Sociedade

Sindicato da Função Pública vence primeiro braço de ferro com o Governo

Abertura de diálogo para análise dos 12 pontos contidos no caderno reivindicativo, foi a principal exigência do Sindicato nos últimos meses. O Governo reagiu pondo em causa a legitimidade do sindicato de Aurélio Silva. Mas, assim que começou a greve geral na função pública esta segunda – feira, o primeiro-ministro cedeu, abrindo portas para diálogo com Aurélio Silva.

Os coveiros aderiram a greve geral de 28 de Novembro. Para além de cemitérios encerrados, na capital são-tomense e nas cidades distritais, registou-se alguma paralisação dos serviços públicos. No serviço de registo civil e cartório notarial, o Téla Nón testemunhou a paralisação das actividades, o mesmo aconteceu na direcção da pecuária, e noutras instituições públicas.

Aurélio Silva, líder do Sindicato da Função Pública, tinha prometido paralisar o sector caso o Primeiro-ministro não negociasse directamente com o Sindicato os 12 pontos contidos no caderno reivindicativo. A ameaça de greve que data de finais de Outubro último, foi desvalorizada pelo Primeiro-ministro que pôs em causa a legitimidade do sindicato de Aurélio Silva, como representante dos trabalhadores do Estado.

Em resposta Aurélio Silva garantiu que o Primeiro-ministro teria que pedir desculpas por tais declarações, caso contrário iria sentir o peso do seu sindicato. No último domingo, reagindo a greve geral marcada para segunda – feira, o Primeiro-ministro, foi mais áspero e hostil contra o sindicato da Função Pública, numa declaração proferida na TVS.

No entanto conforme tinha prometido, nas primeiras horas de segunda-feira, o Sindicato conseguiu paralisar alguns sectores da Função Pública.

O Governo sentiu o impacto da greve. Os cemitérios com portas fechadas sem possibilidades para receber cadáveres, não seriam bom sinal para os próximos dias.

O impacto da greve, provocou a rendição do governo no braço de ferro que estabeleceu com o Sindicato desde Outubro. O Primeiro-ministro convocou o líder do sindicato da Função Pública, Aurélio Silva, para a primeira tentativa de diálogo no Palácio do Governo. A reunião entre o sindicato e o Governo começou por volta das 12 horas de segunda – feira e só terminou, 3 horas depois.

Fixação do salário de base a nível nacional no valor correspondente a 200 dólares, é o primeiro ponto do caderno reivindicativo do Sindicato da Função Pública. «Relativamente ao ponto 1 que é o mais importante para os funcionários públicos concluímos que dever-se-á criar uma comissão composta por um consultor jurídico e o sindicato da Função Pública, para fazermos levantamento exaustivo de todos os salários avultadíssimos que existem na função pública e proceder depois do estudo técnico, uma proposta definitiva para a grelha salarial da Função Pública. Isto ficou acordado», referiu Aurélio Silva após encontro com o Primeiro-ministro.

Segundo o líder sindical a comissão técnica para revisão e actualização da grelha salarial na função pública, começa a trabalhar as 15 horas desta terça-feira.

Por outro lado as questões relacionadas com a garantia de transportes públicos para os funcionários, e acesso aos cuidados de saúde, o Primeiro-ministro, decidiu analisar tais propostas e tomar uma decisão para breve.

O pagamento de indemnização aos trabalhadores das antigas empresas públicas que foram licenciadas no quadro do programa de ajustamento estrutural, é outro ponto fundamental da carta reivindicativa. «Relativamente aos trabalhadores licenciados, será criada uma comissão composta por trabalhadores licenciados, Tribunal de Contas, Sindicato e o Ministério das Finanças para fazermos um levantamento dos fundos dos trabalhadores licenciados, que foram desviados e o montante de indemnização a ser atribuída aos trabalhadores», pontuou Aurélio Silva.

Cedência do Governo a favor do diálogo que levou Aurélio Silva, a anunciar o levantamento da greve e a suspensão da manifestação dos trabalhadores licenciados, que estava marcada para 30 de Novembro.

Segundo Aurélio Silva, antes mesmo do início das negociações, o Primeiro-ministro fez o que o Sindicato tinha exigido publicamente. «Ele pediu desculpas. Os outros membros da equipa são testemunhas», precisou.

