Num feito notável de saúde pública, Cabo Verde foi hoje certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como país livre de malária. Esta certificação é concedida quando um país prova que interrompeu a transmissão autóctone da doença durante pelo menos três anos consecutivos.
«Trata-se de uma façanha extraordinária, um farol de esperança numa altura em que as alterações climáticas ameaçam abrandar a nossa progressão na luta global contra a malária», afirmou Peter Sands, diretor executivo do Fundo Global. «Crucial agora é não baixarmos a guarda e ajudarmos Cabo Verde a manter a proeza e a prevenir a reintrodução da malária. Com este objetivo em mente, continuaremos a financiar intervenções de controlo de vetores e a garantir a qualidade da gestão de casos e da vigilância da doença por mais três anos.»
Cabo Verde não detetou nenhum caso de malária autóctone desde janeiro de 2018. Com o anúncio de hoje, são já 43 países e um território a possuir a certificação de eliminação da malária da OMS, tendo todos os países certificados impedido o restabelecimento da doença. Cabo Verde é o quarto país africano a ser certificado como livre de malária, depois da Argélia (2019), de Marrocos (2010) e das Maurícias (1973).
O êxito resulta dos grandes esforços de prevenção centrados no controlo de vetores e na quimioprevenção, bem como em sistemas de saúde sólidos e resilientes, que garantem o acesso de todos a serviços de qualidade para o diagnóstico e o tratamento da malária. Os agentes de saúde comunitários são uma força vital na luta para eliminar a malária, sobretudo em zonas de difícil acesso. Igualmente crucial é o compromisso político em assegurar recursos suficientes e uma liderança eficaz até à erradicação da doença, e que se deverá manter depois, para impedir o seu restabelecimento.
A malária continua a ser um desafio assustador para a saúde mundial. As alterações climáticas estão a potenciar a sua propagação e a doença está a adaptar-se para escapar aos esforços de prevenção e tratamento. Através da inovação e de investimentos contínuos e direcionados para o apoio a quem tem maior risco de contrair malária, o Fundo Global está a lutar para salvar vidas e progredir rumo à eliminação da doença. Em 2022, os programas de luta contra a malária apoiados pelo Fundo Global recuperaram do declínio provocado pela pandemia da COVID-19 em 2020 e 2021.
«A malária mostrou-nos que temos de nos adiantar a ela para a eliminar», afirmou Sands. «Nesta luta contínua contra a doença, é essencial aproveitar a inovação e testar novos produtos comprovadamente seguros e eficazes como mosquiteiros tratados com inseticida, inseticidas, testes de diagnóstico, tratamentos ou vacinas de última geração. Ao mesmo tempo, é imperativo construir a cadeia de abastecimento, desenvolver recursos humanos para a saúde e criar sistemas de vigilância da doença, para garantir a prestação de serviços de qualidade.»
O Fundo Global fornece 65 % de todo o financiamento internacional dos programas de combate à malária, tendo investido mais de 17,9 mil milhões de dólares em programas de controlo da malária desde junho de 2023. Estes investimentos estão a ter impacto: nos países onde o Fundo Global investe, as mortes por malária diminuíram 27 % entre 2002 e 2021 e estima-se que, sem estas intervenções, elas teriam aumentado 91 % no mesmo período.
Sobre o Fundo Global de Luta contra a SIDA, a Tuberculose e a Malária
O Fundo Global é uma parceria mundial para derrotar o VIH, a tuberculose e a malária e assegurar um futuro mais saudável, seguro e equitativo para todos. Angariamos e investimos mais de 5 mil milhões de dólares por ano para combater as doenças infeciosas mais mortíferas, desafiar a injustiça que as alimenta e reforçar os sistemas de saúde e a preparação para pandemias em mais de 100 países entre os mais duramente atingidos. Unimos dirigentes mundiais, comunidades, a sociedade civil, agentes de saúde e o setor privado para encontrar as soluções de maior impacto e aplicá-las à escala mundial. Desde 2002, a parceria do Fundo Global já salvou 59 milhões de vidas.
FONTE : Fundo Global