Um pastor evangélico foi detido e está em prisão preventiva, acusado de abuso sexual de uma menor.
Tudo terá acontecido no rés do chão de uma residência, na reta de Micoló, em São Tomé, onde funciona uma igreja.
O pastor da seita “Jesus Cristo Fé e Milagre” está acusado de abusar sexualmente de uma menor de 15 anos, estudante da sétima classe e frequentadora da igreja.
A Polícia Judiciária, que investigou o caso, revelou, numa nota publicada nas redes sociais, que o homem, com cerca de 50 anos e residente em São Tomé há quatro anos, foi constituído arguido e já se encontra em prisão preventiva.
O pai da vítima, que está grávida de três meses, em entrevista à Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe, exige justiça:“O pastor abusou da minha filha e ainda a engravidou. Exijo justiça. Minha menina, que estuda a sétima classe, agora está em casa grávida. Quero justiça”, clamou Ney Tavares.
O caso está a provocar uma onda de indignação no país, sobretudo na comunidade de Micoló:
“É revoltante que um pastor, cuja missão deveria ser pregar a palavra de Deus e proteger as crianças, seja o próprio agressor”, desabafou Vânia Amado.
Para Jenilson Dias, “Isso não é um pastor, é um demônio. Ele merece estar atrás das grades.”
“O governo precisa adotar medidas rigorosas contra os casos de abuso sexual de menor”, apelou Jamaísa Pinto.
Na mesma nota, a Polícia Judiciária revela ainda que o pastor é suspeito de outros crimes da mesma natureza, com vítimas também menores.
O Téla Nón apurou que o homem é de nacionalidade gabonesa e conhecido na zona de Micoló por “Papá”.
José Bouças

wilson veiga
10 de Maio de 2025 at 10:06
O caso é revoltante, sim — imaginar esse matulão a meter o bangalá na menina, ainda por cima com estatuto de “pastor”, abusar da fragilidade e confiança de uma rapariga é mais uma dessas tragédias vestidas de fé que já vimos vezes demais. Mas há algo que me incomoda profundamente: só agora, com três meses de gravidez, é que tudo vem ao de cima?
Não estou aqui a pôr em causa a dor da vítima — longe disso. Sabemos que o medo, a vergonha e até a pressão social dentro destas “igrejas” podem calar qualquer grito. Mas é legítimo perguntar: porquê só agora? Será que estavam à espera que ele desaparecesse, ou — e aqui dói ainda mais pensar — havia esperanças de algum tipo de compensação, chantagem ou acordo “espiritual”?
Infelizmente, já não é a primeira vez que estes “pastores-empresários” usam a batina como disfarce para predadores. E o mais triste é que muitas vezes as comunidades sabem, desconfiavam, mas ninguém fala — até que aparece um bebé, um escândalo ou uma oportunidade.
Este caso precisa de ser investigado sem medo, sem silêncio cúmplice e sem filtros religiosos. Se for verdade, que o indivíduo seja punido como criminoso — não como “pastor”, “evangélico” ou “estrangeiro”, mas como o predador que é. E se houver conivência ou tentativa de abafar o caso, que todos os cúmplices — directos ou indirectos — venham também à tona.
A justiça não é só para os pobres ou os sem púlpito. Também se aplica aos “ungidos”.