Espero que esteja bem de saúde. É sobre o vírus corona (COVID-19) que pretendo falar-lhe. Procuro por palavras cuidadosas para não passar uma ideia de se tratar de mais uma crítica “gratuita” das redes sociais. Pretendo somente deixar a opinião preocupada de um cidadão como tantos outros que têm procurado participar neste debate.
Senti apelo em fazê-lo depois de ver uma notícia fotográfica postada no Facebook (não sei se oficial!) sobre a audiência que o Senhor primeiro-ministro concedeu, suponho que esta manhã, no palácio do governo, às responsáveis das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde no país. O registo fotográfico do encontro não sugere tratar-se de uma reunião sobre uma eminente emergência no país. Imaginava-a a ter ocorrido num outro fórum e com participação mais alargada de responsáveis políticos e técnicos.
Senhor primeiro ministro, parece-me evidente que o país vive um clima de normalidade e com a vida a calcorrear as suas lides quotidianas com tranquilidade.
Atendendo ao que se tem passado, sobretudo nos últimos dias, em particular com os efeitos da propagação do vírus corona (covid-19) no continente europeu, podemos estar na iminência de ser postos à prova.
A questão do “deve-e-o-haver” sobre o que já devia ter sido a atuação das autoridades políticas, não é o objecto da minha opinião. Estou focado no momento presente porque é sobre ele que temos de actuar com a toda a força, inteligência e determinação. E o presente ao que me parece, apresenta-nos dois cenários. Um indesejável e outro desejável.
Cenário indesejável- termos já pessoas infectadas cujos sintomas ainda não se tenham manifestado ou cujos resultados de testes não tenham ainda chegado..portanto o vírus estaria em contínua e silenciosa propagação (sequer se é cientificamente plausível);
Cenário desejável- Não existir efetivamente qualquer infectado no país.
Em qualquer dos cenários, a exigência de um plano de acção (ou contigência, como tem sido corrente) é “exigida”. No primeiro caso (indesejável), para permitir desencadear, com efeito imediato, uma cadeia de acção, actividade de planificação, de medidas políticas e demais dispositivos de intervenção governativa para responder ao problema.
E noutro, mantendo o nível de preparação para o cenário indesejável já mencionado, acautelar para que o vírus não entre no país – e aí, o controlo de fronteiras é seguramente a principal variável de controlo de uma tal reflexão. É muito delicada. Somos ilhas e, portanto, há implicações económicas, sociais, políticas. Quanto mais não seja porque importamos quase tudo, incluindo medicamentos e meios técnicos de que não dispomos para responder ao desafio.
Esta empreitada, ao que se tem dito pelo mundo fora, sem precedentes, do modo como vejo, não deve ser gerida, influenciada ou perturbada pela profusão de palpites bem-intencionados de profissionais de saúde de “sala de espera” (onde eu me incluo). Aliás há mesmo uma petição online a exigir esclarecimentos do Governo sobre a situação. Mas muito antes mesmo desta petição, já nos findos de Janeiro deste ano, lembro-me que a cidadã Lara Beirão já ter publicado e circulado um apelo estruturado sobre o assunto nas rede. E os alertas foram-se multiplicando pelos espaços sociais e pela rede ao longo dos dias, semanas e meses.
Portanto, a minha expectativa é de que nos próximos dias, venhamos a ter novidades firmes da sua própria voz sobre os seguintes pontos vón-vóns (assim lhes chamo por serem de um leigo numa “sala-de-espera”):
⦁ Primeiro: a criação dum comitê de coordenação de crise do corona sob sua supervisão directa e com coordenação técnica e operacional do Senhor ministro da saúde (profissional com vasta experiência no sector da saúde em STP e em quem deposito toda a confiança), e que vá informando regularmente o país sobre a situação;
⦁ Critica: analisar, avaliar e decidir sobre a questão das condições de entrada de pessoas vindos da europa ou outras paragens já afectadas pelo virus (nacionais ou não);
⦁ Trabalhar para uma desejável solução local ou a alternativa de maior rapidez para a realização dos testes – até nos Estados da América, a Administração do Presidente Trump está a ser criticada pela não existência de um sistema massificado de testes.
⦁ Activar uma permanente campanha de comunicação, educação e sensibilização sobre os riscos e os cuidados a ter;
⦁ Avaliar das condições de infraestruturas e equipamentos de cuidados para lidar um cenário de gravidade máxima;
⦁ Havendo necessidade de convocar quadros de saúde na diáspora, estou seguro de que estarão disponíveis a apoiar.
Não pretendi que fosse um menu exaustivos de medidas técnicas, porque não as sei. Em todo o caso, partilho aqui a opinião do José Manuel Fernandes, um conceituado jornalista português do jornal online Observador, sobre como a Europa e Portugal terão falhado por não se terem preparado para a chegada do corona.
Se nada do que aqui propus venha a ser necessário, porque i) afinal o vírus terá atendido as preces do nosso Santo Tomé, e nos tenha poupado à sua passagem por cá, ii) já estavam em marcha todas as medidas críticas, e portanto as minhas sugestões foram extemporâneas, ficaria sempre a consolação de termos feito o melhor que pudemos.
