Matéria enviada ao Téla Nón por Filipe Samba, emigrante são-tomense na Rússia.
- Reflexões sobre a guerra no Afeganistão
- Fórum Internacional de Turismo Visit Russia terá lugar em Iaroslavl
- Rossiiskaya Gazeta
- EM FOCO NA IMPRENSA RUSSA
Reflexões sobre a guerra no Afeganistão (opinião)
O próximo Outono marca o décimo aniversário do início da guerra norte-americana e de seus aliados contra os talibãs. Essa é uma hora oportuna para reflectir se os líderes e comandantes militares ocidentais aprenderam as lições da presença armada da URSS no Afeganistão.
As duas campanhas têm muito em comum, mas também apresentam diferenças. A principal delas é que, em 1979, Moscovo enviou suas divisões militares para proteger um regime amigo de forças hostis e evitar que o Afeganistão saísse de sua esfera de influência; as tropas ocidentais, por sua vez, estão comprometidas a destruir bases terroristas. O primeiro caso representou um episódio de confronto global entre o bloco socialista e praticamente o resto do mundo, um acontecimento que definiu o último momento da Guerra Fria. Já a presente guerra se trata de uma resposta da Casa Branca aos ataques de 11 de Setembro.
Há 32 anos, quando os generais da União Soviética se viram em um país vizinho, nem sequer se preocuparam em providenciar alojamento básico para suas unidades. E por que deveriam? Supunha-se que iriam rapidamente derrotar os bandos das guerrilhas islâmicas com suas armas obsoletas e retornar para onde tinham permanentemente estacionado. Em pouco tempo, ficou claro que os barbudos mujahedin eram apenas a ponta do iceberg e que por trás deles havia recursos colossais dos Estados Unidos, Arábia Saudita, China, Paquistão, Egipto, Israel e uma infinidade de outros Estados que aproveitaram ao máximo a oportunidade para declarar a União Soviética um “império do mal”, colocá-lo em uma longa guerra de atrito e, por fim, vencer a Guerra Fria. Actualmente, a coligação que está a combater os talibãs e a Al-Qaeda tem, pelo contrário, o apoio de praticamente o mundo inteiro, inclusive da Federação Russa.
Porém, quais são os traços comuns? Há 32 anos, assim que entraram em Cabul, as forças soviéticas começaram liquidando Hafizulla Amin, chefe da liderança afegã; Amin era suspeito de colaborar com a CIA. Babrak Karmal assumiu a posição e foi meticulosamente instruído pelo Kremlin sobre como governar o país “correctamente”. A invasão dos EUA e da NATO também foi precedida pelo assassinato político de Ahmad Shah Massoud, o único afegão que naquela época tinha chances de se tornar um líder nacional genuíno. A história oficial é de que forças armadas próximas dos talibãs planejaram o crime, mas, ao conversar com pessoas instruídas em Cabul, percebe-se que poucas delas dão crédito a essa versão. Na verdade, Massoud tinha resistido por muito tempo e com sucesso aos ataques de radicais e era definitivamente considerado um de seus piores inimigos, mas todos sabem que ele jamais teria concordado em ver soldados estrangeiros em sua terra.
A verdade é que naquele momento Massoud não convinha a ninguém – nem aos norte-americanos nem ao “mulás”, e muito menos aos membros de seu círculo, que queriam apenas usufruir das recompensas da vitória da Jihad. O modo como o assassinato foi organizado e as evidências foram acobertadas mostra que profissionais sérios trabalharam no caso. Os talibãs? Não parece um trabalho deles.
Seja como for, os fatos depois prosseguiram no mesmo cenário: foi a Casa Branca que instalou Hamid Karzai no Palácio de Ark, antiga residência dos monarcas afegãos, e fez de tudo para torná-lo legítimo aos olhos de seus próprios cidadãos.
Os soviéticos, especialmente nos primeiros anos, impuseram ao Afeganistão suas próprias ideias de estrutura de Estado e vida pública. Os norte-americanos, com uma obstinação suicida, estão cometendo os mesmos erros, tentando em vão enxertar seus “valores democráticos” nos pachtuns, tadjiques, khazares e os outros habitantes das montanhas selvagens. O aparecimento de unidades da NATO e da Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF, da sigla em inglês) no Afeganistão, assim como a invasão do “contingente soviético”, gerou um forte estímulo aos conflitos de guerrilha. Por mais estranho que possa parecer, quanto mais forças a coligação acumulou do outro lado do rio Panj, pior se tornou a situação política e militar da região. Basta olhar as estatísticas de ataques terroristas, os números de vítimas e o mapa de territórios controlados por forças da oposição.
