O bairro Saton nos arredores do aeroporto internacional de São Tomé está prestes a desaparecer. A denúncia foi feita pelos moradores do bairro, que consideram ser uma consequência da ausência de Autoridade do Estado no país.
Segundo os moradores após vários anos de extracção ilegal de areia no bairro, as residências e empresas instaladas em Saton estão todas a desmoronar. A extracção ilegal de areia no bairro criou dezenas de crateras com cerca de de 6 metros de profundidade.
O garimpo dia e noite de areia, tirou protecção a rede de distribuição de água que alimenta os arredores do aeroporto internacional. As vias de acesso ao bairro, estão praticamente cortadas.
José Tiny, proprietário de uma oficina mecânica e responsável das instalações da empresa Saton, confirma que a desgraça que tomou conta do bairro e avança para as imediações do aeroporto internacional, resulta do fim da autoridade do Estado em São Tomé e Príncipe. «Depois de uma certa chuvada, tudo vai cair, seja a minha oficina seja a estrutura da empresa Saton em que sou responsável. Já recorri às autoridades como a Polícia, a Guarda Costeira e ninguém fez nada. Fui ao gabinete do actual ministro da defesa e não houve nenhuma solução concreta», desabafou o empresário José Tiny.
José Tiny reforçou a ideia de que a autoridade do Estado deixou de existir. «É um problema de autoridade do Estado. Porque o Estado tem o dever de proteger as pessoas e os seus bens, e isto não está a acontecer», acrescentou.
Vários sinais provam que o bairro vai desaparecer, e com ele toda a região que confina com o aeroporto internacional. «O bairro vai desaparecer sim.. Cerca de 8 casas já desabaram. Criaram enormes poços de água que produzem mosquito, e já houve situação de crianças terem caído nesses poços e quase morriam», pontuou. .
As empresas que se instalaram em Saton, já não podem utilizar a via que dá acesso ao bairro. As viaturas nomeadamente camiões arriscam-se em tombar para dentro das crateras.
Anarquia tomou conta dos arredores do aeroporto internacional. Quem adverte os jovens para pôr fim a extracção ilegal de areia, é espancado.
Victor Monteiro, residente na Praia Nazaré confirma, que já foi alvo de agressão por ter aconselhado os jovens da localidade, para pararem de extrair areia na região. «Quando você lhes chama atenção, eles te ameaçam com pá(instrumento que utilizam na extracção de areia). Já fui apedrejado por eles, e tive que ser tratado no hospital central. Por isso, fico no meu canto, não falo mais…», afirmou Victor Monteiro, um homem na casa dos 70 anos.
Praia Nazaré é uma pequena antiga roça, localizada no meio do bairro Saton. Victor Monteiro, diz por outro lado, que a justificação de que a falta de emprego, é que promoveu a destruição do bairro através da extracção areia, não é convincente. « Os jovens daqui dizem que fazem isso porque não há emprego. Mas há emprego sim. Eles são convidados para trabalhar como segurança e rejeitam. Os jovens querem ganhar mil à 1 mil e quinhentas dobras por dia. Se você lhes pede para ir trabalhar no teu campo, plantar milho etc, eles não vão…», assegurou.
O Téla Nón quis saber se com a venda de areia extraída ilegalmente, os jovens da localidade estão a organizar suas vidas, e a projectar o futuro. «Nem cama para dormir têm…dormem no chão. O dinheiro que ganham é só para beber, sobretudo a cacharamba… É só para beber. Se o senhor for para o mercado de manhã, encontrará esses jovens a beber, isto depois de venderem a areia», explicou Victor Monteiro.
A dependência em relação ao álcool, com destaque para a cacharamba, está segundo Victor Monteiro, a estimular o atentado ao ambiente que se regista em toda a região vizinha do aeroporto internacional e não só.
Note-se que a anarquia instalada nos bairros da marginal da capital São Tomé, pela extracção ilegal de areia, provocou confrontos no ano 2017, entre os garimpeiros e os militares da guarda costeira.
