Sociedade

Enfermeiros saíram as ruas em protesto contra a agressão e consequente morte de um dos seus colegas

A diluição paulatina da autoridade do Estado, está a colocar São Tomé e Príncipe num ponto de alto risco. A justiça privada ameaça o Estado, que ao longo dos anos, vem perdendo os seus alicerces e a autoridade.

Os enfermeiros principalmente do hospital Ayres de Menezes, saíram as ruas da cidade de São Tomé, na segunda feira, para exigirem justiça. Justiça que possa punir o autor da agressão física que foi cometida contra um enfermeiro no seu posto de trabalho.

Há 10 dias, Cristiano Pedroso(na foto em baixo), enfermeiro em serviço numa das enfermarias do hospital central Ayres de Menezes, foi violentamente agredido por um homem, que tinha familiar internado no hospital.

O enfermeiro de 58 anos, foi alvo de golpes de boxe no peito e também na zona craniana, tendo provocado ferimentos na zona ocular. Segundo os enfermeiros, o agressor teria estado sob efeito de droga. Um produto que também passou a circular com mais frequência no país. Tudo indica até, que a rede de trafico domina as principais estruturas que garantem a própria autoridade do Estado.

O Téla Nón, recorda notícias que publicou em abril do ano 2018. Notícias que davam conta do desaparecimento de 58 capsulas de cocaína nos cofres do Supremo Tribunal de Justiça, e também do desaparecimento na mesma altura de outra grande quantidade de Coca que estava guardado nas instalações da Procuradoria Geral da República. Mais recentemente foi a vez do mesmo tipo de droga, sumir das instalações da Polícia Judiciária.

Com o Estado já quase sem autoridade, o enfermeiro agredido no seu posto de trabalho, acabou por ser levado pela morte no dia 21 de Setembro. O agressor que utilizou boxe, está de saúde, e segundo os enfermeiros goza da sua liberdade, pois de acordo as declarações dos enfermeiros em manifestação, a justiça de São Tomé e Príncipe, mandou o agressor ir em paz ao encontro da sua família.

Homem de temperamento brando, o enfermeiro Cristiano Pedroso, de 58 anos de idade dedicou 38 anos ao serviço do sistema nacional de saúde.

O Téla Nón, destaca o desaparecimento da autoridade do Estado em São Tomé e Príncipe, porque a agressão perpetrada por familiares de pacientes contra enfermeiros e médicos em serviço no hospital Ayres de Menezes e noutros centros de saúde, passou a ser acontecimento constante e rotineiro no país.

Em várias ocasiões a Ordem dos Médicos, apelou ao Governo que fossem tomadas medidas para o reforço da segurança nos centros de saúde, de forma a proteger o pessoal clínico da fúria de alguns cidadãos que impõem “a lei da pancadaria” como forma de serem atendidos nos centros de saúde.

Por sinal, até agora o Estado santomense não conseguiu garantir segurança nos hospitais. A agressão física contra o pessoal clínico em serviço, causou assim a primeira vítima mortal. O enfermeiro Cristiano Pedroso, acabou sucumbido dias depois de ter sido alvo de golpes de boxe, em plena enfermaria do hospital Ayres de Menezes.

Abel Veiga

12 Comments

12 Comments

  1. Hilario B

    22 de Setembro de 2020 at 11:26

    Mais um estado falhado como tantas dezenas em África. 🙁

    • Toni

      23 de Setembro de 2020 at 12:14

      Caro Hilário, não há qualquer hipótese de Stp ser bem governado….
      Penso que o melhor seria tornar-se uma região autónoma de um estado.
      Stp não tem condições de população e de governantes para ser país independente, é um estado falhado e o problema é que o povo é que vive em condições de miséria humana e social.

      Contudo não sei se algum estado pretende tomar Stp como região autónoma, vai sair muito caro!!!

  2. Minuieeé

    22 de Setembro de 2020 at 11:41

    Triste situação a que chegamos no nosso país . Violência verbal, física….de todos os quadrantes da sociedade. Tudo devido à impunidade. Acho que a manifestação devia ser defronte ao ministério público e tribunais também, e se calhar sobretudo tribunais.