Aurélio Silva, garantiu que doravante há paz nas relações com o Primeiro Ministro. «Nós havíamos criticado a arrogância do senhor Primeiro Ministro, mas houve agora desculpas  da parte dele e da nossa parte também houve desculpas por termos também reagido as suas declarações», concluiu.

Abel Veiga

23 Comments

23 Comments

  1. Filho da Terra

    29 de Novembro de 2011 at 13:57

    Muito bom, congratulo-me com o STE!
    STP precisa dessas iniciativas para sair do marasmo em que se encontra…

    Cumprimentos

    FT

  2. Olhos Vivos

    29 de Novembro de 2011 at 15:20

    Olhos Vivos – (29-11-2011)
    Notas & Comentários nº. 245/11
    Boa Tarde,
    A confirmar o que faz manchete no digital Tela Non, cumpro-me enaltecer a atitude corajosa do lider Sindical da Função Pública,Aurélio Silva.Pelo que sentido esta testa de ferro que opõe àquela força sindical e o Governo.Arrisco-me dizer que,já não era sem tempo e espero trazer boa novas para os servidores da Função pública e não só.Polémicas a parte, mas acho que o aumento salarial em S. Tomé e Principe é uma necessidade nacional que se nos impõe e deve ser nivelado por baixo.Convem lembrar que a greve é um direito dos trabalhadores.Identifico e solidarizo-me independemente dos propósitos que estão na origem desta greve,por uma questão de justiça social.Entretanto,deixo ficar o apelo para que o interesse nacional esteja acima de todos os outros interesses,evitando assim o mal maior para não cairmos em DESESPERO DE CAUSAS.Avante nesta jornada de luta!Olhos Vivos.

  3. sorriso no rosto dinheiro no bolso

    29 de Novembro de 2011 at 18:01

    olá
    Muito obrigado pela sua iniciativa…Arelio Silva….
    È verdade que nós precisamos lutar para o que precisamos e não confundir os nossos assuntos pessoais sempre… com essas classes políticas.
    Luta é sempre vencida se caminhemos em frente… Vamos caminhar e assim venceremos.
    um salário minímo a 200 dolares não é tudo mas é uma ajuda para um povo que recebe muito dinheiro do exterior…STP tem dinheiro ou não ?

  4. Pedro Cravid

    29 de Novembro de 2011 at 18:39

    É preciso coragem e determinação,não tenham medo o povo deve organizar e exígir de politicos tudo para que foram eleitos,manifestam fazem greves,paralizem o país para o bem de todos,já a muitos anos que estes politicos andam a brincar com quem trabalha aproveitem os sinais do tempos.A greve e um direito de trabalhador não lutem sozinhos porque sozinhos não consiguiram…Vivas os trabalhadores de função publica.

  5. ESMERALDA

    29 de Novembro de 2011 at 18:51

    A ver vamos.

  6. HLN

    29 de Novembro de 2011 at 19:21

    A Luta continua, haver vamos é assim que deve ser. Força STE.

  7. Lihtos Ribeiro

    29 de Novembro de 2011 at 19:55

    Se os outros pontos forem assim tão distante da realidade como o salário báse de 200$, será um pouco dificil o sindicato chegar à um consenço com o governo. Sabemos que que o salário base em S.Tomé é uma coisa surreal em relação ao nosso custo de vida. Mas também não é preciso conhecer todas as despezas e receitas do estado, para saber que o governo não tem condições de pagar esse valor aos funcionários. Havervamos, de qualquer forma quaalquer aumento superior aos 10% já estabelecidos para o próximo ano, já é bastante significativo.

  8. ADELINO DOS SANTOS

    30 de Novembro de 2011 at 6:39

    Só em s.Tomé que um cidadão que não é funcionario publico é presidente sindicato dos trabalhadores da função publiaca,sera que os funcionarios publicos não têm capacidade?

    • Franco e Aberto...!

      30 de Novembro de 2011 at 14:14

      Meu caro senhor Adelino dos Santos, se estas a referir ao Senhor Aurélio Silva, lider do Sindicato da Função Publica, o Senhor estás redondamente enganado pq ele é funcionário do Ministério de Agricultura que o teu governo do ADI fez favor de extinguir. Toma juízo…! E luta para os teus direitos e deixar de estar a “mamar nas tetas” dos políticos que fazem parte do actual governo.

