Sociedade

Dia mundial da Rádio : Em Moçambique, rádio é companhia de 75% da população

Especialistas destacam papel das emissoras comunitárias como meio de comunicação para a paz e tolerância; várias rádios ajudam a preservar línguas minoritárias.

A rádio é por excelência o meio de comunicação em Moçambique. Segundo o Instituto de Comunicação Social, ICS, cerca de 75% da população do país é informada através de rádios comunitárias.

À ONU News, a diretora-geral do Instituto de Comunicação Social de Moçambique, Fárida Costa, explica que existem 140 rádios comunitárias, 82 das quais geridas pela instituição que promove ações de desenvolvimento.

Acesso

“Veiculam várias mensagens desde mensagens para o desenvolvimento, mensagens que digam respeito à vida do país, é, portanto, através das rádios que as zonas rurais têm acesso à informação.”

Para além das rádios comunitárias, Moçambique informa-se também através de emissoras com cobertura regional ou nacional. É o caso da Rádio Moçambique. A empresa pública é considerada o principal órgão de comunicação social no país.

Falando com a ONU News, o produtor e diretor de línguas moçambicanas, António Ndapassoa, destaca o papel social do veículo.

A rádio é uma plataforma mais abrangente para o diálogo dentro da sociedade, principalmente nas sociedades que não têm acesso a outras formas de comunicação.Unicef/Giacomo Pirozzi

Aproximação

“É, naturalmente, também através da rádio que os diferentes grupos e sensibilidades sociais interagem. A rádio é uma plataforma mais abrangente para o diálogo dentro da sociedade, principalmente nas sociedades que não têm acesso a outras formas de comunicação.”

Por isso, quem trabalha neste meio tem uma preocupação sempre presente. A rádio deve ser um meio de aproximação, de diálogo e entendimento. O produtor de rádio Izdine Faquirá explicou como a solidariedade está presente na programação.

  “Sabemos que as guerras mexem muito com o tecido social, e nós temos exemplos disso e perde-se muito. E com a rádio abordando assuntos de caráter social, assuntos que tragam a moral, contando inclusivamente religiosos, nós podemos tocar as pessoas.”

Essa opinião é partilhada por um docente na Escola de Comunicação e Artes, ECA, na Universidade Eduardo Mondlane. Celestino Joanguete lembra que a rádio chega a 90% da população rural de Moçambique.

 Transmissão

“A rádio tendo essa taxa de penetração muito grande nas audiências, inclusive nas audiências rurais.  Ela pode exatamente ser um meio de promoção de diálogo e paz. De que forma? Através da transmissão de programas promotores de tolerância, da ética, do valor do respeito ao outro. “

Valores que permitem também uma maior participação na vida cívica do país, na opinião de Fárida Costa.

“Pode-se notar hoje, sem nenhum receio, que as populações já discutem as suas vidas na rádio, já dizem o que querem, já dão as suas opiniões. Se formos a ver quando falamos de tolerância, quando falamos de paz, elas acabam tendo conhecimento de muitos processos que estão a decorrer neste país através da rádio. “

Línguas

Mas para haver diálogo e entendimento é importante falar a mesma língua. Também aqui a rádio tem um papel primordial. António Ndapassoa explica a importância das línguas na comunicação radiofónica.

À semelhança do panorama internacional, também em Moçambique a rádio passa por um processo de transformação. Do analógico para o digital o meio de comunicação adaptar-se aos tempos modernos.ONU News/Ouri Pota

“As políticas de língua devem ter como objetivo a valorização dos direitos humanos e devem ter uma preocupação de ecossistema linguístico. Espera-se que as políticas linguistas promovam as línguas minoritárias, que sejam orientadas para promover o diálogo e o combate às desigualdades sociais.” 

Transformação

À semelhança do panorama internacional, também em Moçambique a rádio passa por um processo de transformação. Do analógico para o digital o meio de comunicação adaptar-se aos tempos modernos. Celestino Joanguete explica porquê.

“Estando ela em transformação, significa que o recetor antigo, que usávamos para captar as mensagens de rádio, está a ser relegado para a extemporaneidade, dando lugar a outros meios de receção de mensagens ou da rádio. Estamos a falar do telemóvel, significa que a rádio neste momento deve apostar neste novo meio para alcançar esta audiência rural que é maioritária aqui em Moçambique.”

Para o especialista, também a forma como se transmitem conteúdos vai sofrer alterações muito significativas no futuro próximo.

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