Opinião

“O tempo urge”

Caros Membros do Governo,

Caros Magistrados,

Caros Cidadãos,


São Tomé e Príncipe vem passando por períodos muito difíceis já de há muito tempo a esta parte, mas, a verdade deve ser dita, as coisas estão se complicando cada vez mais:

Verifica-se muitos assaltos e roubo à mão armada em casas das pessoas, muita violação das senhoras e crianças, muito roubo nos campos, lotes e glebas dos agricultores, crimes urbanos, etc. E a sensação que se tem, salvo a melhor opinião, é que as coisas têm estado a passar impunes a nível da justiça. Mas para hoje quero focar-me apenas no aspecto agrícola, deixando os outros aspectos para a próxima análise…

Estamos a pôr em prática as leis existentes em Portugal (Numa prática copiar-colar, o nosso Copie-colé) quando temos uma realidade completamente diferente em São Tomé e Príncipe, onde os hábitos e costumes não são os mesmos que em Portugal. Fica-se até com a sensação de que as leis protegem as pessoas que são infratores e penalizam as pessoas que vão apresentar queixas. Mas para hoje quero focar-me apenas no aspecto agrícola, deixando os outros aspectos para a próxima análise…

Por este andar, as pessoas vão deixando de produzir nos seus campos, lotes e glebas, por desânimo, prejudicando assim a nossa economia, com efeitos bastante prejudiciais ao nosso tecido económico e social.

Hoje, a nossa produção de géneros alimentícios diminuiu bastante, passamos a alimentar a nossa população na base de produtos importados, e com isso eu pergunto:

  • Se não produzirmos para exportarmos, como é que obteremos as divisas para suportar toda esta importação de mercadorias que necessitamos para sustentar a nossa população?
  • Não seria possível negociar com o Governo japonês a possibilidade de fornecer-nos o arroz duma forma paulatinamente mais reduzida e em contrapartida fornecer-nos ferramentas e insumos agrícolas e hortícolas para cultivarmos mais e melhor a terra tão fértil que Deus nos deu?
  • Não podemos criar programas/políticas de curto, médio e longo prazo de mudança de hábitos alimentares, em que a população comece a consumir mais os produtos produzidos localmente, alterando assim a nossa cesta básica, aliviando consequentemente a pressão na nossa balança cambial, folgando as divisas para outros produtos?


São Tomé e Príncipe tem um potencial enorme para produção agrícola diversa e não podemos, cada dia que passa, estar a depender cada vez da importação como se fôssemos um país da zona de Sahel. Não é normal, hoje, a maioria da população só querer consumir os produtos que vêm do exterior. É um hábito que se criou a partir do momento em que começamos a ter a ajuda alimentar “PAM” nas empresas agrícolas, mas, temos que nos mentalizar de que produzir localmente cria empregos e faz com que os agricultores se fixam a terra e ganham o seu sustento familiar, evitando assim o êxodo rural que vem se verificando, criando uma grande pressão sobre a cidade capital, com todas as consequências daí inerentes… Por isso, necessário se torna, criar políticas de combate ao roubo nas parcelas, campos e glebas…

É urgente…

Como se diz: “O tempo urge” …

PS.:

  • Não sou político, nunca fui e nem quero ser…
  • Não é uma crítica à ninguém, apenas uma reflexão de um cidadão preocupado e profundamente triste com o percurso do nosso país desde 12 de Julho de 1975…
  • Não gosto de comentar publicamente assuntos que não domino, fi-lo hoje porque é uma área que percebo…

Eng. Agrónomo, Manuel Nazaré

9 Comments

9 Comments

  1. Folha xalela

    2 de Outubro de 2023 at 6:27

    Sr. É político sim….desviou fundos no tempo passado. Posteriormente afastou da política por outras razões. Toda gente sabe que o Sr. É do mlstp.

    Quanto a agricultura tem razão mas há um senão: a agricultura santomense está assente numa agricultura familiar e de sustento e não de produção em grande escala.

