Política

Sindicato da CST exige ao administrador FRAZÃO justiça salarial, e redistribuição justa dos rendimentos

Pela primeira vez desde que iniciou a sua actividade comercial em São Tomé e Príncipe no ano 1990, a CST maior empresa de telecomunicações do país vive um momento de tensão entre a representação dos trabalhadores e a administração.

Tensão que se expressa no conteúdo da carta que o SINTRACST endereçou ao Administrador Jorge Frazão. Um conteúdo em que os trabalhadores falam de laivos escravocratas por parte da administração Frazão.

O assunto da missiva é claro “ Proposta de melhoria das condições salariais – Reajuste salarial”. Os trabalhadores consideram que a empresa líder do mercado de telecomunicações tem sido bem sucedida em termos de rendimentos, mas a redistribuição não tem sido justa.

«A grande preocupação que tem assaltado a paz de espírito dos sócios do SINTRACST é que na nossa empresa CST, não nos parece que o rendimento empresarial goze da esperada justiça, nem da prudente justeza», dizem os trabalhadores.

O Estado são-tomense detém 49% do capital da CST e a empresa portuguesa Africatel Holding B.V domina os outros 51%.

«Já havíamos aflorado em sucessivas abordagens com a administração que há mais de 10 anos que deixou de ser praticado o ajuste do salário de base de acordo com a inflação anual, prática decorrente de um acordo entre o sindicato e a administração desde o ano 2003…», frisa o sindicato da CST.

Os 10 anos de congelamento do salário de base dos trabalhadores coincidem com o tempo de vigência da administração Frazão. Período em que, segundo o sindicato, a inflação saltou de 7,13% para 25,21% e engoliu o poder de compra dos trabalhadores.

«Temos vindo a insistir igualmente que nos últimos 10 anos foi relegada a prática de progressão de carreira por antiguidade, parâmetro que está contemplado nas disposições legais de São Tomé e Príncipe que indica que esta progressão deve ocorrer no período de 3 anos, salvo se o trabalhador for alvo de comportamentos penalizadores…», contesta o SINTRACST.

Os trabalhadores pedem à administração para reflectir sobre a situação socioeconómica de São Tomé e Príncipe que se agudizou após a introdução do IVA. Uma situação que exige o ajuste salarial para dar alguma segurança aos trabalhadores face a queda do poder de compra e a subida do custo de vida.

«Ao invés de tudo isso temos vindo a constatar indicadores graves de injustiça na redistribuição dos rendimentos mormente : Privilégios de distribuição restrita de benefícios exorbitantes que não contribuem para a produtividade da empresa como títulos de viagens, compra e venda de viaturas topo de gama etc, distribuição restrita e pouco transparente de outras regalias como prémios de gestão etc», revelam os trabalhadores.

Para o sindicato da CST se a administração Frazão não avalia as consequências dos congelamentos dos salários há 10 anos, ou se negligencia tais consequências, « corre o risco de se confundir com regimes de gestão escravocrata, ou ferido de outra formas de discriminação desumana».

Segundo o sindicato tudo isso acontece numa altura em que muitos trabalhadores abandonaram a empresa optando pela emigração, e a carga de trabalho aumentou. Os trabalhadores consideram que os argumentos da administração para congelar os salários já não têm sustentação.

Exigem ao administrador Jorge Frazão que seja feito um aumento do salário de base na ordem de 35%, e que seja retomado o princípio de progressão de carreira de acordo com as disposições legais do Estado de São Tomé e Príncipe.

Abel Veiga

O leitor tem acesso na íntegra ao protesto do SINTRACST :

2 Comments

2 Comments

  1. Danilo SALVATERRA

    20 de Novembro de 2023 at 10:39

    Quem possui os 51% de capital da empresa CST ?

    ” A Visabeira Global adquiriu 51% da acções da Companhia Santomense de Telecomunicações (CST), anteriormente detidas pela Africatel Holding B.V, subsidiária indireta da OI. Os restantes 49% da empresa continuam a ser detidos pelo Estado santomense. Embora o Grupo português não tenha revelado valores, em outubro do ano passado a Forbes adiantou, em primeira mão, o acordo que terá sido fechado acima do valor real das acções. ”

    Se o sindicato não sabe, . . .

  2. Manuela Pedroso

    20 de Novembro de 2023 at 20:54

    O Estado santomense não conhece os seus direitos. Tem 49% de ação, mas não sabe praticamente nada que passa na empresa. O Estado elige Presidente do Conselho de Administração que é um politico que é enganado com alguns trocos que a empresa dá, algumas garrafinhas de vinho, algumas viagens etc.
    A CST gosta é de festivais. Promover festivais e enganar algum grupinho de jovens. Assim vamos caminhando

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