«Saliento uma passagem do meu discurso na apresentação do Programa do meu Governo na Assembleia Nacional (1994) que parece não ter agradado aos “liberais”. Disse claramente que não me opunha aos ricos, nem ao seu continuado enriquecimento, mas desde que a sociedade apresentasse pobres ficando progressivamente menos pobres. Declarei ser inadmissível uma situação em que os ricos se tornam mais ricos e os pobres mais pobres, alargando o fosso que os separa.» Dr. Carlos Graça, antigo Primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe.
A democracia enquanto pressuposto doutrinário cujo guias espirituais são os políticos, o imbecil que prova mesmo nos mais catalogados países, nenhum partido da cena governativa resiste ao poder sem que tenha um certo ou total controlo da economia do Estado.
Num recuo ao filme de 1991 com entoar nacional de mudança, os intelectuais do PCD a seguir ao ganho do poder político das ilhas preocuparam-se num primeiro plano em criar um poder económico paralelo que pudesse sustentar aos desígnios do partido e dos seus dirigentes. Muitos cidadãos anónimos entraram em peso no comércio desde que apresentassem o crachá do Partido de Reflexão.
Contas feitas. A Caixa Nacional de Poupanças, instituição credora do Estado faliu com a bandalha financeira e ninguém foi responsabilizado pelo assalto público a repor o dinheiro que prometia o crescimento económico do país ao passo da sua entrada na cena democrática.
Já o surgimento de ADI em 1992 consta da ementa dos seus fundadores a criação de uma fundação de caris humanitário – desavergonhadamente confundia-se com o próprio partido e até a presidência da república – que servisse da retaguarda do propósito partidário. De recordar que as roças e lojas da antiga sociedade comercial Francisco Cabral passaram a pertença de pessoas ligadas ao então presidente da república.
Sem qualquer poder dentro do partido, não tardou que muitos dos responsáveis e fundadores batessem com a porta de ADI ou resignaram-se ao lugar de espectadores conformados na bancada para palmas aos acordos conturbados com a China Taiwan no passado ou com o Kosovo no mais recente para só citar dois cenários.
A família Trovoada regressada do asilo, em 1990, passou ao centro do filme democrático com ascensão a um poder económico muito pouco transparente mas que de tempo em tempo foi exibindo a sua monstruosidade e construindo um castelo que jorra banho ao povo faminto, penosamente, com quadros intelectuais, uns mais espertos que outros, de mãos estendidas na fileira do oportunismo financeiro.
Para sustentar as pretensões eleitoralistas de uma recandidatura presidencial, em 2002, surge o MDFM-PL. Aliás, sem antes o Chefe de Estado cessante, em 2001, numa aposta na continuidade ter pescado Fradique Menezes, o empresário, na sua quinta para ganhar as presidenciais. Deu-se certo mas o casamento durou por pouco tempo.
Alimentado por um empresário controverso no formato de ser e de estar, roga-lhe a clemência popular de ter investido os ganhos da sua astúcia comercial criando empregos no país. Ainda assim, o partido não conseguiu assegurar figuras capazes de manobrar as jogadas da praça. Nas últimas disputas eleitorais, legislativas, autárquicas, regional e presidenciais o MDFM-PL reduziu-se a ruinas com que tem agora as mãozinhas de Pinto da Costa para reavaliar nos próximos embates.
O PCD que aventurando no início numa praça financeira com base económica de figuras fora do espectro directivo, com o passar dos anos e bloqueado de vitória eleitoral desde 1994 – apanha as boleias quando necessárias – viu-se assaltado por um dos seus miúdos feito empresário a sua sombra, a levantar muito alto a voz e tornar-se por mérito privado a imagem poderosa dentro do partido, ditando o jovem todas as regras do jogo.
De alguns anos a esta parte, é recorrente nos bastidores que os dirigentes do PCD comem das mãos de Delfim Neves, o comerciante que se fez homem político investido de muitas controvérsias forçando política a meter dedos nos olhos da justiça em casos insólitos encobertos da imunidade parlamentar. Por conseguinte, o mais novo dos candidatos das presidenciais de 2011 quebrou aos prognósticos arrecadando para si o brilhante terceiro lugar. Piscando as estatísticas, conseguiu uma percentagem superior aos resultados do seu partido nas eleições do ano anterior.
Só quem anda distraído de koêsas di terra ou com o amargo das inconveniências não consegue enxergar. Há muito que nas ilhas, o poder económico passou pernas ao poder político, restando a imprensa e os seus fazedores em distintas facetas sem barafustar aos poderes legislativos, executivos e judiciários darem o contributo necessário no lugar do seu poder.
É assim que o país político, económico e social recebeu de oferta rompante no ano de 2014 uma lista de promiscuidades, que pode vir a ser muito mais diversificada de governantes e ex-governantes, num assobio viral as leis da República.
