Política

Missão médica angolana no terreno para atender a população santomense

A primeira missão médica de Angola no território santomense traz solidariedade e humanismo às relações de amizade entre os dois povos.

Desde o dia 25 de março, segunda – feira, que 13 profissionais de saúde mais concretamente do Centro Neurocirúrgico e de tratamento da hidrocefalia de Angola aterraram em São Tomé, para prestar assistência médica e cirúrgica a toda a população do país.

Composta por enfermeiros especializados, assistentes sociais, especialistas em ortopedia, cirurgia pediátrica e neurocirurgia, a equipa médica angolana respondeu ao convite do Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe.

«Só temos de prestar a nossa gratidão pelo convite do Ministério da Saúde de São Tomé. Está aqui comprovado que a irmandade entre os dois povos é eterna. Estamos aqui com muito orgulho», afirmou Mayanda Inocente, director do Centro Neurocirúrgico de Angola e Coordenador da missão médica angolana em São Tomé.

A missão médica de 3 semanas promove a troca de experiência entre os profissionais de saúde dos dois países. O conhecimento da realidade sanitária de São Tomé e Príncipe começou no Hospital Central Ayres de Menezes.

A equipa médica angolana já começou a dar assistência no hospital nacional de referência assim como nos centros de saúde distritais.

«É um intercâmbio, e também queremos receber os nossos colegas santomenses em Angola, para conhecerem o que fazemos em Angola», acrescentou o chefe da missão médica angolana.

Mayanda Inocente revelou que médicos e enfermeiros santomenses deverão ser formados em Angola nomeadamente no domínio da neurocirurgia.

Mayanda Inocente – Médico Neurocirurgião / Chefe da missão médica angolana

As comunidades angolanas em São Tomé serão um dos alvos da acção médica solidária. «Vamos fazer visitas de prospecção nas comunidades angolanas, ver os problemas sociais e de saúde. Vamos realizar consultas nos centros distritais que lá existam. Dar a atenção médica e cirúrgica que a situação exige, e sermos os porta-vozes em Angola sobre a realidade da nossa comunidade em São Tomé», frisou Mayanda Inocente.

Assistência médica às populações de São Tomé e Príncipe e de Angola é uma cultura que foi enraizada nas duas sociedades por médicos que são hoje uma referência histórica para os dois países.

Foto de família com o embaixador de Angola em STP ao centro (Fidelino de Jesus Peliganga)

A primeira missão médica angolana em São Tomé, pretende assim enaltecer o legado humanista deixado pelos médicos Agostinho Neto que é patrono da roça Agostinho Neto e do antigo Hospital da mesma roça. Um hospital que foi referência na ilha de São Tomé. A maior parte dos cidadãos santomenses nascidos na década de 80 do século XX, viu a luz do dia na maternidade do Hospital Agostinho Neto na roça do mesmo nome. Foi a maternidade de referência e que acolhia as mulheres de toda a ilha em serviço de parto.

Américo Boavida é outro médico angolano de referência cujo legado está a ser partilhado entre os profissionais de saúde de São Tomé e Príncipe e de Angola.

«Os países africanos de expressão portuguesa tiveram bons médicos. E precisamos aproveitar esta experiência sobretudo num contexto de crise de valores nos nossos países», pontuou, Mayanda Inocente.

Azancôt de Menezes, é um apelido de santomenses que promoveu e continua a promover cuidados de saúde tanto no arquipélago como em Angola. Ayres de Menezes médico santomense patrono do hospital central do país, emigrou para Angola no século XIX. Levou cuidados de saúde para as populações das extensas savanas de Angola. Gerou Hugo Azancôt de Menezes. Um filho também médico que para além de cuidar da saúde do povo angolano, participou na luta pela independência de Angola. Aida de Menezes, santomense, filha de Hugo de Menezes, neta de Ayres de Menezes é médica em Angola.

«É preciso que os médicos e todo o pessoal de saúde comuniquem de forma diferente. E comunicar diferente significa resgatar os valores que nos legarem os médicos de referência, exemplo de Azancôt de Menezes que trabalhou aqui de forma abnegada, deixou exemplos enormes. Isso para uma saúde mais humanizada para os nossos países», frisou o chefe da missão médica angolana.

Para além de tratar da saúde da população santomense, a primeira missão médica de Angola aposta no legado deixado pelos médicos de referência dos dois países, para cultivar valores humanitários e de profissionalismo no seio das novas gerações de profissionais de saúde.

Abel Veiga  

1 Comment

1 Comment

  1. ANCA

    28 de Março de 2024 at 14:14

    Bela iniciativa.

    Aqui esta um exemplo de cooperação entre africanos povos irmãos, que podem ajudar mutuamente, em vários domínios e que se quer e pretende, que seja cada vez mais sólida esta irmandade.

    Ex;Gastamos rios de dinheiro, colocando nossos estudantes a estudar na Europa, na Asia, na América, penso que chegou altura de inverter esta realidade, isto não nos trás vantagens, a realida cultural é diferente, os nossos jovens acabam por ficar e trabalhar e contribuir para crescimento destes blocos económicos em vez de fazer crescer a África e os nossos países, podemos ter bolsas de estudos externas mas a formação deveria ser em África, para conhecimento da nossas realidades, não que tenha alguma mal em formar nestes blocos, mas deveria ser somente para especialização, cooperação e troca de conhecimentos, mas a formação de base, formação universitário aqui em África.

    O mesmo com os doentes que enviamos para tratamento nos hospitais ocidentais,nomeadamente Portugal, não que tenha mal nenhum, mas a medida que vamos tendo valências e consolidando, valorizando, sedimentando as nossas instituição, podemos perfeitamente tratar nos nossos pacientes aqui em África, com cooperação Portuguesa claro que é também um pais irmão.

    Por exemplo Angola, acabou de inaugurar o maior centro de dialise no país, a nossa cooperação sul sul deve fazer sentir, valorizavamos as nossas instituições e profissionais,…

    Temos que valorizar a nossa juventude, é um activo único.

    Perder este activo significa retrocessos

    África foi esvaziada da sua população pela colonização e escravatura, levaram muitos homens e jovens para trabalho esforçados

    Hoje este diluimento da população, no caso de São Tomé e Príncipe,faz se pela falta de Homens e Irresponsáveis políticos que dirigem o destino do país, território, população, administração, mar justiça.

    Temos instituições fracas precisamos de fortalece-las, pela formação, responsabilização, gestão económica e financeira.

    Bem haja

    Juntos somos mais

    Acredita

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

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