Opinião

Clima de Terror

Ouve-se com certa frequência o estribilho isso é costume do Povo. Por outro lado ouve-se também isso não é do santomense.

Ocorre então perguntar: mas o que é o costume, como nasce essa individualidade, qual é enfim a sua origem?

Os antigos diziam que o costume é tacitus consensos populi longa conseutudino inventeratus.(Consenso tácito popular num determinado momento) Porém, esta definição visa o costume no momento em que já se tornou um tácito consenso do povo, mas não remete à sua origem longínqua.

O certo é que tudo que foi inventando tem a sua origem. A origem do costume reside na prática repetida de atos que não chocam ou deixam de chocar os sentimentos e as ideias coletivas, acabando por ser aceites e essa prática generalizada em virtude da natural tendência de imitar.

Todavia, o fato de tais atos não colidirem com os sentimentos e as ideias de determinada sociedade, não significa que a regra costumeira seja a melhor e a mais conveniente, mas antes ela é o índice do grau de civilização dessa sociedade. Com efeito, à medida que o grau de civilização evolui, certas regras consuetudinárias vão morrendo, enquanto outras vêm retomar o lugar das primeiras, e assim sucessivamente, dando-nos a ideia dum organismo que se renova.

A esta renovação não deve ser estranha a lei que é ditada por aqueles que atingiram um mais elevado nível cultural e sabem por conseguinte distinguir entre os costumes nocivos à sociedade, que dirigem e governam, e aqueles que convém manter intatos na sua pureza, porque devem constituir a estrutura moral da sociedade, atribuindo-lhe, uma personalidade que a caracterize em confronto com outras sociedades.

É a própria Lei que mantém e defende o património moral da Nação, reportando-se aos costumes reguladores de certos ramos de atividade. É esta a doutrina defendida pela nossa Constituição, que no seu artigo 10.º, alínea b), advoga a promoção do respeito e a efetivação dos direitos pessoais, económicos, sociais, culturais e políticos dos cidadãos.

S. Tomé e Príncipe é apelidado de Ilhas Maravilhosas, com um povo humilde e hospitaleiro. Nos últimos tempos verifica-se a existência de costumes nitidamente contrários à moral que se pretende manter e que são a negação da ordem jurídica santomense. Não se compreende a perda de valores mais elementares que deve reger a vida das pessoas na sociedade.

É triste verificar cidadãos imbuídos de má-fé a assaltarem turistas e banhistas nas praias privando-os dos seus haveres, dos seus documentos, dos seus objetos pessoais, coisas que não coadunam com a nossa forma de ser e de estar.
O santomense só usa máscaras no tlundu (carnaval) e as tira à noite.

Hoje, a máscara é usada por alguns malfeitores para assaltarem residências, raptarem e violarem senhoras. Outros até têm a coragem de vandalizar património cultural. Estes e outros costumes nefastos constituem verdadeiros crimes puníveis por lei.

A nossa Constituição estabelece no artigo 21.º, Deveres e Limites aos Direitos, que os cidadãos têm deveres para com a sociedade e o Estado, não podendo exercer os seus direitos com violação dos direitos dos outros cidadãos e desrespeito das justas exigências da moral, da ordem pública e da independência nacional definidas na lei.

Combatamos, pois, esses costumes nefastos, saiamos desse marasmo, desta indiferença. Façamos alguma coisa, para que o PAÍS não esteja entregue à sua sorte e que possamos gritar bem alto e com legítimo orgulho que as Ilhas Maravilhosas têm um povo humilde e hospitaleiro.

Jerónimo Salvaterra

8 Comments

8 Comments

  1. HELDER SANTOS LIMA

    14 de Janeiro de 2016 at 1:15

    Muito bem, gostei dessas palavras fortes de objectivas, mais cabe aos Governos por em pratica um planos rigido para acabar com esta ondas de crimes e violacao de mulheres no Pais. O Pais ja e pobre mergulhado na divida, mais sempre foi um Pais de respeito e pessoas dignas , por favor nao deixem esses valores acabar. a justica tem que ser dura com esses criminosos.

    • MandelaX

      14 de Janeiro de 2016 at 9:27

      Tem que ser “rigida” o seria com todos os “criminosos”, a começar pelos “criminosos” de cima, para dar exemplo.

  2. Flor

    14 de Janeiro de 2016 at 12:20

    Não se acredita que o país ficou assim nesta situação. Enfim.

  3. hamilton castro

    14 de Janeiro de 2016 at 20:33

    Isto é o Dubai que queremos constrói.

  4. Camarada Hone

    15 de Janeiro de 2016 at 18:36

    Esta forma de justica nao serve nos paises subdesenvolvidos mesmo portugal que a democracia esta mais consolidada isto nao resultou. Os denliquentes devem ser castigado siveramente. Cortar o mal pelo raiz.

  5. seabra

    18 de Janeiro de 2016 at 10:50

    Senhor Salvaterra,é com um enorme prazer que li o seu excelente artigo… Saboriei as suas lindas palavras…um regalo!
    Mas o facto é que os dirigentes,os que deviam ser o exemplo do país,do pm acompanhado dos seus “kapangas” ,São os primeiros vadios-vagabundos-ladrões de STP…os corruptos distintos,que têm estado a despejar tudo que possui e pertence ao Estado e ao Povo,para o uso pessoal destes bandidos do PT,AV,Abnilde,Agostinho,JD e Co. Há um proverbio que diz “se o pai é alcoólico os filhos terão o mesmo síndroma…em todo o caso, sairão com uma anomalia”. O mimitismo é de rigor,se os políticos que governam roubam,por que razão é que os outros não o farao? E por cima,não São apoguentados pela justiça…eis porque eu também posso fazer. Até porque,eles têm um bem estar ,vivem confortavelmente,têm boas casas,boas comidas,bons carros,estão sempre a viajar…eu não tenho nada,porque razão Vou-me privar nó meu próprio pais,ora que muitos que não São da terra vivem bem e nó luxo! “é a ocasião que faz o larrao”

  6. ADI-ARROZ SUJO

    18 de Janeiro de 2016 at 17:01

    Parabéns Salvaterra, por ter colocado dedo na ferida! Não será exagero afirmar que esta onda de vandalismo, criminalidade e perda de valores morais e éticos que se assiste ao nível da sociedade santomense, onde nem mesmo os estudantes do ensino liceal escapam as malhas de quadrilhas, revela claramente que estamos cada vez mais próximo do DUBAI do PATRICE TROVOADA e das reformas anunciadas pelo PADRE OLINTO e o GOVERNO de faz parte!

  7. Alfredo Gentil

    19 de Janeiro de 2016 at 12:14

    Os meus parabéns Jerónimo, pelo texto bastante elucidativo sobre a baderna que se tornou o país a todos os títulos.
    O mais vergonhoso e inadmissível em democracia é ver na TVS activistas do ADI no Programa Há Tarde a insultarem os telespectadores com campanha descarada do Partido no Poder.
    Convenhamos, STP bateu no fundo.

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