A estação seca e de vento fresco, a Gravana, entrou em agosto na fase de cruzeiro e mais ardente. No final de julho a estação seca ajudou o fogo a devorar rapidamente 4 casas no bairro do Riboque, arredores da cidade de São Tomé.
Na quinta-feira 15 de Agosto, foi a vez do bairro de Água Bobô também nos arredores da cidade de São Tomé sentir o calor do fogo. O incêndio que deixou uma casa em cinzas e uma segunda residência parcialmente devorada, acabou por carbonizar um homem de 78 anos de idade.
Deficiente físico, segundo os familiares que sobreviveram ao fogo, o idoso não conseguiu fugir das chamas.
«Não sei como é que o fogo apareceu…», declarou Diolanda do Espírito. Diolanda é neta do idoso e deficiente físico que perdeu a vida. Segundo Diolanda a casa que foi devorada pelo fogo pertencia a sua mãe.
«Os bombeiros vieram, mas onde é que está a estrada?». A cidadã cuja residência vizinha da sua mãe, foi parcialmente engolida pelo fogo levantou uma questão que tem sido polémica em casos de sinistralidade em São Tomé e Príncipe.
Um país que não tem ordenamento urbano. As casas são construídas aleatoriamente e sem qualquer acesso. Quando são chamados para combater o fogo, os bombeiros deparam-se com vedações de betão nas casas a beira da estrada. Os caminhos estreitos que permitem chegar a casa incendiada são vedados com bananeiras, safuzeiros, mangueiras, e árvores de fruta pão. Impossível para as viaturas de socorro chegarem aos focos de incêndio.
«Ficamos apenas com roupa do corpo», reclamou Diolanda do Espírito. A família composta por 6 pessoas, perdeu o mais velho de 78 anos, e ficou indocumentada. Segundo Diolanda, o fogo engoliu tudo, incluindo os materiais escolares das crianças.
O fogo de origem ainda duvidosa terá sido alegadamente soprado pelo vento seco da gravana. Tudo aconteceu por volta das 17 horas de quinta-feira 15 de Agosto em Água Bobô.
Abel Veiga