Angola ofereceu burros, bois (e vacas, presumo) vieram do Brasil e porcos não sei de onde vieram, nem de quem foi a oferta, se é que foi oferta. Galinhas, patos, pombos, ovelhas e cavalos; não sei de onde virão, nem se foram ou serão convidados para essa festa do (re)nascimento da pecuária em STP, na busca do quixotesco objectivo da auto-suficiência alimentar.
Outra hipótese, que não deixo de lado, é estarmos perante o ensaio de uma versão nacional do famoso conto de George Orwell, “Animal Farm” (“O Triunfo dos Porcos”, na versão portuguesa). Se for esse o caso, trata-se de uma reposição, porque já vimos, e sentimos na pele, essa peça em 1974 e anos seguintes.
Para além dos bichos, o eterno potencial setor do turismo também esteve na berlinda; houve uma providência cautelar sobre o caso Agripalma; sob a chancela da Universidade Lusíada de STP foi publicado “Olhares Cruzados Sobre a Economia de São Tomé e Príncipe” e, infelizmente, a empresa agrícola Diogo Vaz entrou em insolvência.
O elo de todos estes assuntos acaba por ser a economia, ou melhor a ausência dela. Esta encruzilhada, impasse, arrasta-se há já quase 40 anos, num acumular de falsas partidas, inúmeros casos de insucesso, polvilhado aqui e ali por outros de sucesso, estes últimos, grande parte, verdade seja dita, por obra e graça de estrangeiros.
Na agricultura e na pecuária, por ordem, tentativamente, cronológica, a nacionalização das roças redundou num monumental falhanço, chineses tentaram cultura de arroz, cubanos devastaram cafezal e impingiram matabala, a reintrodução de porcos após o surto da febre suína africana em 1979 começou bem e acabou mal (resta alguma coisa desse projeto?) o mesmo sucedendo com os aviários (resta algum?). O que ainda existe do projeto da Mesquita? O palmar de Ribeira Peixe virou ôbô e hoje ninguém quer que ôbô volte a ser palmar!
A reabilitação das roças redundou em contratos de gestão ruinosos para o país. Já em desespero de causa, partiu-se para a disparatada entrega de terras a poucos que dela precisavam e sabiam cuidar, a muitos que dela precisavam mas que não sabiam cuidar e sobretudo a uma infinidade de gente que não precisava nem percebia pevas de agricultura. Voltou-se a experimentar bovinos e suínos e… nada parece vingar e multiplicar.
Restam umas quantas cabeças de gado “candrezado” e fustigado por mosquitos e carraças. O cacau, essa famigerada herança, lá vai percorrendo a sua via sacra rumo ao crucifixo. Mais um passo foi dado com o anúncio da insolvência da Roça Diogo Vaz, pondo fim às roças, tal como existem na nossa memória coletiva. Por agora está na estação do cacau biológico, no estoicismo de Cláudio Corallo e no renascimento prometido pelos novos operadores que entraram em cena.
É frustrante esse quadro de falhanço coletivo, mas no qual insistimos em encontrar aspectos positivos para enaltecer as “conquistas” alcançadas nestes 38 anos. Só muda quem está desconfortável. Sinto que em STP são demasiados os acomodados, para não dizer satisfeitos, com a atual situação, ou não suficientemente cientes que pouco ou nada progredimos e que não estamos melhor que em 1974.
Os paralelismos com o fim do ciclo da cana-de-açúcar são cada vez mais evidentes e dolorosos. O efémero reino do Amador no séc. XVI o que conseguiu foi dar a machadada final na então já decadente produção de cana-de-açúcar. Apressou ainda mais a debandada de brancos e de mestiços rumo ao Brasil. Poucos anos volvidos, os engenhos foram soçobrando, um após outro, a selva voltou a tomar conta das ilhas.
A agricultura sucumbiu, a sociedade atrofiou-se, ficando acantonada na cidade de São Tomé e vilas limítrofes (Trindade, Madalena, Santana e Guadalupe). O resto era paisagem e refúgio para mocambos, fugidos e angolares, que viviam daquilo que a terra e o mar davam e quando não davam, atacavam as vilas e a cidade. As cíclicas clivagens entre governadores e bispos recrudesceram. Nada sobrou dessa sociedade ancestral assente na cana-de-açúcar. Visão colonialista e retrógrada? Certamente, mas não tem o seu quê de verdade?
