Opinião

Turismo Nacional (Dificuldades, desafios e perspetivas)

Apesar dos pesares os turistas que nos visitam, regressam aos seus países satisfeitos, com belas recordações sobre São Tomé e Príncipe e com a vontade de voltar um dia. Os motivos são muitos: as nossas belas praias, as nossas florestas com a sua rica fauna e flora, os nossos picos e montanhas, os nossos rios e cascatas, as nossas lagoas, as nossas zonas protegidas (Ôbô), jardim botânico etc. As roças coloniais e as suas infraestruturas, embora degradadas, são também fatores deadmiração, devido o seu passado histórico, que os nossos simpáticos guias turísticos, tem sabido transmitir com sabedoria e muita competência aos turistas, a história que carregam.

Não menos importante é a nossa rica gastronomia muito apreciada pelos turistas, a tranquilidade do Pais e a simpatia da população são-tomense sempre com o sorriso cativante no rosto e disponível a prestar informações que os turistas necessitam, sobretudo quando se deslocam ao interior da ilha. É a perceçãogeral que tenho obtido em contacto frequente com muitos desses turistas.

No meio de tantas dificuldades e num ambiente pouco saudável para investimentos privados nessa área, apesar disso, e falta de apoio institucional, o privado tem feito a sua parte e muito! Nunca houve tanto investimento privado na área do turismo como nesses últimos tempos. O turista que se desloca ao interior das duas ilhas tem a sua disposição alojamento de qualidade para dormidas, bares e restaurantes, salões de convívio e eventos,quintas turísticas etc.

Todavia, todo esse esforço dos privados,lamentavelmente não tem sido acompanhadode apoio do Estado, no que lhe compete fazer. Os proprietários de quase todas essas unidades turísticas do meio rural queixam-se que o seu negócio tem sido manifestamente prejudicadosprincipalmente devido as vias de acesso que se encontram completamente degradadas, dificultando a deslocação dos turistas. A mesma queixa tem vindo dos guias turísticos que tem tido a dificuldade de cumprir a sua missão de conduzir os turistas aos locais de interesse turístico.

Neste quadro, a estrada do Sul, Cidade Capital à Porto Alegre, tem uma importância fundamental, porque é uma zona de um potencial turístico muito grande. Tornou-se um roteiro quase obrigatóriopara os turistas, a deslocação as praias paradisíacas da zona de Porto Alegre, com destaque para a praia Jalé. Apesar de acesso difícil, os turistas regressam de lá encantados com as belas praias e a naturezaenvolvente.

Há um importante complexo hoteleiro no Ilhéu das Rolas, que segundo informações encontra-se encerrado justamente devido as péssimas condições da via de acesso, sobretudo no troço entre Ribeira Peixe e Porto Alegre. É Triste esta constatação porque para além do hotel, no Ilhéu,existem locais de interesse turístico e histórico,como o marco que assinala a linha imaginária do Equador que divide a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul.

A boa notícia é que o Governo está a proceder apenas pequenas reparações nos troços mais críticos, para facilitar a deslocação dos meios rolantes, isto, depois da umajusta contestaçãoda população local, utilizando barricadas e outros meios, tendo essa reivindicação despertado a atenção do Governo.Pelos visto uma renovação completa e definitiva desse troço não é para tão cedo.

Portanto, não quero me referir apenas as estradas nacionais, mas também deve ser dada uma atenção especial as estradas rurais e trilhos de acesso as roças. Para alem do turismo, essas vias têm também importância fundamentalpara a deslocação da população local e o desenvolvimento da agricultura e pecuária.

O turismo da natureza e de forma seletiva tem sido muito procurado pelos turistas atualmente, cansados de turismo de betão e de massa, que se tem verificado noutras paragens, pois, esse turismo tem-se tornado insuportável. São Tomé e Príncipe tem um potencial enormepara o turismo de natureza que não devemos desperdiçar.

Para mim, o turismo deve ser prioridade das prioridades dos governosquetudo devem fazer para apoiar esse sector nevrálgico, reparando as infraestruturas, (redes viárias, casas coloniais, edifícios históricos etc.), atribuir incentivos financeiros e fiscais aos operadores turísticos, anular barreiras burocráticas desnecessárias e outras. Não faz sentido andarmos constantemente a repetir que o turismo é uma fonte de desenvolvimento do Pais sem, contudo,criarmos condições para o seu avanço.

Uma atenção deve ser dada também aos artesãos, grupos culturais e as pequenas unidades de transformação de produtos locais que servem de apoio ao turismo. Devemos aproveitar para dar a conhecer as nossas ricas atividades culturais a quem nos visita. Por outro lado, o turista quando regressa aos seus países desejam sempre levarsouvenirs como recordação.

É preciso não perdermos de vista que um turismo bem estruturado é uma atividade, se calhar a única, que toda a gente ganha e cria uma cerca dinâmica na atividade de comercialização de produtos locais. Por essa e outras razõesque o Governo deve dar atenção a esse sector com uma forma de aliviar a pobreza no Pais.

Não queria terminar esse texto sobre turismo, sem me referir a Ilha irmã do Príncipe em particular. Não há dúvidas que tem havido um grande esforço dos dirigentes e a população daquela parcela do território nacional no sentido de desenvolvimento do turismo de qualidade. O nome do Príncipe tem projetado o Pais além-fronteiras, devido a sua performance na área do turismo multifacetado, apesar de todas as dificuldades, facto que gostaria aqui de enaltecer.

São Tomé, 22 de janeiro de 2024

Fernando Simão

1 Comment

1 Comment

  1. Antonio Vaz

    24 de Janeiro de 2024 at 18:48

    Força e coragem, Sr. Fernando Simão. Por favor, continue a escrever e mantenha-nos informados na diáspora. Muito obrigado. Maravilhoso!

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