O Ocidente jamais irá alcançar a vitória no Afeganistão por meios exclusivamente militares. Os russos também fracassaram, mas possivelmente atingiram muitas de suas metas: depois de a Rússia deixar o Afeganistão, o regime do presidente Najibulla permaneceu firme por mais três anos contra os ataques violentos dos mujahedin, que recebiam apoio do mundo islâmico e do Ocidente. O regime de Najibulla entrou em colapso logo depois da queda da URSS. Por outras palavras, Moscovo conseguiu concretizar aquilo que o Ocidente ainda tem que alcançar: criar um governo viável, para formar, armar e treinar o exército e a polícia, e, assim, assegurar o controle da maior parte do território do país. Najibulla também deve ser levado em conta. Ele foi um governante forte, reconhecido pelas tribos independentes pachtuns e pelas minorias étnicas do norte do Afeganistão. Não é por acaso que eles gostariam de ter Najibulla de volta: ele seria um líder ideal para o Afeganistão nos dias de hoje. Quanto a Hamid Karzai, ainda não é possível afirmar se ele tem a mesma competência.
O preço pago por Moscovo pelo seu sucesso é um assunto completamente diferente. Muitos acreditam que a guerra contra os mujahedin provocou um efeito paralisante na economia, enfraqueceu a confiança, diminui drasticamente o apoio ao regime soviético no mundo todo e, por fim, precipitou a queda do mundo comunista e da URSS. O preço é ainda grande demais para ser colocado de lado, mas a segurança de toda a civilização ocidental está em jogo.
Os meus colegas estrangeiros me perguntam por que tantos afegãos, mesmo os antigos mujahedin, têm boas recordações dos russos e, ao mesmo tempo, não demonstram nenhum sentimento caloroso por aqueles que hoje arriscam suas vidas para defendê-los dos talibãs e da Al-Qaeda. Eu acho que a resposta é óbvia. O segredo é que nós não apenas combatemos os fundamentalistas, mas investimos biliões de dólares em vários projectos de construção. Quase tudo que o Afeganistão possui hoje – estradas, pontes, túneis, fazendas, escolas, elevadores de grãos, bairros residenciais – foram construídos por ou com assistência dos soviéticos. Dezenas de milhares de afegãos foram educados na Rússia e em outras repúblicas soviéticas. Tais coisas não são facilmente esquecidas. Hoje, esse é o único jeito de reverter a situação. Operações militares “cirúrgicas” devem ser acompanhadas de importantes projetos de infra-estrutura que mudem a cara do país e a mentalidade de seu povo.
No início dos anos 90, era comum ouvir pessoas na Rússia a dizer que “mandar tropas para o Afeganistão foi um erro trágico, mas deixá-las partir do país foi um crime imperdoável”. A mensagem é que não tínhamos o direito de deixar a nação à mercê de extremistas. Ganhar a Jihad acabou se tornando uma vitória de Pirro: caos, guerra civil e ainda mais vítimas, que culminaram com a tomada do poder pelos talibãs, transformando o Afeganistão no centro do terrorismo internacional. Há 25 anos, esse foi o resultado do conflito ou, se quiserem, a consequência lógica da Guerra Fria. Hoje o mundo é diferente. Mas o perigo não diminuiu.
Fórum Internacional de Turismo Visit Russia terá lugar em Iaroslavl
20 e 21 de Outubro de 2011 Iaroslavl
O Fórum Internacional de Turismo Visit Russia é uma iniciativa do governo da região de Iaroslavl e da corporação de desenvolvimento “O Anel de Ouro”, com apoio da Agência Federal de Turismo e do Ministério do Desporto, Turismo e Política de Juventude, sob os auspícios de Georgui Poltavtchenko, representante do Distrito Federal Central da Federação Russa.
Os participantes do Fórum são representantes de regiões e cidades russas, investidores nacionais e estrangeiros, directores de companhias turísticas, uniões e associações de comércio, construtoras, especialistas russos e internacionais, além de outras pessoas cujas actividades estão relacionadas com o turismo.
Serão discutidas questões como a integração da Rússia na indústria global do turismo, maneiras de atrair turistas e investimentos para as regiões russas; a criação de conglomerados turísticos como um canal de desenvolvimento inovador; desenvolvimento do turismo de eventos e de negócios; experiência mundial na criação de marcas turísticas, sua influência na economia e as possibilidades de implementação desses recursos na Rússia.
