Sociedade

Estado português outorgou Ordem de Mérito a Victor “Frutuoso” como Comendador

Cidadão português nascido na Anadia-Pedralva, Victor Almeida Cruz, tinha 13 anos quando chegou a São Tomé acompanhado pelos seus pais e uma irmã, no ano 1951.

A sua família viveu nas roças Porto Alegre, e Colónia Açoriana. São Tomé e Príncipe, passou a ser a sua segunda pátria. Gerou sua família nas ilha verde do golfo da Guiné. Terra em que o português, Victor, tornou-se patriota, muito popular, e empreendedor tendo gerado postos de emprego para muitos são-tomenses. Tanto que foi baptizado pelo povo de São Tomé, como Victor “Frutuoso”.

A veia empreendedora de Victor Cruz manifestou-se cedo, e conduziu o jovem para a exploração de outras actividades económicas, que não fosse à agricultura (cacau e café) dominante no período colonial.

«Cresceu em São Tomé ajudando o seu pai a construir uma serração de madeiras que em poucos anos viria afirmar-se uma indústria de sucesso», explicou o embaixador de Portugal Luís Gaspar da Silva(à esquerda na foto).

A serração, gerou uma carpintaria que produzia mobiliário e que formou muitos são-tomenses como marceneiros.

A independência de São Tomé e Príncipe em 12 de julho de 1975, trouxe peripécias ao empresário português. Confirmou que foi detido nos primeiros dias da independência nacional. Aceitou perder a nacionalidade portuguesa durante os primeiros anos da independência, e ostentar apenas a nacionalidade são-tomense, para assim conservar os seus empreendimentos, nomeadamente a serração.

Determinado em fazer de São Tomé a sua terra de trabalho e de vida, resistiu nas ilhas verdes de esperança. Foi das poucas pessoas que tinham uma propriedade industrial privada, nos primeiros anos da independência. Pois o sistema de governo de pendor marxista, defendia a propriedade colectiva sobre os meios de produção.

Nos finais dos anos 80, a liberalização do mercado, projectou o empreendedor Victor, para outra empreitada. «Adquiriu a empresa estatal Atelier Nacional, que é hoje a conhecida empresa CIEM-Centro Industrial Electro-mecânico», precisou o embaixador.

O retrato lido pelo embaixador de Portugal, acrescentou que Victor Cruz, desempenhou importantes funções na vida social são-tomense, destacando-se ter sido membro do Rotary Club e Cônsul Honorário do Reino da Espanha.

Pela história de uma vida feita em São Tomé, mas sempre com ligação a Portugal, Victor Cruz, foi homenageado na tarde da última quarta feira pelo Estado português.

O Embaixador Luís Gaspar da Silva, anunciou que em nome do Presidente da República Portuguesa e por incumbência do mesmo Chefe de Estado português, «é-lhe hoje(quarta – feira)outorgada a Ordem de Mérito Empresarial no grau de Comendador».

Familiares e amigos juntaram-se no salão nobre da embaixada de Portugal para testemunharem a homenagem. 67 anos após a sua chegada a São Tomé, terra onde afincou raízes, e gerou família, Victor Cruz, sente que ainda tem forças, para continuar a ser o exemplo de partilha da história comum entre STP e Portugal.

«Trata-se de uma personalidade que contribuiu para aproximar os dois países, e os dois povos. Honrou a educação, cultura, e raízes portuguesas com nobreza de carácter tendo se afirmado com a sua visão e determinação como um exemplo de empreendedorismo», assim o embaixador de Portugal, justificou a atribuição da Ordem de Mérito Empresarial.

Emocionado Victor «Frutuoso», garantiu que o seu trabalho de longos anos, tem futuro. Os seus filhos são hoje os dirigentes das suas empresas, tanto a serração como a CIEM. Os filhos seguraram as rédeas e preservam a obra “frutuosa” do pai Victor.

Abel Veiga

14 Comments

14 Comments

  1. Martelo da Justiça

    13 de Setembro de 2019 at 0:36

    Frutuoso vem do nome do se pai que se chamava Frutuoso Moreira da Cruz. Gozavamos com o velho chamando-lha a brincar, Frutuoso morreu na cruz

  2. MIGBAI

    13 de Setembro de 2019 at 10:03

    Louvado sejam os homens feitos e forjados deste aço lusitano.
    Lutador que foi e é, teve que dar a volta aos cães sarnosos da frente cívica e dos comunistas que a pretexto da liberdade impuseram a ditadura e repressão.
    Ficou-me uma dúvida, que é a seguinte:
    Atendendo que foi forçado a prescindir da sua querida nacionalidade portuguesa, será que o Senhor Comendador,voltou a pedir a sua nacionalidade Portuguesa?
    Se sim, a mesma nacionalidade portuguesa foi-lhe restituída?
    Muita saúde Senhor Comendador Victor “Frutuoso” para si e para a sua família.

  3. Barão de Água Izé

    13 de Setembro de 2019 at 10:35

    Parabéns Sr. Frutuoso! Falta homenagear o Sr Fernando que tanto ajudou o povo de Angolares.