Durante algumas semanas os militares da guarda costeira patrulhavam os bairros problemáticos da Praia Nazaré, Praia Emília e Saton, impedindo a extracção ilegal e o transporte de areia, na estrada que liga cidade de São Tomé ao aeroporto internacional.
Foi sol de pouca dura. Os garimpeiros prometeram na altura que venceriam os militares e venceram. Já em 2018, os garimpeiros de areia, retomaram em força a extracção ilegal do inerte, e os militares puseram-se em retirada do local.
O crime ambiental cresceu, ameaça desaparecer com o bairro Saton. Toda a região circundante ao aeroporto internacional e o próprio aeroporto, também tem dias contados, caso a autoridade do Estado não seja reposta.
Em Março último, o Ministro das Obras Públicas, Osvaldo Abreu, numa intervenção à imprensa reconheceu que o perigo é iminente nos arredores do aeroporto internacional. « A areia em terra é extraída de forma anárquica e violenta, pondo em risco edifícios, estradas, e cidadãos. Buracos de acumulação de água ameaçam a saúde pública», referiu o ministro.
Osvaldo Abreu prometeu agir para travar a situação. «O exemplo de Saton não é para continuar. A autoridade do Estado deve – se fazer sentir. Vamos intervir», declarou o ministro no dia 14 de Março último.
Mais de 1 mês depois da promessa do ministro, os moradores do bairro Santon, continuam a assistir a extracção ilegal de areia, dia e noite. As residências a desmoronarem, e as vias de acesso ao bairro a ruírem.
Abel Veiga
Risco de desabamento da estrada que dá acesso ao Bairro Saton
18 de Abril de 2019 at 14:24
Esse nao foi o primeiro aviso.
SOS SATON / Alerta
“Sou uma jovem santomense, que adquiri um terreno na zona de Saton\Aeroporto onde já dei início a construção da minha habitação. Todos sabem os custos elevadíssimos que tem um jovem para conseguir comprar um terreno e iniciar a sua habitação em São Tome.
Nesse mês de Janeiro desloquei me ao meu terreno e no caminho de acesso deparei com o seguinte:
1) A estrada que dá acesso ao meu terreno tem os dias contados, vai desabar a qualquer momento;
2) Devido a prática ilegal de extração de areia, o acesso está num avançado estado de degradação (mais uma chuva torrencial o terreno vai acabar por ceder e deixaremos de poder passar para outro lado do bairro);
3) O bairro Saton já tinha sido identificado pelas autoridades pela prática de extração abusiva de areia, houve muito barulho mas hoje existe um silêncio ensurdecedor em relação a esse crime ambiental;
4) No momento em que tirei as fotos, tive que faze-lo de uma forma muito apressada porque fui ameaçada verbalmente pelos senhores que, mesmo estando o terreno a ceder continuam a tirar areia, de forma indiscriminada dias e dias, o que se pode comprovar pelos vários quilos de areia que estão ali a venda)
5) O policiamento naquela zona não existe, mas todos sabem dessa situação e ninguém fez e faz nada;
6) Não existe um outro caminho (mais acessível) para quem mora ou tenha construções naquela zona;
7) Sei que são homens de família que muitas vezes extraem areia para vender e sustentar as suas famílias mas têm que ter em atenção que estão a cometer um crime ambiental danificando uma zona, um bairro e além do mais existem alí várias pessoas que “enterraram” as suas economias de uma vida na espectativa de contruir uma habitação para a família e que de uma hora para outra podem encontrar tudo perdido;
8) Não faco parte da política, não sou militante de partido político nenhum, sou apenas uma cidadã que trabalha, paga os seus impostos, preocupada com a seu bairro, com a sua casa e que tem todo o direito de defender a sua habitação, o ambiente. Reivindico o papel do Estado em programar e executar uma política de preservação do equilíbrio harmonioso da natureza e do ambiente.
