Opinião

Partilhando

Hoje partilho um texto de uma mulher do mundo e do seu tempo. Uma mulher verdadeiramente extraordinária. Certamente um exemplo para todas as mulheres do mundo, mas sobretudo um exemplo para todos os seres humanos dedicados a causa de devolver a cada ser sua humanidade plena.

O texto tem o seguinte título “Espírito nacional” e faz parte da obra “Carta a minha Filha”. Apesar das distâncias geográficas, políticas, culturais e temporais a reflexão merece uma leitura atenta.

“Nas últimas quatro décadas, nosso espírito nacional e nossa alegria natural retrocederam. Nossas expectativas para a nação se reduziram. Nossa esperança para o futuro caiu a tal ponto que nos arriscamos a zombarias e risos desdenhosos quando confessamos que temos esperança em um amanhã mais iluminado. Como chegamos, tão tarde e sozinhos, a este ponto? Quando desistimos de nossa aspiração por altos valores morais em prol dos que enchem nossa paisagem nacional de acusações vulgares e especulações grosseiras? …

 Não trabalhamos, oramos e planejamos criar um mundo melhor? Não somos os mesmos cidadãos que lutaram, marcharam e foram para a cadeia a fim de eliminar o racismo legalizadode nosso país? Não sonhamos com um país em que a liberdade fizesse parte da consciência nacional e em que o objectivo fosse a dignidade? Precisamos insistir em que homens e mulheres que pretendam nos liderar reconheçam os verdadeiros desejos dos que estão sendo liderados. Não escolhemos ser rebanho num prédio ardendo em ódio nem num sistema repleto de intolerância. Os políticos precisam ajustar seus objectivos para o que há de melhor em termos de valores, e, de acordo com nossas diversas tendências — democratas, republicanas, independentes —, nós os seguiremos. Os políticos precisam ouvir que, se continuarem a se afundar na lama da obscenidade, seguirão sozinhos. Se tolerarmos a vulgaridade, nosso futuro vai balançar e cair sob o fardo da ignorância. É preciso mudar. É inevitável. Temos cérebro e coração para enfrentar com coragem nosso futuro. Sendo responsáveis pelo tempo que temos e pelo espaço que ocupamos. Para respeitar nossos ancestrais e no interesse de nossos descendentes, precisamos nos apresentar como americanos bem-intencionados, corteses e corajosos.

Agora”.

Ouso pensar que podemos substituir América e americanos por qualquer país ou nacionalidade incluindo São Tomé e Príncipe e são-tomenses.

De todo o modo aconselho vivamente a leitura das obras de Maya Angelou. A sua vida é uma fonte de inspiração. Deixo abaixo alguns apontamentos.

Maya Angelou, uma vida completa

Reconhecida como grande poetisa norte-americana e figura influente da cultura afro americana, lutou pelos direitos civis e pela igualdade depois de superar um trauma na infância.Quando uma pessoa pode contar que, ao longo da vida, foi poetisa, atriz, cantora, bailarina, escritora, cozinheira, jornalista, condutora de bondes e até prostituta… só resta concluir que teve uma vida completa. Se a isso acrescentamos que escreveu sete autobiografias, teve uma indicação para o prémio Pulitzer, três para o Grammy e mais de meia centena de títulos honoríficos, podemos fazer uma ideia de quem foi e o que representou Maya Angelou, mais conhecida como a doutora Angelou, apesar de nunca ter tido um título universitário, por sua influência na cultura afro-americana nas últimas décadas.

E tudo o que conseguiu, incluindo transformar-se em defensora dos direitos civis e da igualdade, foi a partir da superação pessoal: depois de um abuso sexual na infância, sofreu um mutismo patológico que durou quase cinco anos.

Marguerite Annie Johnson, seu nome verdadeiro, nasceu em St. Louis, Missouri, em 4 de Abril de 1928. Quatro anos depois, seu pai, sem prévio aviso, mandou os dois irmãos de volta para a mãe em St. Louis. Quando tinha oito anos, Maya foi violentada pelo namorado de sua mãe. Contou para o irmão e este contou para o resto da família. O homem foi julgado e declarado culpado, mas só foi condenado a um dia de prisão. Quatro dias depois de sair da cadeia foi assassinado, provavelmente pelos tios de Angelou, e Maya permaneceu muda durante quase cinco anos acreditando que “minha voz o havia matado; eu matei aquele homem porque disse seu nome. E depois pensei que nunca mais voltaria a falar, porque minha voz poderia matar qualquer um…”Aos 14 anos, Maya Angelou e seu irmão voltam a morar com a mãe, desta vez em Oakland, Califórnia, e começa uma vida rica em experiências e aventuras. Durante a Segunda Guerra Mundial, Angelou cursou a Escola de Trabalho Social da Califórnia e, antes de se formar, trabalhou como condutora de bondes e foi a primeira mulher negra a ter esse trabalho em São Francisco. Três semanas depois de terminar a escola, aos 17 anos, deu à luz seu filho e se viu obrigada a aceitar numerosos trabalhos para sustentá-lo.

Ganhou a confiança de Martin Luther King e trabalhou com o activista sul-africano Vusumzi Make, o que lhe permitiu acompanhar de perto o processo da independência dos estados africanos. Viveu no Cairo e em Acra, onde foi editora do jornal ‘The Arab Observer’, escreveu artigos para o ‘The Ghanaian Times’ e apareceu na programação da Ghana Broad casting Corporation. Ali conversou com Malcolm X, conheceu Nelson Mandela e se adaptou tanto ao mundo académico como aos meios de comunicação, experiências que utilizou depois de sua volta aos Estados Unidos.

