Opinião

Fla Vón Vón — Crónicas de um país a fingir que não se vê

Bem-vindos, mais uma vez, ao Flá Vón Vón — esse espaço onde se fala à toa, mas com a intenção de dizer tudo o que importa.

Esta semana, há um rodopio de temas a merecer atenção:

📉 1. Baixa do preço dos combustíveis: Sempre bem-vinda! Mas convinha o Governo explicar se a queda se deve à evolução internacional dos preços (como nos dizem sempre quando é para subir), ou se é um passo atrás no aumento anterior — aquele que muitos dos actuais decisores aprovaram em tempos idos. Ou será que estamos diante de uma fezada pré-eleitoral? Haja clareza, meus senhores.

🌀 Crónica #2 — Coisas sérias, com cara de brincadeira (ou será o contrário?)

2. Projeto Fitch: Ao contrário dos negócios opacos do passado — como o caso Tesla, o GTI Pay e outras parcerias público-privadas onde contratos foram escondidos dos olhos do público e muitos dos actuais ministros participaram sem dar cavaco a ninguém —, desta vez fala-se em consulta à sociedade civil. Mas como? Convidando apenas partidos e algumas “individualidades” de mérito selecionado? Se a intenção é fazer diferente, façam-no a sério. Que tal uma apresentação pública do projeto, com espaço aberto para críticas e contribuições reais? O Flá Vón Vón gostaria muito de ouvir a Fitch… e também de ser ouvido. Ainda vamos a tempo, Sr. Primeiro Ministro?

3. MLSTP e a oposição de faz de conta: O último orçamento foi aprovado por unanimidade — um feito inédito, dizem. Mas a tal unanimidade não disfarça a fragilidade interna do partido. A liderança da Presidente do MLSTP tem sido marcada por ausências e silêncios. Onde anda a sua veemência? A mesma que, há tempos, permitiu-lhe concorrer à presidência do partido enquanto exercia funções como Governadora do Banco Central. Nessa altura, não faltaram polémicas, mas hoje reina o silêncio — dentro e fora do partido. E a oposição? Parece anestesiada, refém da paz do consenso. Até Cristo teria dificuldade em interpretar esta fé política.

4. Mês da Cultura: Esta semana vi agitação na cidade junto ao Ministério da Educação e Cultura. Fala-se em fazer algo, mas o setor continua perdido — a dança de cadeiras no ministério é sintomática. O Presidente da República falou sobre o tema e deixou recados. Pergunto-me, porque não ser o próprio Presidente, o promotor da ação. Humildemente, sugiro que se reúna com os agentes culturais do país (sim, também participo nas margens), ou então peça sua equipa que se inteire do alerta eu deixei num artigo que escrevi no Téla Nón sobre o financiamento da cultura pelo Instituto Camões. Pode ser um bom começo. Aliás, ainda sobre “cultura”, notei também a cultura do aparato a crescer à volta do PR — segurança, staff, carros novos “fumados” — sinais dos velhos hábitos que pensávamos ultrapassados. O mesmo se aplica ao Primeiro Ministro, a quem vi, desfilar com oito seguranças. Qual é a modernidade que se quer afirmar aqui? A do culto da personalidade? Só pode ser praga!

5. Tarifas de Trump: O mundo está atento ao frenesim tarifário vindo dos EUA. Por cá, STP mantém uma reciprocidade formal: eles cobram 10%, nós também. Mas afinal, o que exportamos nós para os EUA? Não consegui encontrar resposta. Talvez só os discursos da comitiva nos encontros anuais de primavera do FMI e Banco Mundial — os famosos Bretton Woods de São Marçal.

6. Leitura integral do comunicado do Conselho de Ministros na TVS: Caricato. A TVS, que vive empanturrada de tanto investimento e reformas, insiste o Governo em tratar os cidadãos como se não tivessem discernimento. A Venezuela de Maduro parece ter uma sucursal aqui ao lado. Sr. Ministro Gareth, de boa estampa e físico respeitável, não precisa cansar-nos e “cansar” o marketing da sua imagem com a leitura dos comunicados na íntegra. As audiências na TVS estão a abarrotar de crescimento a cada leitura. Haja paciência!

Por hoje é tudo. Ou quase. Enviem informação ou factos de interesse — pois não tenho como estar a par de tudo. Não fazemos devassa, nem polémicas sensacionalistas, muito menos propaganda. A caneca é a minha. Só quero ajudar a pensar o país com mais sentido e menos ruído.

Flá Vón Vón só queria dizer que há muita coisa a acontecer com cara de brincadeira. Ou será o contrário?

Luisélio Pinto

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