Nota: Coloquei em anexo algumas fotos para que todos possam ver o estado lastimável e degradante da estrada que dá acesso ao Bairro Saton
Assim, solicitava o Ministério da Defesa e Ordem Interna, a Policia Nacional, o Ministério que tutela o Ambiente, a Comunicacao Social, aos vizinhos e residentes da zona de Saton, para que me ajudem a salvar o bairro Saton.
Assinado: Cidadã aflita”
Pedido de publicacao no site tela non>>>>>>>>terça, 29/01, 16:40
José palhares de sousa
18 de Abril de 2019 at 14:53
O Estado devia mais é escoraçar todos estes bandidos que lá vivem. Sacanas. Corja de preguiçosos, muitos deles receberal lotes, venderam para os senhores ou não os trabalham e estão a destruir o ambiente.
Poe-lhes fora da area. Vão lá para o inferno, bandidos
Alligator
18 de Abril de 2019 at 14:54
A autoridade de Estado tem vindo a desaparecer a “galope” e ha muitos anos, e os sucessivos governos nada têm feito para por cobro a isto pela simples razão: Os ditos e malditos dirigentes do Estado são os maiores prevaricadores deste nosso STP e por esta razão, claro, nunca tomarão medidas para tambem não serem confrontados depois, nas suas falcatruas e ainda ha titulares de Orgãos de Soberania que vêm em defesa dos tais ladrões do povo.Haja paciência!
Joao Carlos
18 de Abril de 2019 at 14:57
E justamente agora que pretendem reabilitar o aeroporto ???? Governo age, sem dom nem piedade !!!!
mario mendes
18 de Abril de 2019 at 15:01
É assim que este governo quer vem este País infelizmente….incentivar o consumo de alcool ou até mesmo distribuir dinheiro para que destruam, pratiquem crimes de toda a ordem….e a policia e os militares fazem de conta que nada viram……E agora senhor Osvaldo Abreu? Cumpra a sua promessa é para isso que estás lá como Ministro…Não é para fazer paleio e estar de casaco as voltas…Encontrar soluções que ultrapassem esses problemas…
Amar o o que é nosso
18 de Abril de 2019 at 16:20
Jovens disseram que venceriam os militares e venceram… Que país é esse?!!
Paulo Jorge dos Reis
19 de Abril de 2019 at 8:21
O Governo devia identifica-los todos prende-los e manda-los carregar terra para repor o buraco que cariaram.
Canalhas destes jovens mal educadores
Manda-los todos para forte roçada
Amar o o que é nosso
19 de Abril de 2019 at 12:42
Concordo que deviam ter algum castigo e repor se não areia barro. Mostrar autoridade, disciplina e zelo. Estamos a sentir inseguros no nosso país. Em quem podemos confiar!??
Polícia e militares devem respeitar o direito de cidadãos, mas também devem protege Los. E neste caso estão a colaborar com os infractores.
WXYZ
19 de Abril de 2019 at 8:39
Hino de campanha política do MLSTP aquando das eleições de outubro – “Ê samá povô bebedado uwnhua, dôssu, tlêchi zó nhé pê”. Foi claramente uma grande manipulação para desvirtuar o alerta feito pelo Dr. Patrice Trovoada na altura sobre consumo exagerado do álcool. Há muita gente desatenta. Mas quanto aos nossos dirigentes políticos, eles sabem perfeitamente que álcool tem vindo a ser um flagelo silencioso na actual sociedade santomense. Ao menos que usassem esse dinheiro que ganham no garimpo de areia para organizarem as suas vidas ao invés de irem se mergulhar no álcool. Essa é uma situação bem fácil de resolver havendo vontade política. Como é que minimamente conseguiu se pôr as palaiês dentro do mercado? Então; o combate à extracção ilegal de areia também é possível.
Vanplega
20 de Abril de 2019 at 8:10
WXYZ, o Patrice trovoada ( Pinta Cabra) alguma vez é Doutor?
Sim é, só nos desvio. Tu deixas transparecer, o teu estado de lambe botas do homem pá