Aqui surge o espaço para a entrada do MLSTP/PSD na agenda económica do país. Todavia, com a companhia no documentário de ilustres figuras e governantes de ADI que, a margem do interesse público, gozam da protecção partidária no paradigma do empreendedorismo juvenil.
O envolvimento do cidadão no crescimento económico do país, do círculo do MLSTP/PSD vem a tona nomes de camaradas da democracia que apoderaram de parcelas das antigas roças. Entretanto, não é visível os ganhos ou sucessos na área e pelo meio não faltam histórias mirabolantes. Os dividendos da terra não são imediatos e obrigam ao trabalho em consonância com uma gestão criteriosa e socialmente vantajosa dos recursos humanos.
Os democratas abastados na saga continuaram preocupados no encaixe aos lugares cimeiros das instituições e dos projectos do Estado, sem se darem conta de que a luta interna na repartição de vantagens ou colados a figura de Pinto da Costa, não era o suficiente nas torneiras do petróleo em vista.
O jogo político das ilhas reclama que o partido tem de fabricar um líder de gabarito económico caso os sociais-democratas não pretendam assistir ao filme no camarote. O nome de Fernando Maquengo, o actual ministro de Obras Públicas, Infra-estruturas e Recursos Naturais que também tem empresa privada quanto o seu antecessor, a sociedade comporta figuras e dirigentes da família partidária numa demonstração da tese de demanda público-privado numa corrida contra-relógio.
A feira negocial, ao céu aberto ou não, até a outra anda animada por Fradique Menezes/MDFM-PL, antigo Presidente da República, Patrice Trovoada/ADI, ex-Primeiro Ministro e Delfim Neves/PCD, ex-Ministro com alguma partilha do lugar com “Bano” Prazeres, antigo Presidente da Assembleia Nacional a jogar todos no controlo da agenda do país ao ponto dos resultados eleitorais serem, imoral e criminosamente, assumidos na primeira pessoa: ganhei as eleições porque tenho mais dinheiro que ele.
A luta no MLSTP/PSD ainda vai ao meio da procissão. Então, que surge uma figura conotada nos últimos tempos de homem com cacau de propalados investimentos privados no país e além-fronteiras a tentar de volta a assumir ao controlo do partido.
Rafael Branco que se afastou da liderança partidária aquando da derrota eleitoral de 2010, há dias, tentou sem sucesso ao assalto do partido e saiu por aí. O camarada Branco, um malabarista experiente, tem na consciência como ninguém que o terreno não lhe é nem de longe favorável por mais que a ambição lhe cante alto. Num período pré-eleitoral, Pinto da Costa precisa de um MLSTP/PSD que não deve fugir ao seu controlo. É certo que na política o casamento com o diabo, faz parte do jogo circunstancial.
Nesse andar da caroça os sociais-democratas vão ao caminho de passar cheque em branco a Pinto da Costa – sem massa no mercado, mas com permeabilidade nas fontes financiadoras – para liderar o partido. Não é a primeira vez.
O Presidente da República conta com um aliado matreiro. Vem do tempo do XIV Governo o namoro de Patrice Trovoada com a assessoria de um estadista africano para um consenso com o actual Chefe de Estado. Na voz do presidente lunar de ADI, numa travessia geracional, os dois deviam conduzir o país a um regime democrático de mando presidencial.
Luto. As ilhas perderam na última sexta-feira, uma mulher da democracia. Aos 64 anos o relógio do tempo parou no último dia de Janeiro a vida de Didinha, a Presidente do povo.
No comungar de dor e de luto, em nome pessoal, apresento as mais sentidas condolências aos familiares de Fernanda Azevedo Margato, a antiga presidente do município da capital de São Tomé e Príncipe, a Câmara Distrital de Água Grande.
José Maria Cardoso
06.02.2014
zeme Almeida
7 de Fevereiro de 2014 at 3:30
Jose Maria Cardoso aí está o resultado do partido histórico MLSTP com a qual o senhor tanto denfende de garras e unhas.Agora já nos deu a entender que muitos que ali militam só querem enriquecer-se a custa do povo?Haver vamos.Deus nao dorme
Caquí
7 de Fevereiro de 2014 at 23:25
Toda gente sabe qual é o partido que Zemé defende com unhas e dentes. É também um punhado de pessoas nas mãos de uma das pessoas mais maléficas que passarm neste país. Se é pessoa de bem não empurra esta terra para as mãos do Patrice outra vez. Ajuda a acabar com as manhas da política. Não vem atacar uma miséria para trazer outra asneira para nós, não.
tudo o vento levou!...
8 de Fevereiro de 2014 at 19:39
Mlstp em queda livre!…
A fome junta a vontade de comer….
por tudo que fizeram a este povo ao de pagar !…
nunca se esquecam que Deus escreve firme nas linhas torta …
Tenham calma !…
Estamos perante o principio do fim….