    Outro senão é diversificação dos produtos e abandono de protecionismo político partidário.

    Como teu ex amigo gabonês Patricio não vamos longe porque toda divisa ele leva para nana gastar nas Europas.

    Qual o resultado das negociações com Ruanda e Chade? Até agora não se viu nada.

  2. Madiba

    2 de Outubro de 2023 at 8:20

    Senhor Eng.º Nazaré percebo perfeitamente a sua preocupação. E até concordo com ela. Se anteriormente tínhamos problemas de todo o tipo e que nós santomenses conhecemos, falamos, escrevemos, lamentamos e que infelizmente ninguém pouco ou nada fez, hoje temos a acrescentar a fuga de agricultores para o exterior do país. Assim sendo, pessoalmente, não vejo como inverter a tendência decrescente e degradante da nossa agricultura.
    Senhor Eng.º, a nossa terra já não é tão fértil como conhecemos. As zonas montanhosas começam a dificultar a vida a quem lá se esforça. As zonas de menos relevo ficaram improdutivas ou simplesmente foram ocupadas por betão. Há forte diminuição de pluviosidade no país, com falta de água não se faz agricultura. Este sector de economia dificilmente vai resolver o problema dos santomenses. Só com muita injeção de uma coisa que não temos: dinheiro!
    Senhor Eng.º se se reparar ao longo dos anos como país independente, nunca conseguimos criar economia agraria de exportação. Assim sendo , o que poderá sustentar a nossa agricultura interna de subsistência?
    Enfim, Deus, acuda S. Tomé e Príncipe!

    • Cas. fr.

      2 de Outubro de 2023 at 14:27

      Meu caro, concordo com quase tudo que disseste, mas não quando dizes que não temos dinheiro. Podes ter o motivo pessoal. Mas quero dizer que só não temos recurso financeiro para nossa agricultura, porque não temos vindos a respeitar os nossos pedidos de créditos e apoios, que há quase meio século temos beneficiado. Negociamos com instituições financeiras internacionais, usando apenas o bom nome da agricultura, para depois ser a verba destinada para outros fins. Isto tem sido prática. O que não temos, meu caro, é a coragem de censurar o nosso ego em beneficio de transparência na gestão de coisa de todos nós. Obrigado…

  3. SEMPRE AMIGO

    2 de Outubro de 2023 at 10:22

    Convem nao tirar da memoria as palavras de ordem da chamada primeira Republica e os seus efeitos retumbantes na sociedade santomense.Eram as seguintes….COMECE DESDE JA A PLANTAR.Nas empresas agricolas,nas glebas e nos quintais,mulheres,homens e piooneiros,membros do Governo,PR, apoiados pelos tecnicos agricolas iniciaram umprocesso de plantio dearvores de fruto,bananeiras ehortalicas.Meses depois o pais viu/se confrontado com um excesso de producao de produtos agricolas alimentar.Foi entao lancado a palavra de ordem…..PRODUZIR MAIS E CONSSUMIR OS PRODUTOS NACIONAIS.Os restaurantes foram convidados a introduzir na sua ementa pratos nacionais.Os membros do Governo e os directores foram convidados a estarem presentes nos restaurantes e encomendarem comidas nacinais Porque razao se tenta sempre esquecer,apagar as coisas boas feitas na primeira Republica……………

    ..

    ,

  4. maria chora muito

    2 de Outubro de 2023 at 16:18

    Meu caro Engenheiro,
    Esses comentários são atualmente despiciendos ou mesmo insignificantes neste ambiente atamancado da política governativa de Patrice Trovoada. Patrice promove e protege os incultos, como Abel Bom Jesus, ( esse nem fez a quarta classe), os analfabetos Irmãos Monteiros, Pindó, Honório Lavres, Americano Santomense e outros para divertirem a plateia…
    Embora o seu sobrinho, Levy Nazaré, não o tenha conseguido, deves trabalhar para expurgar esse pedinte internacional de dinheiro do nosso país, para voltarmos a fazer com normalidade as reflexões conceituadas como as vossas. Como Patrice não estudou NADA na vida, ele só vive de expedientes de bisneiro, e tem enormes dificuldades em conviver com o pensamento académico e cientifico.

