Política

Vândalos destroem e roubam o que resta do património histórico e cultural de Monte Café

A Roça Monte Café foi seleccionada no ano passado pelo Estado são-tomense, e inscrita na primeira lista indicativa de Património cultural de São Tomé e Príncipe que foi submetida a UNESCO.

Paul Coustére, Director da UNESCO para a região da África Central visitou São Tomé em fevereiro de 2023 reuniu-se com o primeiro-ministro Patrice Trovoada e manifestou esperança de que as três roças seleccionadas para serem Património Histórico e Cultural da Humanidade, nomeadamente Monte Café, Água Izé e a Roça Sundy sejam aprovadas pela UNESCO como Património da Humanidade.

O estatuto de património histórico e cultural mundial das 3 roças e do Obô(parque natural) do país, será segundo a UNESCO, propulsor da economia do país, principalmente através do incremento do Turismo.

No entanto, as autoridades são-tomenses continuam a facilitar a destruição do pouco que resta do património histórico e cultural das roças.

Em Monte Café que foi seleccionado como candidato à património histórico e cultural da humanidade, os últimos 7 meses foram marcados por uma acentuada vandalização de infraestruturas que são memória histórico-cultural da roça, do país e do mundo.

A denúncia foi feita ao Téla Nón pela Associação dos Moradores de Monte Café. O secador solar construído no século XIX, mais concretamente em 1890 foi completamente destruído nos últimos meses, por 5 homens.

«Esta situação decorre há 7 meses. Estão a vandalizar desgraçadamente. Isso é um património de Monte Café e do país, e neste momento está a ser qualificado pela UNESCO», reclamou Filipe Samba, Presidente da Associação dos Moradores de Monte Café.

O secador solar do século XIX, foi construído a base de madeira de boa qualidade. As tábuas eram transportadas pelos escravos africanos a partir da Roça Maia, hoje inabitada e localizada no interior da floresta de montanha da região de Monte Café.

«Esta infraestrutura é uma biblioteca que pode alimentar muitos turistas. É um arquivo histórico que temos», precisou o Presidente da Associação dos Moradores.

Os vândalos que segundo a Associação dos Moradores estão devidamente identificados, já conseguiram arrancar e vender um total de 3000 tábuas e 1500 barrotes.

«Nós na liderança da comunidade já informamos a câmara distrital de Mé-Zochi, o comando da polícia de Mé-Zochi,  e até o ministro da Defesa. Isso porque alguns dos vândalos pelo menos 2 deles são militares que estão desenfiados. Outros 3 são civis», explicou Filipe Samba.

A associação dos moradores de Monte Café considera que os vândalos são estimulados financeiramente por pessoas influentes interessadas em comprar tábuas e barrotes de boa qualidade.

«Exigimos que o Estado possa agir, através do ministério público. No ano passado levamos esse assunto para a TVS e foi difundido. É de domínio público, é um crime público, mas o ministério público nunca agiu» contestou.

A associação dos moradores de Monte Café chega a conclusão de que não há autoridade do Estado em São Tomé e Príncipe. Apela o Presidente da República enquanto o mais alto magistrado da nação a exercer influência junto aos poderes político e judicial, no sentido de travar a destruição do património histórico e cultural de Monte Café. ~

«Não queremos que a estrutura arquitectónica de Monte Café desapareça. Queremos preservar e valorizar a memória da história de Monte Café», pontuou a Associação dos Moradores da Roça.

Monte Café é a principal roça produtora de café de São Tomé e Príncipe. Foi construída através do trabalho braçal dos escravos africanos, e no século XX com pelos braços dos chamados serviçais oriundos de Angola, Moçambique e Cabo Verde.

A roça tem um museu do café, e a mistura cultural gerada pela colonização portuguesa criou uma identidade cultural e histórica que a UNESCO pretende promover como património do mundo.

Abel Veiga

8 Comments

8 Comments

  1. Genuíno de Monte Café.

    14 de Setembro de 2023 at 23:01

    Isto é consequência do vem de topo à base ou seja o país não tem autoridade. Essa ex empresa Agro Pecuária poderia ser hoje uma das grandes fontes da riqueza do país se não fosse por causa de alguns políticos corruptos, ladrões, intereceiros. Fez se grande investimento aí no projecto com financiamento do BAD, tudo isso foi água abaixo. Quem ti viu e quem ti Monte Café. Uma tristeza. Enfim sem fim.

  2. Olinda BEJA

    14 de Setembro de 2023 at 23:02

    Nem sei o que dizer sobre esta notícia pois a tristeza é tamanha ao ler tal notícia! Como é possível que um povo como o povo santomense apelidado de dócil, inteligente e amigo da sua terra seja capaz de cometer atrocidades desta natureza?! A destruição que está a ser feita pode ajudar as pessoas que a praticam a angariar algum dinheiro que pouco tempo durará e esquecem que estão a destruir o futuro dos filhos, netos e demais vindouros pois ali teriam um rendimento através do turismo e outras fontes. O que vai o povo de S. Tomé e Príncipe deixar como cultura do seu passado?! Compete ao Estado tomar as devidas providências que acabem de uma vez por todas com as destruições criminosas que avassalam a ilha onde nasci e tanto amo…

  3. Zagaia

    15 de Setembro de 2023 at 1:15

    Ė uma tristeza……

  4. Observador

    15 de Setembro de 2023 at 8:30

    Toda a gente agora está a dar no duro para ser promovido ou beneficiar de umas bolsas ou períodos de férias em Portugal, tudo custeado pelo governo.

  5. Basal

    15 de Setembro de 2023 at 11:04

    Estou grato.pelo espírito patriótico e cidadania

  6. Toni

    15 de Setembro de 2023 at 12:46

    Só não entendo porque é que querem promover edifícios históricos na UNESCO, penso que será para receber algum dinheiro!!

    Porque não é para preservar ou reconstruir, aliás há 50 anos que somente destroem, aliás prática comum de Stp, por isso é que é o país que é! Tipo república das bananas!!!!

    Estes edifícios só serão recuperados quando entregarem aos verdadeiros donos ou a grupos internacionais e limpos de gentes que ali habitam e nunca pregaram um prego! Vejam Cabo Verde!!!!

    Não se aumenta o turismo com ruínas! Sem electricidade, sem água, sem saude, sem estradas, sem aeroporto… enfim só com miséria e destruição!!!!!

    Este tem sido o caminho de Stp desde que se tornou dependente de tudo e todos!!!

    Fui

  7. Renato Cardoso

    16 de Setembro de 2023 at 16:51

    Sejamos sérios! Após a total destruição das atraafazendas agrícolas e sua venda aos estrangeiros e ou ocupação pelos sucessivos ministros e ministras que nunca tiveram glebas para defecar e alguns antes defecavam na praia ou nas glebas dos vizinhos;que cara de pau falar-se de ruinas como património cultural!?
    Vão dar banho ao cão!

  8. Zé de Neves

    18 de Setembro de 2023 at 14:22

    Lol, ainda comem o que resta do colono depois destes anos todos… país de palermas cheios de si e preocupados com o seu próprio umbigo.

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