Salvaguardando o detalhe de que somos hoje independentes e das vantagens da(s) modernidade(s ), não são evidentes as semelhanças? O mesmo declínio (desta feita do cacau), seguido de uma “revolução” (bem sucedida, deste feita), debandada de brancos e (também) de mestiços, seguida do colapso da agricultura de plantação, regresso em força do ôbô, concentração da população na cidade, regresso a uma economia de recolecção e completa dependência do exterior…
Entre o açúcar e o cacau andamos meio perdidos durante mais de 2 longos séculos, até que regressaram brasileiros e portugueses com a cultura do cacau e café.
Uma sociedade minimamente saudável não consegue sobreviver com tanta acumulação de insucessos. Deita abaixo qualquer sentimento patriótico e baixa inexoravelmente a auto-estima individual e colectiva.
É essa a maldição de decapitar sistematicamente a economia que temos que (saber) quebrar. Não é glorificando Amador e afins, nem com exercícios de sublimação de defeitos em qualidade, na vã tentativa de elevar o nosso orgulho, que ultrapassamos essa espécie de “karma”, mas sim começando por matar o “forro” que há em cada um de nós.
Pese embora o meu ceticismo quanto a políticas de substituição de importações, não entender essa obsessão pela auto-suficiência alimentar em países com as características de STP e de ainda não encontrar um fio condutor naquilo que se pretende para a agricultura no país; desejo a melhor das sortes aos bichos e que nos ajudem a quebrar a maldição.
SubVersivamente
Alcídio Montóia Pereira
mafili
30 de Agosto de 2013 at 12:35
Parabéns.Excelente artigo.
Tremenda falta de respeito essas ofertas da treta que nos fizeram.
Apesar, e para além de tudo o que somos e o que supostamnete STP representa, nós merecíamos melhor sorte, e que os países nos tratassem com mais repeito.
Mas enfim…….
Nova Ordem
30 de Agosto de 2013 at 13:49
Gostei do Artigo,
Meu caro Mafili, como é que você quer que outros países nos respeitem se nós não nos respeitamos?
Essas ofertas são apenas lição de moral que estamos a receber, lição da história: se querem dinheiro então têm que trabalhar, e esses animais vão nos fazer trabalhar para tirar dinheiro.
Meus caros, temos que ter em mente que já não existe dinheiro de borla.
Por isso, doa a quem doer, nos merecemos o que esta a acontecer.
Quem não sabe o que quer, recebe o que não quer.
Nova Ordem
kwatela
30 de Agosto de 2013 at 21:47
tenho a impressao de que os nossos intelectuais sao parvos ou querem nos fazer de parvos!!!
pobres e mal agradecidos o que é que os senhores ja fizeram de bom para stp.
se nao gostaram das ofertas dos burros bois e porcos devolvam as ofertas e mandam vim o que acham melhor para este país…
kwatela
30 de Agosto de 2013 at 21:49
nao é vim mas vir
haha
2 de Setembro de 2013 at 11:14
Já está mesmo no sangue. É preciso matar o forro que temos em cada um de nós como disse o autor.
Temos que receber tudo sem mostrar que merecemos respeito?
Quem não gostar devolve e manda vir?
É só os outros mandarem vir?
Ajuntarmos e trabalhar com orientação não
Bacano
30 de Agosto de 2013 at 12:46
potencializar alimentação da nossa população pobre com burros, porcos,suínos,etc.
e o dinheiro do petroleo só cai nos bolsos deles(+ carros novos+ casas,+viagens paradisiacas,e as contas pessoais nos bancos sempre a engordar).
TRUKY SUN DÊÇÚ
30 de Agosto de 2013 at 13:52
Parabéns srº. Alcídio M. Pereira …. Aqui está um excelente artigo em que dá a sua opinião, e faz uma análise perfeita e correcta, do momento actual que se vive em S. Tomé e Príncipe. Um comentário lúcido, realista, muito bem explicado, e que quase de certeza não agradará a muito ‘Fôrro’, mas que infelizmente retrata fielmente, o panorama que se viveu e vive nesta bela Terra, passando pelos vários ‘ciclos’ até à sua Independência. Há muito blá,blá,blá, muita conversa ‘fiada’ e muito, mas mesmo muito, pouco trabalho, e ainda mais ‘vontade de trabalhar’. O Léve-Léve é bom para quem vai de férias, e para os preguiçosos, mas não serve para o desenvolvimento e progresso do País. Os dirigentes também não ‘ajudam’ e penso que a maioria são incompetentes, sem experiência, sem iniciativas, apenas preocupados com o seu ‘Tacho’ . Cpts.