    • Iacer

      6 de Outubro de 2023 at 14:22

      Preconceito puro!

      Se olharmos para os cerca de 40 e tal anos de independência, o quê que andaram a fazer os mais cultos e

      instruídos na governação de São Tomé ????

  5. Observador atento

    2 de Outubro de 2023 at 17:19

    Na realidade a partir das nacionalizações das rocas agrícolas, pouco ou nada se fez para continuar a produção agrícola que todos sabemos ser a nossa principal riqueza. Em vez de trabalhar a terra entramos numa “derive” de mãos estendidas, pedindo esmolas aos estrangeiros. O Patrice Trovoada é o campeão de mãos estendidas pois passa mais tempo no estrangeiro a pedir esmolas que a trabalhar para desenvolver stp. O cúmulo disso tudo é de transformar as nossas rocas em museus como patrimônio nacional e sentarmos para receber o dinheiro dos museus…pouca vergonha!!!!As rocas deviam e devem ser os nossos principais instrumentos de trabalho para produzir riquezas. Na minha infância presenciei rocas produzindo cacao , café e coconote. Os cabo-verdianos faziam empreitadas e ainda tinham tempo para laborarem as suas hortas e venderem tomates, agrião etc..etc. Hoje o que é que os São-tomenses fazem dessas rocas? Querem transformas as rocas em museus, abandonados em ruínas! Pouca vergonha!

  6. Observador atento

    2 de Outubro de 2023 at 17:19

    Na realidade a partir das nacionalizações das rocas agrícolas, pouco ou nada se fez para continuar a produção agrícola que todos sabemos ser a nossa principal riqueza. Em vez de trabalhar a terra entramos numa “derive” de mãos estendidas, pedindo esmolas aos estrangeiros. O Patrice Trovoada é o campeão de mãos estendidas pois passa mais tempo no estrangeiro a pedir esmolas que a trabalhar para desenvolver stp. O cúmulo disso tudo é de transformar as nossas rocas em museus como patrimônio nacional e sentarmos para receber o dinheiro dos museus…pouca vergonha!!!!As rocas deviam e devem ser os nossos principais instrumentos de trabalho para produzir riquezas. Na minha infância presenciei rocas produzindo cacao , café e coconote. Os cabo-verdianos faziam empreitadas e ainda tinham tempo para laborarem as suas hortas e venderem tomates, agrião etc..etc. Hoje o que é que os São-tomenses fazem dessas rocas? Querem transformas as rocas em museus, abandonados em ruínas! Pouca vergonha!

  7. WXYZ

    2 de Outubro de 2023 at 18:04

    30 de Setembro. Dia de nacionalização das roças em STP. Depois passou a ser dia de reforma agraria. Mas so sei que ficou dia do inicio da nossa desgraça economica e social. Depois veio a politica de parcelamento de terras para ser entregue a pessoas sem amor a terra e sem amor a patria. E que acelerou ainda mais a degradação das ilhas que se dizem ser maravilhosas e/ou parasidiacas. Quase toda orla costeira que podia muito bem ser aproveitada para um plantio massiço de coqueiros foi ocupada pelos donos das ilhas. As terras araveis estao diminuindo consideravelmente. E o mais chato ainda é ausencia de politica séria para agricultura, pecuaria e ordenamento territorial. A quase inexistencia de engenheiros agronomos competentes. Realmente O tempo urge. Respeitemos por favor a paciencia que a mae natureza ainda tem para com as ilhas apesar dos mautratos que fazemos contra ela. Muitos Santomenses pensam que as nossas ihas são elasticas e estão avancando cada vez mais ao interior desbravando tudo quanto constitui a verdjura das ilhas. Temos que tirar essa ideia da mente dos horticultores

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