  3. acintomático

    22 de Setembro de 2020 at 13:18

    Só agora o sôprimo Abel percebeu não haver autoridade de estado? qual autoridade se quem tomou poder deu incentivo para violência nas ruas, queima de viaturas e corte de estradas?eles mesmo vão agora impor ordem? piada sem gosto.A autoridade foi de férias! só existe para ver se condutores tem mascara!!…pobre enfermeiro, cidadão, ser humano que perdeu vida e sofrimento de seus familiares, pobres doentes que morrem sem explicação nesta vergonha de hospital…
    Tem de se rever com urgencia algum mau comportamento de certos pessoal médico, enfermagem e até auxiliares quer do HAM quer dos centros de saude…algumas pessoas muito mal preparadas e que tratam doente como se fosse animal. só quem não esteve ainda nas urgencias é que não vê!até parece que doente vai lá não por precisar mas só para incomodar vida de cada um…alguns familiares podem perder cabeça com certas atitudes.

  4. marlene

    22 de Setembro de 2020 at 15:52

    Este artigo deveria olhar Cara e a Coroa da moeda. A morte de qualquer pessoa é uma perda sem igual para os ente queridos. É verdade que existem enfermeiros que são um porto de abrigo, interessados e dedicados aos pacientes, salvando-os por vezes de médico inexperientes ou meramente incompetentes.
    Mas não façam o retrato de todos os enfermeiros como anjos. Muita da violência que lhes é dirigida é provocada pelo descaso, desumanidade e indiferença com que muitos tratam os pacientes. Eu já fui vítima deste desinteresse várias vezes. Enfermeiras que se recusam a tratar de pacientes (muitas vezes crianças) porque é dever de outra que não está no seu turno. Incapacidade de empatia para com aqueles que não vão fazer turismo residencial no hospital, mas sim procurar alívio para doenças.

    Justiça deve ser feita e a lei imposta, não apenas para este senhor que agrediu o enfermeiro, mas também para todos aqueles que por negligência grosseira promovem a morte de pacientes (não, estes não vêm a rua reclamar porque já antevêem a injustiça do país)

  5. Pedro Costa

    22 de Setembro de 2020 at 18:42

    Mais ninguém consegue deitar mãos nesta gente!?
    Isto é demais!
    O país perdeu-se totalmente! O povo está indisciplinado, não há respeito por nada, tira-se vida as pessoas incontrolavelmente, rouba-se à vontade, qualquer um diz o que quer de boca para fora sem responsabilização, reina a desordem total. Enfim, quem viu e quem vê este país!
    Tem de ser governado com mãos de ferro!
    Com democracia como está não se vai lá.
    Todos sabem de tudo; toda gente sabe disto e daquilo (são todos doutores e engenheiros); qualquer um opina, etc. Uma vergonha

  6. Clemilson brasileiro

    22 de Setembro de 2020 at 20:48

    Meu deus e o assassino está solto em plena liberdade , acho que deveriam paralisar tudo e entrar em greve para reivindicar melhorias ?

  7. Seabra

    22 de Setembro de 2020 at 21:48

    Em STP o crime da MORTE, o ASSASSINATO não tem PUNIÇÃO. É uma TRAGÉDIA , que os governantes, a justiça sãotomenses tenham perdido o respeito e o valor da IMPORTÂNCIA da VIDA.
    Há dois anos que temos vindo a protestar, a denunciar e a pedir justiça pelo HORRENDO Assassinato VIOLENTE cujo o nosso saudoso Jorge Pereira dos Santos, foi víctima (em junho de 2018). A empregada do malogrado Jorge Santos, a Marlene, colaborou e participou neste assissato,mas ela está LIVRE como o vento. O trabalho da POLÍCIA JUDICIÁRIA em STP é NULO.