A necessidade de criar um espaço onde os principais especialistas, profissionais da área e potenciais investidores possam se reunir vem sendo estudada há algum tempo. A indústria do turismo é relativamente jovem na Rússia em comparação à realidade dos países europeus, mas está crescendo rapidamente e precisa de um sistema eficiente de administração. Com a abordagem correcta visando seu desenvolvimento, pode se tornar um motor para o crescimento da economia da região.
A escolha de Iaroslavl como sede do Fórum Internacional de Turismo não foi uma decisão aleatória. A região possui experiência no assunto, pois apresenta enorme potencial de desenvolvimento turístico. O governo de Iaroslavl tem obtido sucesso em sua iniciativa de criar um conglomerado turístico-recreativo. A expectativa é atrair mais de 15 biliões de rublos de investimento em infra-estrutura de turismo cultural, recreativo, ecológico, de negócios e de eventos, além de outros tipos de turismo, nos próximos anos.
De acordo com padrões internacionais que podem ser aplicados também à Rússia, cada rublo investido em infra-estrutura de turismo gera um lucro de sete rublos. Um melhor resultado pode ser atingido se o conceito de conglomerado for implementado. A criação de centros turísticos será um dos principais pontos abordados no Fórum.
Os convidados e participantes serão capazes de avaliar a experiência de Iaroslavl e apresentar seus próprios projectos de criação de produtos turísticos. Alguns especialistas estrangeiros também apresentarão seus projectos. Christoph Kiessling, fundador e director dos parques Siam e Louro, em Tenerife, a maior das ilhas do arquipélago das Canárias, irá apresentar ao público o projecto no qual incluiu um jardim zoológico, um circo e um jardim botânico sob um mesmo tecto. Guntram Kaiser, director administrativo do KAISERCOMMUNICATION GmbH, na Alemanha, vai expor maneiras de adaptar a experiência alemã em atractivos turísticos para grandes eventos desportivos (com base da Taça do Mundo de 2006) no Anel de Ouro. Jonty Yamisha, director administrativo da consultoria económica FTI Consulting, dos Estados Unidos, vai revelar os segredos dos investimentos norte-americanos na Rússia.
Além disso, especialistas em turismo poderão expor seus trabalhos e apresentar produtos turísticos únicos durante workshops e apresentações. Os participantes vão, por exemplo, sugerir soluções para tornar as rotas turísticas russas tão populares quanto os destinos turcos e tailandeses. Durante o evento, um mapa dos contos de fadas da Rússia será especialmente apresentado aos convidados, contendo dados históricos e informações sobre as localidades onde surgiram os mais importantes personagens dos contos russos.
Uma exposição das regiões russas estará disponível aos participantes do Fórum Internacional de Turismo. As regiões irão apresentar um plano de estratégia de marcas e alguns projectos relacionados com o turismo de eventos. Levando em consideração que muitos dos participantes são potenciais investidores, as regiões que estiverem expondo seus projectos terão a possibilidade de ganhar parceiros poderosos.
Informações adicionais
Iaroslavl é uma região localizada no Distrito Federal Central da Federação Russa. É também o nome de sua capital e centro administrativo da região, uma das três cidades russas incluídas na lista de Património da Humanidade da UNESCO. Em Iaroslavl, encontra-se a maioria das cidades que fazem parte do Anel de Ouro da Rússia. O rio Volga, que corre pelas vilas e aldeias antigas da região, constitui a principal riqueza natural dessa área.
A região possui mais de 5 mil monumentos culturais e históricos. Os monumentos arquitectónicos mais antigos são a Catedral da Transfiguração do Salvador, em Pereslavl-Zalesski, o Kremlin de Uglitch, o Mosteiro da Transfiguração do Salvador, em Iaroslavl, o mosteiro de Abraão, em Rostov, e outras pérolas da arquitectura dos séculos XV e XVI. Existem mais de 250 museus em funcionamento na região, e suas colecções contam com mais de 800 mil obras.
O turismo de eventos está a florescer em Iaroslavl. Os visitantes da cidade têm vindo a interessar-se pelas seguintes celebrações: mich e valenki (ratos e botas de feltro, respectivamente, em português), em Míchkin; no feriado de Inverno Po schutchiemu veleniu, em Rostov; no feriado infantil do tsarevitch Dmítri, em Uglitch; no Dia do Comerciante, em Ribinsk; e nos dias do Património Europeu e Cultural, em Iaroslavl.
Contactos:
Direcção Executiva
Fórum Internacional de Turismo “Visite a Rússia”:
Elena Sirotkina, e-mail: sirotkina@polylog.ru
Ekaterina Kats, e-mail:ekaterinakats@polylog.ru
Tel/fax: (495)258-22-38,
Site: www.visitrussia-yar.ru