Análise

A Chave do Futuro de África

Um artigo importante de Abdoulie Janneh(na foto)membro da administração da Fundação Mo Ibrahim e ex-Subsecretário-Geral das Nações Unidas.

A Chave do Futuro de África

Abdoulie Janneh

Para todos os que vivem em África ou se preocupam com o seu futuro, estes são tempos notáveis e empolgantes. A história do continente está a ser reescrita. África já não é vista em todo o mundo como apenas um lugar exótico para entusiastas da vida selvagem, comerciantes em busca de enriquecimento rápido ou negociantes de armas predatórios à procura do próximo conflito. Está a tornar-se rapidamente um destino de eleição para aqueles que procuram investir a longo prazo ou criar empresas, com rendimentos comprovadamente mais elevados do que em outros lugares do mundo.

A riqueza natural do continente é um grande atrativo, mas o rápido crescimento do seu mercado de consumo não o é menos. Enquanto muitas regiões continuam a debater-se para escapar às repercussões da crise financeira global, o crescimento de África é sólido e o continente é amplamente visto como a nova fronteira económica.

O sexto Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG), publicado esta semana, analisa o que se passa em todo o continente. Permite-nos afirmar que a governação global em África melhorou desde 2000. Diversos países, incluindo Angola, Libéria, Ruanda, Serra Leoa e Zâmbia, conseguiram melhoramentos significativos ao longo deste período. Mas existe algo a ensombrar este otimismo.

O IIAG realça o facto de o progresso global de África na esfera da governação económica não estar a ser acompanhado por uma evolução semelhante na esfera política e dos direitos humanos. Na verdade, o Índice confirma que os avanços na governação ao longo dos últimos seis anos em torno do Desenvolvimento Económico Sustentável e do Desenvolvimento Humano, com frequência impressionantes, foram contrariados por uma deterioração nas áreas da Participação e Direitos Humanos e da Segurança e Estado de Direito. Preocupantemente, algumas das potências regionais de África (Egito, Quénia, Nigéria e África do Sul), tão importantes para o progresso do continente, enquadram-se nessa tendência.

Este desequilíbrio crescente tem de ser enfrentado. Não basta que as pessoas tenham o direito e a ambição de viver num estado de direito ou influenciar o seu futuro através do processo político. Há também a possibilidade de que o desequilíbrio prejudique as realizações económicas e impeça a partilha justa da riqueza em crescimento pelos cidadãos.

Sem participação significativa e tribunais independentes, por exemplo, os países sentirão dificuldades em atrair o investimento de que precisam para continuar a criar emprego ou para desfrutar da estabilidade necessária a um crescimento económico sustentado. Precisamos de melhorar a governação em todas as suas vertentes se quisermos que África tire o máximo partido do seu precioso potencial.

O IIAG foi publicado pela primeira vez em 2007 para ajudar a concretizar essa ambição. Todos os países (com exceção do Sudão e do Sudão do Sul para os quais os dados atuais são insuficientes) são anualmente avaliados, de forma robusta e independente, em função de um amplo leque de dados que permite realçar os melhoramentos ou deteriorações da governação. O Índice não leva em conta ideologias ou declarações de boa vontade e centra-se mais nos efeitos práticos do que nas causas e nos compromissos.

Os dados são analisados para verificar, por exemplo, se as oportunidades económicas dos cidadãos de cada país estão a melhorar, se há mais crianças a avançar para o ensino secundário ou se o acesso a eletricidade melhorou. O Índice examina também realizações menos tangíveis, como o grau de segurança com que se pode andar na rua ou o grau de confiança que os cidadãos podem ter na independência dos seus tribunais. Possibilita ainda que o desempenho dos países seja avaliado em função da passagem do tempo ou por comparação com os países vizinhos.

Atravessando as fronteiras, o IIAG de 2012 revela algumas diferenças importantes no desempenho regional. Enquanto as Áfricas Ocidental, Central e Austral estão a melhorar as suas classificações globais de governação, tanto a África do Norte como a África Oriental registaram declínios. A África Oriental foi superada pela África Ocidental em termos de Desenvolvimento Económico Sustentável, com o Quénia e o Uganda a afetarem negativamente o seu desempenho.