Martelo da Justiça
30 de Agosto de 2013 at 15:46
O artigo do Sr. Alcídio é uma verdade nua e crua. A nossa maldição é sermos preguiçosos e pouco sérios. Não tem nada a ver com a oferta do burro pelos angolanos. Ainda por cima, somos mal agradecidos.
Barão de Água Izé
4 de Setembro de 2013 at 8:31
Felizmente há muitos homens e mulheres Sãtomenses que não são preguiçosos nem malandros. Por exemplo trabalham duro na agricultura.
O verdadeiro problema de STP é a politica económica aplicada no pós-independência, que deve ser alterada com a máxima urgência para podermos ter um País sem pobreza.
António Silva
30 de Agosto de 2013 at 14:43
Óptimo artigo. As verdades de todas as verdades. Mesmo assim existem muitos que ainda dizem que a país está bom; que o país está a desenvolver. Fez-se alguma coisa, mas o que se fez até então é insignificante para os anos que temos de independência.
O “obô” está cada vez mais “obô”, a degradação das roças é alarmante. O povo está nas “tintas” e os pseudo-governates também estão nas “tintas”. Quanto mais nas “tintas” estiver o povo, melhor para aqueles que têm em mãos o domínio da coisa pública.
Para haver uma verdadeira intervenção na industrialização do país, o ôbô” necessariamente tem de ser mexido. Ao se fazer estas intervenções o estado tem de estabelecer regras, já o disse aqui, e estas mesmas regras têm de ser respeitadas.Infelizmente, como é moda em todo mundo, no nosso país também segue esta moda, de providências cautelares, serve para imperar tudo. Temos de transformar os nossos “ôbôs” em qualquer coisa que se aproveite, não significa com isto mandar as árvores todas abaixo, mas sim tentar mudar este paradigma.
Temos de reintroduzir espécies animais no país, mas esta reintrodução não pode ser feita de forma anárquica.
eu mesmo
30 de Agosto de 2013 at 15:08
Alcídio Montóia Pereira
eu mesmo
30 de Agosto de 2013 at 15:09
Sr Alcídio Montóia Pereira
Parabens pelo artigo. Gostei imenso.
osvaldo pereira
30 de Agosto de 2013 at 16:48
parabéns pelo artigo, excelente visão da realidade do nosso país.
Pen Drive
30 de Agosto de 2013 at 17:05
Sem palavras!Eu não sabia que havia santomense tão intelectual!Uma verdadeira maravilha explicada em palavras!Parabéns. Os senhores Pinto, Gabriel, Trovoadas, Delfins, Brancos e outros malvados politicos santomenses devem ler e reler este fantástico artigo.
de Ceita
4 de Setembro de 2013 at 9:50
Tens certa razão,a intelectualidade está em extinção em S.T.P. Mais contudo surgem artigos brilhantes, este é o segundo que leio no Téla Nom.Neste artigo está espelhado o percurso economico de um país desgraçado como o nosso S.T.P.
Anca
30 de Agosto de 2013 at 17:42
O governante cujo o espírito, não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a sua alma ao estrangeiro, antes de ser absorvida por ele, tal e qual, o povo cujo o espírito, não defende o seu solo e o seu idioma nativo, entrega a sua alma ao estrangeiro.
Eusébio Pinto
30 de Agosto de 2013 at 17:44
“Uma sociedade minimamente saudável não consegue sobreviver com tanta acumulação de insucessos. Deita abaixo qualquer sentimento patriótico e baixa inexoravelmente a auto-estima individual e colectiva.”
Subscrevo a 100%!
Eusébio Pinto
Luanda – Angola
D.N
30 de Agosto de 2013 at 17:51
Melhor artigo que já li no Tela Nón. pois critca bem o país de mordazes e usurpadores que temos. pouco a pouco, perde-se sim , o orgulho de viver nessa terra.
luisó
30 de Agosto de 2013 at 18:00
Os meus parabéns por este artigo porque retrata muito bem o País.
Continuo a dizer, País sem futuro…
Barão de Água Izé
30 de Agosto de 2013 at 22:49
Caro Alcídio Pereira: A solução para STP é privatização do que foi nacionalizado, através de Concursos Públicos Internacionais (abertos a Nacionais).
Sem a alteração do modelo, pensamento e politica económica, instaurado pela via Marxista que ainda hoje é defendida acerrimamente por alguns nacionalistas, não haverá saída da pobreza no nosso País.