  9. Angela

    30 de Novembro de 2011 at 10:29

    1.PRECISA-SE DE ACABAR COM A CORRUPÇÃO PARA AUMENTAR O SALÁRIOS DOS MAIS POBRES DA FUNÇÃO PÚBLICA:
    2. PRECIA-SE DE UMA GREVE GERAL LIDERADA POR UM INDIVÍDUO DE ESCRÚPULO, QUE POSSA REPRESENTAR TODOS OS FUNCIONARIOS DO ESTADO:
    3. PRECISA-SE DE ACABAR COM O VENDEDORES DA RUA QUE ENTRAM NO JOGO DE CABRA-CEGA COM OS POLÍCIAS DIARIAMENTE.
    4. PRECISA-SE DE FIXAR O SALÁRIO MÍNIMO EM 300 EUROS E ESSE VALOR IR SUBINDO GRADUALMENTE E DE FORMA UNIFORME PARA OS ESCALÕES MAIS ALTOS:
    * OS SALÁRIOS AVULTADÍSSIMOS TÊM QUE SER REVISTOS URGENTEMENTE.
    5.PRECISA-SE QUE A JUSTIÇA FUNCIONE DE IGUAL PARA TODOS, QUER PARA OS JUÍZES INDICIADOS, MINISTROS, ETC, QUER PARA OS “ZÉS POVINHOS” QUE GANHAM MENOS DE 100 EUROS MENSALMENTE OU OUTROS QUE ROUBAM UMA PINHA DE BANANA.
    6. O ESTADO DEVERÁ SER FIRME E SERVIR O POVO, NÃO SERVIR-SE DO POVO – CRIAR INFRAESTRUTURAS NAS EMPRESAS E ROÇAS PARA OS VENDEDORES AMBULANTES ALÍ PRODUZIREM. SEM TEMEREM AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.
    7. ISTO NÃO É DITADURA, POR QUE SENÃO, PINTAR OS TAXIS DE AMARELO E PÔR OS ALUNOS UNIFORMIZADOS NAS ESCOLAS DO PAÍS TAMBÉM SERIAM FORMAS DE DITADURA,
    8. ACABAR COM AS INJUSTIÇAS SALARIAIS, ENQUANTO HÁ INDIVÍODUOS QUE GANHAM 80 OUTROS 89 MILHÕES DE DOBRAS, NA FUNÇÃO PÚBLICA DO MESMO PAÍS MUITOS NÃO GANHAM SEQUER A METADE DOS 9 MILHÕES QUE É ASSOCIADO AO 80, ISTO É UMA AUTÊNTICA HIPERCOLONIZAÇÃO.
    9. OS MINISTROS NÃO PODEM NEM DEVEM DIZER QUE O PAÍS ESTÁ MAL, DEVEM DIZER SIM, QUE A MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO SANTOMENSE ESTÁ NA MISÉRIA ENQUANTO, “NÓS E OS NOSSOS” ESTÁMOS VIVENDO MUITO BEM, ENGORGANDO CADA VEZ MAIS, COM VALOR ADICIONAL MENSAL DE 2 MIL E 500 DÓLARES, PARA ALÉM DO SALÁRIO.

  10. Zezé

    30 de Novembro de 2011 at 10:36

    Não é com as greves que se resolvem os problemas.

  11. Nando

    30 de Novembro de 2011 at 11:49

    Obrigado Ángela. Fico feliz ao saber que há neste país algumas pessoas que se preocupam com os mais pobres. Realmente a diferença salarial é muito Grande neste país que dezemos ser nosso. Até parece que o país está dividido. Senhor, ministros…sabeis quanto é que os polícias recebem para sustentar a sua família mensalmente? Um milhao e oitocento(miséria inquestinável.É preciso analizar esses salários todos e fazer uma distribuição equitativa. Senhor Ministro de Educação, por favor…o senhor que já foi padre tenha compaixão. Rogai por nós junto aos colegas ministros.Mesmo entre os recém formados de cuba, brasil e outros países já se nota a diferença de vida que vem da diferença salarial.Queremos ser pelo menos pobres. Miséria é inadmissível. Obrigado pela compreensão.