    • Lucas

      15 de Setembro de 2019 at 9:43

      O sr Fernando ainda hoje é rspeitodamente recordado nos Angolares Foi um verdadeiro se não unico socorro (de índole social)àquelas gentes nos difíceis anos 80/90 .Penso que esta distinção ao Sr Vitor vai mais além.Vejo sim como um reconhecimento a toda a comunidade portuguesa humilde e anonima e residente de forma permanente em São Tomé.Sofrem os mesmos constrangimentos que os nacionais,ou mais,pois mais vezes do que seria suportavel alguem de forma repentina questiona a sua presença em Sao Tome.Fazem falta cá.

  4. Carlos Vila-Viçosa

    13 de Setembro de 2019 at 11:27

    Em 1973 em S. Tomé a minha mota Yamaha 125 gripou. Desesperado e sem soluções de arranjo por falta de peças e quem fizesse o arranjo, alguém me terá dito que o Victor Frutuoso poderia ter a solução. Nunca tinha falado com este senhor mas conhecia o bem pois o seu BMW 2002 branco dava nas vistas. Apresentei lhe o meu problema.Na sua oficina havia um torno.Levei lhe a mota.Ele próprio abriu o motor, rectificou um cilindro, o pistão furado foi concertado. Perguntei quanto é. Sorriu e disse:
    – Não é nada
    Fiquei sem palavras e ele seguiu rápido para outros trabalhos. Não me deu tempo de lhe agradecer.
    SENHOR Victor. Emocionado daqui lhe envio um abraço e o meu muito obrigado. Que tenha muito anos de vida com boa saúde.
    Carlos Vila-Viçosa ( O Fininho )

  5. Rapaz de reboque

    13 de Setembro de 2019 at 11:36

    Muito bem é de louvar , se na altura da independência aqueles portugueses que foram bons tivessem sido convidados a ficar no país tenho a certeza que as coisas estavam melhor , mas incentivaram a correr com os bons e os maus o resultado esta a vista, achava piada quando destruiam as coisas que eram dos colonos e diziam é do branco vamos distruir, esqueceram que distruiam e depois nao construiam agora chupam no dedo

    • Maria Silva

      13 de Setembro de 2019 at 20:46

      Povo sem sentido lógico das coisas, é impressionante como não conseguem raciocinar……

  6. Chavalo da banda

    13 de Setembro de 2019 at 18:29

    Uma pessoa de visão,
    Realmente é preciso acorda para erguer as mangas e trabalhar, nada cai do Céu,
    Sim, Homem herdou dos seus país na terra que viu crescer, do suor da escravatura.
    Sim, acredito que foi uma luta constante, não duvido,
    Mas trabalhou para dar liberdade de escolha aos seu filhos, para hoje serem pessoa de valores reconhecer que vale a pena unirmos, para herdar o emperio.
    Eu tenho respeito pelo o Homem que és, e continua a ser.
    Tiro o chapéu

  7. Amar o o que é nosso

    13 de Setembro de 2019 at 19:54

    Um bom homem! Trabalhador, honesto.

  8. Luís Neto

    14 de Setembro de 2019 at 6:07

    O pai chamava-se Frutuoso Moreira da Cruz. O jovem Frutuoso Cruz que é sobrinho do sr. Victor, foi meu colega de turma no Liceu Nacional D. João II.

  9. Albert Pike

    15 de Setembro de 2019 at 7:01

    Franca maçonaria portuguesa em accao…triste de ver que o meu pais nunca foi independente.

    • Rapaz de reboque

      15 de Setembro de 2019 at 21:16

      Es mesmo atrasado mental

  10. hilaria

    16 de Setembro de 2019 at 18:10

    Fomos visinhos porque morrei nao muito longe da fabrica de serracao do senhor fotoroso como se dizia na altura la na fruta-fruta.Embora longe é com um grande prazer que tambem lhe envio os meus parabens.Embora muito crianca na altura mais tenho muitas recordacoes dessa fabrica de tabuas e de barrotes.Neta de propriétarios de terras onde havia madeiras entao ali foram tambem transformadas em barrotes e tabuas aquilo que a minha familia por la levou.Restos de madeiras daquela fabrica seviram de lenha(energia) para fazer ferver muitas panelas que alimentaram criancas, homens e mulheres sem meios outros para cozinhar.Entao desejo-lhe uma boa saude e boa continuacao nesse pais seu adoptado.

  11. jordão fernandes

    17 de Setembro de 2019 at 16:21

    Parabéns Senhor Victor
    Que Deus lhe abençoe
    Espero que um dia possam reconhecer aos outros que também decidiram ficar no país, apesar das dificuldades e trilhar o árduo caminho de luta pelo desenvolvimento que temos estado a travar. Falo por exemplo do Jorge Vacas da casa Luís e Fonseca, do Acácio da ex casa Casais que não se preocuparam com a revolução, e ficaram no país lutando sempre ao lado do povo santomense.
    Bem haja a todos
    JF

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