Um País não é democrático, quando a maioria da propriedade agrícola, rústica e urbana, está nas mãos do Estado.
Rio de Janeiro - RJ
31 de Agosto de 2013 at 14:22
Ótima opinião do articulista
Todavia, a busca pela autossuficiência alimentar não exclui – ou não deveria excluir – outras políticas que visem ao desenvolvimento do país. São Tomé e Príncipe tem potencial natural para alimentar duas vezes a sua população. Se hoje importa quase tudo o que consome é por falha humana e política. A busca pela autossuficiência alimentar não deveria ser enxergada como “obssessiva” mas como “benéfica e necessária”.
Uma virtual autonomia alimentar são-tomense no que se refere a artigos básicos diminuíriam a evasão de divisas decorrente do déficit comercial do país, em parte complementado pela ajuda internacional e remessas de emigrantes. Ou seja, a carência de produção em relação à demanda alimentar interna é parte de todo um processo que gera dependênca ao país. Na Suiça, Holanda, Japão…a política de valorização dos alimentos da dieta básica é enxergada como prioridade, inclusive por meio de subsídios diretos do Estado. Por que em São Tomé deveria ser negligencidado o tema? Enfim, o restabelecimento da pecuária no país de forma alguma seria maléfica e, por isso, deveria ser apoiada e não criticada.
tonga
31 de Agosto de 2013 at 14:30
este escreveu algo que se pode ler nada a comparar com o que se diz escritor Lucio Amado
Armindo Dos Santos
1 de Setembro de 2013 at 12:14
Caros leitores este artigo é fruto de uma má utilização da ajudas que STP tem recebido durante todo esse tempo. O tal artigo tem como caráter pedagógico para a classe politica desse país.Eles gostam de ajuda financeira para por nos bolsos,com ajuda de burros ele terão que dar ao povo que não tem olhos aberto. A um ditado que diz,”Si tens fome,não lhe dês peixe,dá-lhe uma vara de pesca e ensina-lo a pescar” só assim ele dará valor ao trabalho.
Emilio Pontes
2 de Setembro de 2013 at 13:15
A reabilitação das roças redundou em contratos de gestão ruinosos para o país. Já em desespero de causa, partiu-se para a disparatada entrega de terras a poucos que dela precisavam e sabiam cuidar, a muitos que dela precisavam mas que não sabiam cuidar e sobretudo a uma infinidade de gente que não precisava nem percebia pevas de agricultura. Voltou-se a experimentar bovinos e suínos e… nada parece vingar e multiplicar.
Meu caro simplesmente divinal.
Viva a diáspora.
Arroz da Terra Mãe
2 de Setembro de 2013 at 15:44
28 burros é equivalente ao código do valor da verba que o pais irmão pretende doar o País para o Orçamento : 28 milhões de USD???
Fla Ceto
2 de Setembro de 2013 at 15:57
Costuma-se se dizer: Quem não sabe onde quer ir, todo o caminho serve. No meio desta perdição e da forma como os nossos dirigentes decidiram pedir, podem crer que piores ofertas hão – de nos ser feitas.
Kuá flogá
3 de Setembro de 2013 at 11:28
Foi um pouco agressivo.
Neste momento o mais importante para a Terra que te viu nascer é a colaboração para a solução destes males que nos enfermam.
Com amizade.
Tunchado
3 de Setembro de 2013 at 15:05
Não sendo um amante desse espaço de “Tela non”, nessa vertente de comentarios, devo dizer que gostei da abordagem feita pelo autor do artigo.
A interpretaçao que faço desse artigo não tem nada a ver com algumas reações maldosas de alguns.
Pessoalmente, as minhas felicitações.
Algumas passagens do artigo levantam questões que deveriam merecer uma reflexão profunda da sociedade. No que concerne a produção de palmeiras dendéem na zona sul!Alguém ja parou para pensar que grande parte da zona sul do pais sempre foi orientada para a produção de culturas oleagenosas e que o que se esta a tentar revitalizar, são areas outrora cultivadas? Não serviu os esclarecimentos feitos por gente que entende da materia, quanto a intervenção do projeto AGRIPALMA!
Mesmo admitindo alguma agressão actual sobre a natureza resultante do nao cumpimento das recomendações das medidas de mitigação do estudo de impacto ambiental, deveriamos compreender que o governo (O Estado) tem responsabilidades acrescidas para com as familias que dependem da agricultura para sobreviverem.