  12. eu

    30 de Novembro de 2011 at 11:51

    Há suborno nessa jogada

  13. Lévé-Léngue

    30 de Novembro de 2011 at 14:23

    Quando será criada tal comissão??? Cuidado com esse blá blá blá todo, porque o Governo só quer ganhar tempo. É preciso fixar prazos, para não deixar as coisas no banho-maria por tempo indeterminado…

  14. ECAS

    30 de Novembro de 2011 at 17:43

    A boa notícia desta notícia, é a vitória do STE e espermos k apesar de pouca adesão consequência tambem de pouco trabalho de casa do STE, k essa vitória seja essêncialmente dos lesados funcionário da FP. E a maior vitória deste processo é a revisão da grelha salarial, este sim, é um das chaves para solução dos problemas e correcção no sistema económico do País k ñ produz o suficiente.
    Oficialmente, penso eu, no país k diz ser sério, nos serviços públicos (independentemente da especificidade do serviço), ninguém, mais ninguém mesmo, deve ter salário mensal e outros subsídios superiores ao do Presidente da República e a seguir do Primeiro ministro. E o salário mínimo deve ser estabelecido ao nível satisfação das necessidades do mercado. Isto é possivel, mas mexe com muita gente, por isso é e será necessário muita coragem e determinação. Nós temos capacidades, muitas capacidades!
    Bem haja!

  15. Zezé

    30 de Novembro de 2011 at 18:26

    Havia dito, não com as greves que se resolvem os problemas, mas não também com o lesser-fair e lesser-passer continuamente que a vida dos mais pobres e miseráveis, vai estar um dia melhor. Atenção: Essas infraestruturas que se vão surgindo aqui e ali por todo o país, não admira ningué que tenha envolvimento directo ou indirecto do governantes que roubaram e ficaram impunes, colocando o povo pequeno na extrema miséria. Os gajo são na mioria ladrões e saqueadores dos bens públicos e ficam impunes, por esta justiça doentia nunca mais cria uma verdadeira dinamica,são todos a roubarem milhõe e bilhões e ninguém para na cadeia.

  16. Anca

    30 de Novembro de 2011 at 22:07

    A luta não deve ser contra o estado que somos todos nós, nem contra os governos, nem contra as, instituições do estado de direito que é o país, porque a soberania reside no povo, mas sim a luta pelas direitos.
    Pois esta, luta é de todos os cidadãos SãoTomenses, com conjunto e coordenação, com as nossas instituições, instituições e organismos eleitos democraticamente, com os nossos parceiros de cooperação, instituições privadas e públicas.

    Luta contra corrupção, injustiças, desigualdades sociais, falta de educação/formação de qualidade, acesso a saúde, etc, etc…,luta contra a miséria e pobreza que assola o país(território/população).

    Para construir-mos uma sociedade justa, transparente, desenvolvida social, política, económica, ambiental, e financeiramente sustentável.

    Mais unidade, mais disciplina, mais empenho no trabalho.

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  17. Anca

    30 de Novembro de 2011 at 22:09

    Luta pelos deveres e ou direitos democráticos, para a construção duma sociedade justa, transparente,sustentável e desenvolvida, em todos os ramos da sociedade.

  18. SUZANA

    1 de Dezembro de 2011 at 7:12

    Concordo plenamente com a Angela.

  19. SUZANA

    1 de Dezembro de 2011 at 7:20

    Há uma minoria de funcionários públicos com salários de 80 a 90 milhões de dobras e enquanto a maioria com o salário de 1 milhão de dobras. Por exemplo,os professores, etc. É uma grande injustiça.

  20. ADELINO DOS SANTOS

    1 de Dezembro de 2011 at 7:21

    Eu só quer dizer o senhor ou senhora Franco e Aberto e o senhor ou senhora se sabe ler,eu fiz uma pergunta e todas as perguntas tem uma resposta e o senhor tem que medir as suas palavras a sua resposta foi muito triste e patetica.

  21. Voz da razão

    1 de Dezembro de 2011 at 11:14

    Cauíque ficou satisfeito com a “simpatia” do 1ºMinistro e mandou suspender a greve que foi uma farsa…
    Contentamos sempre com pouco, até na negociação, basta um sorriso…

  22. Uamato

    1 de Dezembro de 2011 at 11:45

    é presidente sindicato dos trabalhadores da função publiaca?

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