Em todas as regiões, a subcategoria com pontuação mais elevada foi a do Género; a exceção que se destaca é a da África Ocidental, que obtém nessa mesma subcategoria a sua pontuação mais baixa. Nenhum país ou região se pode permitir ignorar o potencial de metade da sua população.

No espaço da África Ocidental, também a Nigéria é motivo de preocupação. O país vê-se agora classificado entre as 10 nações com pior desempenho global de entre as 52 avaliadas pelo Índice. Dado que todas as potências regionais africanas desempenham um papel fulcral na definição da paisagem económica e política do continente, esse fracasso poderá ter implicações significativamente mais amplas.

Naturalmente, o Índice não tem como objetivo estabelecer uma tabela classificativa nem denunciar ou humilhar países. Foi idealizado para ser utilizado pelos governos e cidadãos como ferramenta de formulação de políticas e responsabilização. Ajuda a lançar luz sobre o que está e o que não está a funcionar, identifica as áreas em que devem ser aplicados os maiores esforços e ajuda a partilhar boas práticas. Mas, para isso, também é necessário que os governos aperfeiçoem a recolha de dados exatos e relevantes acerca do que acontece no interior das suas fronteiras. Continua a existir uma séria carência de dados em todo o continente, o que é um obstáculo à governação eficaz.

Apesar da imagem heterogénea revelada pelo IIAG mais recente, há fundamentos para um otimismo cauteloso em relação ao futuro. África é demasiado rica em recursos naturais e humanos para se manter pobre. Os próprios africanos sentem-se cada vez mais positivos e confiantes acerca do seu futuro. O que é necessário é um empenho permanente na boa governação para assegurar o domínio desses recursos de forma a alcançar os resultados que qualquer cidadão que vive no século XXI tem o direito de esperar. É essa a chave do futuro de África.

Abdoulie Janneh é membro da administração da Fundação Mo Ibrahim ex-Subsecretário-Geral das Nações Unidas.

4 Comments

4 Comments

  1. murdertrue

    17 de Outubro de 2012 at 15:50

    A africa nao esta ainda desenvolvida porque a alguns que nao pensam com cabeca por exemplo em vez de alimentar o pais com a energia hidroelectrica uns alimentan o pais com energia a base de combustivel gerador que vergonha gaspillage esbojar dinheiro em poluicao

  2. Povo põe, Povo Tira

    17 de Outubro de 2012 at 17:25

    A “chave do futuro de STP”, está na receita que os 4 barcos que temos cá no nosso porto de águas profundas dão ao cofre do Estado de STP. A mesma que abri a porta do alem, para aumentar o numero de dias num mês, passando de 30/31 dias para 45/48 dias. Patrice Trovoada, o artesão que concebeu a famosa chave!

    Viva a Chave que trás com ela o Futuro!
    Viva Patrice Trovoada o aldrabão do Presente, mais, com pouco futuro pela frente!

    O horizonte visual nunca é alcançado, sempre que tenta se aproximar, parece mais longe… Mais a derrota de PT o flá só, não faz nada, será alcançado em breve! Nesse mesmo dia, os dois padres diabos que fazem parte desta ceita do “Vabu”, serão esconjurado e entregue a chefe da máfia, oooh desculpa-me, a chefe dos diabos.
    Com ajuda de Alah, Deus de todos os muçulmanos, PT inclusive, o povo de STP será libertado da armação da ceita acima citada.

  3. JOJO JOAO

    18 de Outubro de 2012 at 20:52

    ESTOU FORA D STP A 16 ANOS ALGUEM PODE ME DIZER PARA QUE SAO ESTES BARCOS

  4. Paracetamol 500mg

    19 de Outubro de 2012 at 7:58

    O futuro de África passa pela eliminação da corrupção detenção dos corruptos.

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