Recuperar as terras agricultaveis abandonadas nos ultimos tempos constitui um dever do sector da agricultura. A terra não é ilastica. A velocidade com que avança o betão sobre terras araveis e o abandono de terras nas comunidades agricolas, reclama uma atenção especial do governo em materia de garantia da segurança alimentar nacional.
Afinal, as palavras do diretor do Parque Ôbô sobre o respeito da area de protegida pelo Projecto não valem? Sera que esse responsavel é menos cidadão que os outros?
Pessoalmente acho que por detràs dessas providencias cautelares estão interesses pessoais não confessados e que tentam por todos os meios atingir resultados que somente os autores sabem.
Com todo respeito pelos atores dessa “sociedade civil” e não sendo menos ambientalista estes, acho que o Projecto AGRIPALMA é importante para a população da zona sul em particular para o pais em geral. Dentro de dois tres anos, iremos recuperar parte do ecosistema distruido e o importante, estaremos a criar condições para ocupar uma parte importante da população nacional e reter o êxodo rural que se faz sentir atualmente e a degradação do nivel de vida da população jovem da zona sul.
Em suma, penso que os comentarios a esse tipo de reflexão deveria ser mais séria e construtiva.
So assim esse espaço poderia constituir um forum de opinião publica credivel e passivel de ter em conta pelos politicos e outros fazedores da administração publica.
Carlos Jorge da Silva
3 de Setembro de 2013 at 16:36
Só faltava referir -se ao insucesso da COSEMA.
de Ceita
4 de Setembro de 2013 at 9:55
E das fábricas Água Grande, Siplaine e de Plástico,Empesca em Neves.
Alcidio Pereira
3 de Setembro de 2013 at 22:10
Caro(a)s,
Penso ser boa altura para agradecer a todos e cada um os comentários, todos eles positivos, uns mais e outros menos, naturalmente. Tomei boa nota de cada um.
Começando pelo fim, KUÁ FLOGÁ, não é a minha escrita que é agressiva, mas sim a realidade STP que me impulsiona a escrever. A minha colaboração visível para a minha terra, de momento, é esta. Quem se chega à frente para fazer coisas pelo país tem que fazer bem feito. Se for para fazer mal, o melhor é ficar num cantinho sossegado.
RIO DE JANEIRO, perseguir a auto-suficiência alimentar sem ter um motor que puxe pela economia é um esforço em vão. As coisas não vingam. Tem sido esse o erro de base que procurei expor. Por outro lado, é preciso ter em conta que produzir localmente produtos nos quais não somos competitivos é uma perda de tempo. Gera apenas ineficiências e má utilização de recursos.
BARÃO DE ÁGUA IZÉ, não posso estar mais de acordo. A atual lei de terras é um absurdo. Se não têm coragem de promover uma privatização plena, pelo menos deviam conceder títulos definitivos por prazos dilatados (60 anos e transmissível a herdeiros) que permitam criar um verdadeiro mercado de terras, para que quem perceba de agricultura possa fazer bom uso desse recurso. Os ditos colonos tinham terras, mas quando saíram de STP levaram a terra na bagagem com eles? Há coisas na nossa mentalidade “fôrra” que me faz muita confusão!
ANTÓNIO SILVA (Toni), é possível conciliar o crescimento económico com a preservação do meio-ambiente. O que me assusta é que mesmo sem qualquer desenvolvimento estamos a dar cabo do meio-ambiente em STP (basta ver a nossa orla costeira). Li algures sobre um estudo que concluiu que desde 1978 que os países desenvolvidos não crescem. O que têm feito é corrigir os erros ambientais da industrialização. Acredito que podemos aprender com os erros dos outros.
MAFLI, não condeno nem subestimo as ofertas. Quem dá, de boa vontade, o que tem, a mais não é obrigado. Só temos que agradecer e fazer bom uso. O problema, penso eu, é que STP , não sabe pedir. E como diz, e bem, FLA CETO, quem não sabe onde quer ir qualquer caminho serve.
Voltarei com mais “SubVersões”, aqui no Téla Nón e também no Kê KWÁ.
Uma vez mais, o meu obrigado a todos.
Alcidio Pereira
3 de Setembro de 2013 at 22:23
Enquanto escrevia entrou o “post” do TUNCHADO, a quem felicito pela seriedade e bom senso com que abordou o tema da Agripalma.