  8. We beto

    23 de Setembro de 2020 at 7:13

    Jorge recusa resolver os problemas deste País, pois vejo muita violência nas pessoas. As pessoas insultam, agridem roubam e o curioso é que a policia nem faz patrulhamento nas localidades onde há desacatos. As pessoas incluindo mulheres passam a vida a beber e depois andam aos insultos, toda gente anda com machim nas mãos. O director da cadeia solta os presos fim de semana para verem seus familiares. Enfim este país está acabado, ninguém respeita ninguem nesta terra. Quanto ao enfermeiro lamento a sua morte, mas o ministro deve também fiscalizar as urgências porque atendem muito mal as pessoas aí, salvo algumas excepções.
    Por mim deve se construir nova cadeia.

  9. Santo

    23 de Setembro de 2020 at 8:57

    A morte não é solução para determinada situação, sobretudo para quem não merecesse. Mas, é verdade que existem profissionais de saúde que não têm zelo pela profissão que exercem, só estão no serviço para ganharem seus ordenados e laisse fair, laisse passé.
    Parece até que a deontologia profissional, é desconhecida na formação desses profissionais, mas tudo isso, é falta de inspectores de saúde e adopção de medidas drásticas contra os profissionais de saúde negligentes e disprovidos de ética profissional.
    É certo que o estado deve assegurar com policiais, a vida dos técnicos de saúde que se encontram em serviço de modo a se evitar mais cenas do tipo.

  10. Gato

    23 de Setembro de 2020 at 16:28

    Caro Abel Veiga,
    Deverias investigar antes de publicar esta noticia. A morte do enfermeiro foi pelo motivo da agressão, é só ver o relatório medico com as causas da morte do enfermeiro.
    Estão a tentar a todo custo culpar o dito “agressor”, quando foi o enfermeiro o primeiro a agredir por duas vezes o dito “agressor” que por sua vez reage e defende das agressões do enfermeiro.
    Sabia que o dito “agressor” ficou com o nariz partido devido a agressão do enfermeiro.
    Sabia que o dito “agressor” foi preso e não dado a possibilidade de responder e apresentar testemunhas.
    Sabia que o dito “agressor” deu uma entrevista na TVS, contando a sua versão dos factos e a TVS não passou o direito de resposta no telejornal.
    Não se condena uma pessoa ouvindo somente uma parte. O enfermeiro fez de tudo para passar como vitima.
    Investiga antes de publicar…

  11. António Tebús

    25 de Setembro de 2020 at 15:58

    Em primeiro lugar quer aqui prestar homenagem a família enlutada do enfermeiro agredido e posteriormente veio-lhe a morte. Qualquer cidadão lucido, e num país de gente civilizada condena qualquer ato que coloca em causa o profissionalismo deste ou daquele funcionário publico no seu posto de trabalho for vitima de agressão, nada justifica este ato. Infelizmente tivemos a morte de um enfermeiro segundo o relato foi agredido e fez a queixa no ministério público, entretanto, não viu efeito da justiça, digamos de uma forma efetiva e rápida o que levou o enfermeiro a ter problemas de foro cardíaco, segundo relatos. Mas também devo dizer, que existe muitos profissionais de saúde (tirando alma que não merece) que na minha opinião gozam e abusam dos utentes que vão a procura de assistência medica para sua família e muitas das vezes são tratados abaixo de cão naquele hospital. Eu pessoalmente tenho má memória daquele hospital, como exemplo 2009 quando regressava de Lisboa solicitando a causa da morte do meu irmão Salvador Tebús em circunstancias até hoje ainda por esclarecer, fui desrespeitado, insultado pelo médico José Luis na altura o então Diretor ou administrador do hospital, por isso, penso que tem que haver bom senso, quer da parte dos utentes como também dos profissionais da saúde quer dos médicos ou enfermeiros. Portanto, nem todos os cidadãos tem estômago e paciência para aturar faltas de respeito quando se trata de um direito que lhe é conferido enquanto cidadão. De recordar, que todos os profissionais de saúde não estão a fazer favores a ninguém, mas sim, de uma obrigação enquanto profissional no seu posto. Um bem haja a todos.

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