Estou certo de que se pusermos o nosso melhor colectivo ao serviço da nossa sobrevivência – foi de sobrevivência humana que falou seu homologo português na declaração que fez aos portugueses na semana passada-, apesar da “água-mato” de constrangimentos, problemas e dificuldades, havemos de vencer o corona.
Estou convencido que o país vai responder com responsabilidade, entreajuda, solidariedade e disciplina.
A sua liderança vai estar à prova. Espero que saiba abrigar o contributo e disponibilidade de toda a sociedade. Incluindo se necessário, a disponibilização recursos humanos, materiais e financeiros para os próximos tempos que podem ser excepcionais para nós. Eu estou disponível.
Emissor: Luiselio Salvaterra Pinto
OPS:
Este sms vai também em cc para a Presidência da República e para a Assembleia Nacional, enquanto órgãos de soberania que devem estar articulados neste processo
Patrício Almeida
18 de Março de 2020 at 0:46
Autêntico Copy Paste. É isso que já nos afundou no passado: Copy Paste dos que os outros fizeram. Devemos pensar com base na realidade santomense.
Abraço.
Maria Alberta
18 de Março de 2020 at 7:56
O coronavírus é uma vingança da natureza para com os homens na terra. Fundamentalmente uma vingança da natureza contra as ditas grandes potências mundiais.
O Coronavírus matou até agora cerca de 8000 pessoas. Porque uma parte importante destas pessoas são provenientes destas potências, nomeadamente, União Europeia, China, Estados e outros por isso é que o mundo encontra-se agitado.
Pergunto então. Quantas pessoas entre elas crianças estão sendo mortas todos os dias na Siria com bombas fabricadas na Europa, China, Estados Unidos e Russia. Já morreram mais de 500.000 mil pessoas e nunca houve pânico nenhum. Todos nós assistimos de forma pávida e serena sem dizer nenhuma só palavra porque estas coitadas de crianças não são nem europeias nem americanas.
O Senhor Sarkozy juntamente com a União Europeia e os americanos, assassinaram o Presidente da Líbia, Kadhafi e hoje milhares de crianças que viviam em paz e prosperidade, estão a ser massacradas todos os dias com milhares de mortos e fome. Nós todos assistimos de forma pávida e serena sem dizer nada, porque estas crianças não são nem americanas nem europeias.
Os Estados Unidos de América matam todos os dias milhares de crianças em Afeganistão, Iraque e nos outros países do mundo. Este país fez explodir uma bomba chamada mãe de todas as bombas e matou milhares de crianças e seres inocentes. Ninguém disse nada, por não serem crianças europeias nem americanas.
O Israel bombardeia e mata milhares de crianças palestinas todos os dias, inclusive, bombardeou escolas das Nações Unidas cheio de crianças e matou e mata milhares todos os dias. Ninguém diz nada porque não são crianças europeias nem americanas.
As Nações Unidas cujo nome apropriado deveria ser Estados Unidos ou Nações desunidas, está em letargia dormindo sono profundo à décadas. Só sabe protestar quando algo prejudique europa ou Estados Unidos. De resto não faz nada. São um grupo de indivíduos a defenderem os interesses das potências e a defenderem os seus próprios interesses pessoais. Esta organização deveria merecer uma grande reforma ou desaparecer, pois ela não está a fazer nada em prol dos menos protegidos que são as crianças indefesas.
Por tudo isto, digo, Muito Bem a vingança da Natureza. O Coronavírus poderá desaparecer mas se continuar esta desonestidade das grandes potências contra os mais fracos, a natureza irá fazer aparecer mais dezena e milhares de coronavírus como vingança dos mais fracos para com os ditos mais fortes.
Obrigado Mãe Natureza
Santomense de olho aberto
18 de Março de 2020 at 15:02
”Maria Alberta” e quem se esconde atrás de si, pare de espalhar essa estúpida litania. As verdades que você diz são esmagadas pelos disparates que tosse pela boca fora. Agentes provocadores.
Ralph
19 de Março de 2020 at 23:28
Bem dito. Os países ocidentais devem ser culpados por muitas injustiças infligidas ao mundo em desenvolvimento, mas isto não é uma dessas situações. Esta é uma verdadeira pandemia de escala mundial que está a afetar todos nós de forma brutalmente igualitária e tem de ser enfrentada como tal, sendo todo o mundo unido para lutar contra o espalhamento do vírus.
Luiselio Salvaterra Pinto
8 de Junho de 2020 at 14:42
Maria Alberta, os comentários que aqui faz levam-nos a um fórum de conversa. Os seus, são ponto válidos. Abraço
Santomense de gema
18 de Março de 2020 at 11:38
Boa, Luisélio! Um artigo lúcido e oportuno. Well done.
Luiselio Salvaterra Pinto
8 de Junho de 2020 at 14:43
Obrigado pelo comentário. Abraço