José de Correia
4 de Setembro de 2013 at 13:13
Antes de mais , Alcidio aproveito este momento para felicitar-te pelo teu excelente ponto vista sócio- económico neste pequeno artigo em que aproveitas para fazeres uma pequena resenha histórica . Sem querer ser como uma nódoa neste lençol branco de aplausos , passagens há no teu trabalho com as quais não concordo plenamente . Tomemos como exemplo : …”O palmar de Ribeira Peixe virou ôbô e hoje ninguém quer que ôbô volte a ser palmar!”…. Sei que talvez pela carga da tua formação profissional estejas mais habituados a lidar com grandes grupos e realizações, no sentido de tudo destruir e erguer de raiz, mas com a Natureza este proceder comporta riscos elevados e por vezes irreparáveis. Neste caso especifico de Ribeira Peixe verso Agripalma , quero frisar que faço parte da geração de estudantes que estiveram em 1979 no chamado Campo de Férias na roça Ribeira Peixe e paradoxalmente a Ribeira Peixe não era só palmar nem pouco tão matagal . Estive em Sao Tomé em meados de Maio ultimo e fui a zona Sul e para o meu espanto quase vi, com estes olhos que a terra há-de comer , o pico Cão Grande pornograficamente nu. A minha formação acadêmica em agricultura é nula,sou um autodidata profundamente apaixonado; mas saiba o que assistimos com Agripalma é a ausência de meio termo ambiental , uma passagem do 8 à 80 sem passar pelo 40. Estamos perante, não uma monocultura , mas uma solicultura ( neologismo ) desmesurada, cultura solitária ,
pois entre as palmeiras não é possível haver planta alguma contrariamente ao que existia , o que leva os trabalhadores rurais a dependerem exclusivamente dos seus parcos salários.Os pesticidas , os herbicidas e a contaminação dos meios aquáticos também devem fazer parte das nossas preocupações. Encontremos o meio termo nas nossas realizações . O Desenvolvimento se o é, importa , mas não vendemos a nossa alma se é que alguns ainda o têm ,por miragem do Progresso. Um abraço amigo, Caro Chio, as divergências fortalecem o crescer de ideias !
Alcídio Pereira
4 de Setembro de 2013 at 15:57
Caro José de Correia, atrevo-me a tratar-te por tu porque, pelas minhas contas, somos da mesma faixa etária.
Nada tenho contra, nem a favor da Agripalma. Apenas digo que não podemos continuar nesta vida de fazer as coisas pela metade e às “mijinhas”. Há situações em que ou estás à 80 ou então não vale a pena estares. Não há lugar para 40. Ou se faz de acordo com as regras do mercado, ou então esquece. Ou queremos agricultura de plantação, ou não queremos. Não há meio-termo. Não há lugar a hortinhas entre as palmeiras para o trabalhador… esta abordagem é tipicamente roça de fôrro! É bom para sobrevivência (subsistência), mas serve apenas para manter-nos na pobreza latente.
Há fotos antigas da introdução do café e do cacau, que são de arrepiar! Milhares de árvores abatidas (recomendo a reportagem sobre uma missão de botânicos a STP há 130 anos) e substituídas por “eritrineiras”. A natureza recuperou! Séculos antes, a ilha foi quase toda despida para plantar cana-de-açucar (cana não precisa de sombra!) e a natureza recuperou. É por tudo isso que não percebo todo esse “sururu” e “chinfrim” em torno da Agripalma.
Haver opiniões divergentes é salutar e não pode constituir problema. O problema é quando prolongamos as discussões e adiamos decisões importantes, apenas porque temos medo das consequências e das opiniões contrárias.
buterfly
5 de Setembro de 2013 at 20:53
Muito bom de ler gostei, desde q vi a noticia dos burros fiquei muito ofendida nao com a oferta mas sim com o ponto em que chegamos ate se vermos bem a coisa com muita atencao,temos que dar a mao a palmatoria. Quando vejo imagens n youtube da nossa cidade capital sinto aperto n coracao sem palavras aquilo ali, saotomense tem muita falta de imaginacao. parabens pelo artigo continue pq tds os q aqui fizeram um bm comentario querem mesmo ver aquilo mudar de rosto.
Batista de Sousa
7 de Setembro de 2013 at 9:03
Gtrande artigo. Os meus parabens. Não ligues aos comentarios insignificante,são os usurpadores e monte de empata… Infelizmente esta camada ditas dirigentes são maus e ruins só pensam neles: ter carro melhor k fulano casa, mais mulheres e aí vão querer td e não fazem nada que beneficia STP. Tenho saudades do partido ùnico. STP necessita de ditadura já k a democracia veio aumentar gatunos.