Apesar de não ter um título universitário, aceitou ser professora de Estudos Americanos na Universidade de Wake Forest, Carolina do Norte, onde foi um dos poucos docentes contratados em regime integral. A partir desse momento, Angelou se considerou “uma professora que escreve”.

Maya Angelou faleceu em 28 de Maio de 2014. Tinha 86 anos e foi encontrada por sua enfermeira e cuidadora. Apesar do estado de saúde frágil, que a obrigara a cancelar aparições públicas, Angelou estava trabalhando em um novo livro, uma autobiografia sobre suas experiências com líderes nacionais e mundiais. As condolências pelo falecimento de Angelou chegaram de todos os sectores e de todas as partes do mundo, desde artistas até líderes mundiais, incluindo Bill Clinton e Barack Obama. Na semana seguinte à morte de Angelou, sua primeira autobiografia, Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola, ocupou o primeiro lugar na lista de mais vendidos da Amazon.

Rafael Branco

5 Comments

5 Comments

  1. Bom Americano

    9 de Novembro de 2023 at 4:53

    Rafael,

    O que a América tem a ver com o círculo de corrupção generalizada, negativa, prejudicial e terrível para sociedade santomense em São Tomé e Príncipe?

    Tu mencionaste Nelson Mandela. Ele e o seu grupo de movimento de resistência de sul-africanos negros envolveram-se na luta armada e combate armado contra o regime Apartheid, queimando propriedades, riquezas, destruido infraestruturas e lugares para enfraquecer o regime do Apartheid. Eu me abstenho de fazer um julgamento sobre essa tática. Eu acho que se deve lutar para o seu povo e não apenas para um pequeno de grupo de elites.

    Tu criticas pessoas que escrevem palavras ofensivas criticando-te e outras pessoas. Concordo 100% contigo porque também acho que as pessoas deveriam ser mais disciplinadas ao discordar de opiniões. Além disso, as pessoas deveriam falar de forma inteligente, ser mais rigor no conteudo e serem cuidadosas com as suas palavras, demonstrar serem mais ponderados e civilizada, tolerantes e não arrogantes. Há uma necessidade crítica de modéstia no uso da linguagem, temperança com as emoções na comunicação, intendinento entre as pessoas para se saber o que a pessoa quer transmitir, e comunicar com palavras para trazer paz e uniao que existe dialogo aberto com envolvimento menos prejudicial a outro no discurso público.

    Mandela cumpriu mais de duas décadas de prisão. Não precisamos de ir para a prisão, incendiar edifícios para defender uma posição política porque discordamos com corrupção, racismo, etc. É isso que que estás promovendo para STP; a violencia?

    Maya Angelo foi raptada abusada sexualmente, tu escreveste. Quantas mulheres e raparigas que tu ou outras pessoas violaram em São Tomé?

    Rafael Branco, tu precisas focar na cura e na reconciliação, senhor! Pare de atacar e reclamar. Ajude por favor!

    Espero que tu não sejas um encrenqueiro ou tenha inconscientemente um sentimento de culpa e vergonha.

    Vamos ajudar a melhorar as coisas e trabalhar para tornar o mundo um lugar melhor. Não coloque mais lenha no fogueira. Fofocar sem conhecer toda os detalhes, propaganda, é portanto ser preconceituoso e nomeadamente rancoroso contra os outros.

    STP precisa mudar. A América é uma nação muito poderosa, forte, e grande. Não existe país perfeito e STP não é um deles.

    Obrigado pela dica,

    Bom Americano

  2. Célio Afonso

    9 de Novembro de 2023 at 9:23

    Há um proverbio que diz “Na luta entre touros, quem sofre é a relva”.
    Traduzindo para o nosso país está claro que na luta pelo poder os políticos não escolhem os meios. Portanto, vale tudo até mesmo detenções ilegais, tortura até a morte, etc, etc, e no meio de tudo isso quem está pagando pesada fatura é o povo.
    Um país tão pequeno, com povo humilde e pacífico, recusos pluviais em abundância e não só, mas que os malditos políticos transformaram num inferno!

  3. Madiba

    9 de Novembro de 2023 at 9:57

    Caro Rafael;
    Infelizmente, o senhor também tem o telhado de vidro?

  4. Bem de S.Tomé e Príncipe

    9 de Novembro de 2023 at 16:54

    Caro “Bom Americano” acho que Rafael Branco não está incitando à violência nenhuma. Simplesmente, ele nos chama à atenção para uma reflexão atenta do texto.

  5. Margarida Lopes

    9 de Novembro de 2023 at 23:14

    O Rafaël Branco é um SAFADO cara de lata que ousa vir se expôr PÚBLICAMENTE sobre GESTOS & FEITOS que ele mesmo foi o maior e até o mais perverso praticante. Este individuo devia era ficar SILENCIOSO,discreto para não lhe trazermos a TONA as vagabundices que ele praticou durante todo o seu trajeto ATIVO, que vai da CORRUPÇÃO a ADULTÉRIO, VIOLAÇÃO SEXUAL por manipulação e abuso de poder, ele desfrutou bem da sua posição política para destruir lares de família. Este cara não tem moral, não conhece estes valores…enfim!
    Nada tem de interessante neste texto,que possa levar a uma REFLEXÃO POSITIVA.
    RAFAËL BRANCO, baaaaaaaaza ! Vai aproveitar e gozar do dinheiro que a sua des-HONESTIDADE lhe permitiu acumular, porque você nunca foi e nunca será útil a nossa sociedade.
    Posso lhe pedir um favor? Por esmola, fecha aquela sua FUÇA.

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