica exclusiva”

patrice-trovoada-adi.jpgÉ mais uma constatação do líder da oposição são-tomense, Patrice Trovoada. Uma constatação que é reafirmada após informações também divulgadas pelo Téla Nón que dão conta que a vizinha República do Gabão está a promover no mercado internacional 42 blocos de petróleo da sua zona económica exclusiva. Uma concorrência forte, que sustenta a posição defendida por Patrice Trovoada antes mesmo do governo são-tomense ter aberto o leilão dos 7 blocos de petróleo.

 

A notícia de que o Gabão, país reconhecido a nível mundial como produtor de petróleo vai leiloar em Maio próximo 42 blocos da sua zona económica exclusiva, veio demonstrar que São Tomé e Príncipe não terá calculado bem, o momento para avançar para o negócio do ouro negro da sua zona económica exclusiva. O arquipélago abriu no dia 2 de Março em Londres o primeiro leilão dos blocos de petróleo da sua zona económica exclusiva, num total de 7 blocos.

As negociações directas com as companhias petrolíferas estão adiadas para depois de Setembro próximo. Enquanto isso o vizinho Gabão, anunciou para Maio próximo a venda de 42 blocos de petróleo da sua zona económica exclusiva, estando nesta altura a promover tais blocos nas principais praças financeiras internacionais, como Londres, Paris, e nos Estados Unidos de América.

Patrice Trovoada secretário-geral do partido ADI na oposição, contestou desde a primeira hora a decisão do governo de leiloar os blocos da zona económica exclusiva. Antes mesmo da abertura do leilão, tinha avisado que o momento não era adequado para São Tomé e Príncipe leiloar os blocos. «Sabia-se desde o ano passado que ao longo do primeiro semestre de 2010, o Gabão iria colocar blocos no mercado. O programa angolano de licitação de blocos, nomeadamente dos blocos marginais em on shore já é conhecido a algum tempo», explicou Patrice Trovoada, para depois acrescentar que «no caso de São Tomé e Príncipe em que ainda não houve nenhuma descoberta comercial, temos de escolher o melhor momento para colocar os blocos no mercado», frisou.

A concorrência é grande e São Tomé e Príncipe está em desvantagem, considera o secretário-geral da ADI. «No caso da zona económica exclusiva, não temos dados da sísmica em 3 dimensões, e tínhamos contratos com direitos preferenciais. Se acrescentarmos a tudo isso o facto de nosso país ser conhecido como país de instabilidade governativa, lançar um concurso no final do mandato do governo não é de facto o melhor momento para atrairmos de facto, investidores e empresas de renome. Eu mantenho essa preocupação», sublinhou.

O líder da oposição, diz que não quer ser pessimista, e advertiu o governo para a necessidade de cultivar a concertação entre as forças políticas e outras instituições do país, quando se tem que decidir sobre questões de interesse nacional e com impacto no futuro do país. «Essas questões devem ser decididas com um pouco mais de concertação, de participação. O primeiro-ministro já tinha dito que há muita pouca competência no nosso país. E se a isso associarmos a exclusão então estamos a reduzir as nossas chances de avançar», pontuou. 

Ao utilizar o termo exclusão, Patrice Trovoada recordou que o Presidente da República e Chefe do estado, Fradique de Menezes, não esteve presente na cerimónia oficial de abertura do leilão dos blocos da zona económica exclusiva. «A presença do Presidente da República transpira para o exterior a imagem de um país que se sabe o que quer e para onde é que vai. Por isso lamento o facto do senhor Presidente não ter estado presente naquela cerimónia. Espero que o país dê a imagem de um estado mais consensual de forma a atrairmos mais parceiros para trabalhar connosco», concluiu.

No entanto fonte da Agência Nacional de Petróleo, disse ao Téla Nón que o facto do Gabão e outros países da sub-região estarem a leiloar blocos de petróleo nesta altura não vai comprometer o sucesso do concurso público para venda de 7 blocos de petróleo aberto no dia 2 de Março em Londres. Aliás segundo a fonte do Téla Nón já em Abril próximo uma delegação da Agência Nacional de Petróleo estará nos Estados Unidos exactamente para promover os 7 blocos postos a venda.

Abel Veiga

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