A justica Divina tarda mas nao falha…
Le di Alami
7 de Fevereiro de 2014 at 8:13
Tudo e devido o sistema, seja MLSTP/PSD, ADI, PCD, FRENTE, MDFM/PL e muitos e muitos mais, existira sempre a desordem social.
incrédulo
7 de Fevereiro de 2014 at 8:21
MLSTP está acabado devido guerra interna de poder.
Uns que já foram presidente do partido em épocas de vacas gordas e perderam eleições, agora querem destruir aqueles que os ajudaram naquela época.
É preciso muito descaramento!
É por isso que Rafael Branco foi expulso do partido dos camaradas.
H. Borges
7 de Fevereiro de 2014 at 8:44
Já imaginava que este discurso inicialmente destrutivo para outros partidos nomeadamente ADI e PCD iria acabar com a projeção de um MLSTP menos diabólico que os outros partidos todos. Convenhamos senhor Cassandra, não venha com discurso moles em relação aos horriveis males que o MLSTP tem causado a nossa jovem democrácia, até aprece que a culpa dos nossos males é apenas do ADI, familia Trovoada ou do PCD. Tenham vergonha e sejamos sinceros e honestos. Todo mundo sabe quem verdadeiramente tem afundado este país cada vez mais, pois os protagonistas são sempre os mesmos…
Safú Zédo
7 de Fevereiro de 2014 at 9:22
Caos, Caos, caos foi o que alertou o Patrice Trovoada chefe do XIV governo Constitucional, eleito pelo povo Santomense. Quiseram fazer política com dramatizações de toda a ordem. Mas certo é que a verdade por mais que tarda, há-de vir a tona! E hoje tudo isso não é caos??!!! Foram palavras de alerta de um grande político! E não foi por falta de aviso!! Mas por obsessão do poder, do enriquecimento fácil, tudo fizeram para derrubar o governo. E agora?? Mas enfim… Sabemos que estamos a perder cerca dois anos com prejuízos incalculáveis, mas este dia vai chegar! Temos que por um ponto final nisto tudo. Viva STP.
Fókótó
7 de Fevereiro de 2014 at 12:14
Meu caro,
Não te iludas ou melhor não enganes os outros, porque o caos, caos, caos e mais caos proferidos pelo Patrice era praga e um desejo obstinado de desgraça para este Pais. O tipo é mau e não tem qualquer apreço pelos Santomenses. Ele só pensa em STP para fazer seus negócios obscuros sobejamente provados.
Ninguém ignora que num País , de tempo em tempo, haja problemas de ordens vários, ora políticos, sociais , financeiros, justiça etc.
A Bíblia prevê tudo isso.
Mande o Patrício ir descansar no seu País donde ele nunca deveria ter saído para atazanar a vida pacata dos Santomenses
Dias
7 de Fevereiro de 2014 at 15:47
não faça de ignorante. o caos era precisamente isso. ele já conhecia os protagonistas e a desgraça e retrocesso que iriam trazer ao povo e ao país. Portanto deixe de fingimentos e encara a realidade.
Martelo da justiça
9 de Fevereiro de 2014 at 15:18
Infelizmente devo-lhe dizer que o Patrce Trovoada tambem faz parte dessa classe politica que não é desejável para São Tome e Principe,se tivermos em conta a forma pouco seria e poco clara que dirigiu o Pais, com muitos casos por esclarecer até agora-
leve Leve
7 de Fevereiro de 2014 at 10:18
Meus caros,
Temos que escolher uma definição mais adaptada para os partidos políticos.
Centro Comercial de refúgio, enriquecimento fácil, aldrabices, corruptos e boa vida.
Ou vai ou racha
7 de Fevereiro de 2014 at 11:11
Esse partido dos oportunistas já não enganam a ninguém. Um Partido que não arrumar a sua casa, e os seus provavelmente não conseguirá governar um País.Esse MLSTP, deveria desaparecer da sena política santomense. Bandos de bandidos e aldrabões, que só reapareceram devido a mão de um dos seus, ainda que disfarçado Pinto da costa.
Ou vai ou racha
7 de Fevereiro de 2014 at 11:16
Erro: Não sabe arrumar…
Coboiada
7 de Fevereiro de 2014 at 11:33
Eu nem estou preocupado com isso, porque não tenho o que comer hoje…. Eu quero saber quando é que sai salário dos professores… porque preciso dar de comer à minha familia…
zeme Almeida
7 de Fevereiro de 2014 at 13:35
Oh senhor fokóto quem o senhor quer enganar?Nao estamos perante um caos?Um País onde nao se acata as ordens judiciais,instabilidades governativas,nao é caos?Fique quieto!Se o senhor está bem da vida que o Deus abencoe.